Daniel Curi diz que equacionou dívida de R$ 600 mi e fará o mesmo no Santos
O UOL Esporte segue hoje (10) com a série de entrevistas com os candidatos à presidência do Santos para o triênio 2021-2023. A eleição está marcada para o próximo sábado (12).
Na quinta entrevista da série, o candidato Daniel Curi, da "Chapa 6 - Santos da Virada", respondeu às perguntas da reportagem — que serão padrão para todos os postulantes ao cargo. Fernando Silva, da chapa 1, Ricardo Agostinho, da chapa 3, Andrés Rueda, da chapa 4, e Rodrigo Marino, da chapa 5, já falaram com o UOL Esporte.
Curi lembrou que já lidou com dívidas altas como as enfrentadas pelo Santos hoje. O candidato geriu a Santa Casa de Santos que estava em crise e, segundo ele, tinha R$ 600 milhões em dívidas. Curi quer usar essa expertise para equacionar também as dívidas santistas.
Confira a entrevista com Daniel Curi:
UOL Esporte: Como a chapa pretende pagar as dívidas do Santos? É possível desbloquear o clube na Fifa a curto prazo?
Daniel Curi: Tenho muita experiência em renegociação de dívidas. Apontar as prioridades em um cenário de crise financeira. Saber o que deve ser pago em primeiro lugar, o que pode ser discutido e renegociado por exemplo. Na atual situação do clube esse conhecimento pode ser um diferencial importante e vital para o Santos voltar a ser o Santos, e não um clube que deve por todo o mundo e não da satisfação a ninguém, como é hoje. Toda dívida é administrável. Tenho atuado junto a diversas empresas e vejo isso. Por exemplo, repare o trabalho que fizemos na Santa Casa de Santos, sob comando do meu candidato a vice-presidente, o provedor Ariovaldo Feliciano, um dos principais contadores da região. Um trabalho de reconstrução que transformou a Santa Casa em referência de qualidade de gestão. O Ariovaldo tem me ajudado muito, é sócio do Santos há mais de 5 décadas e tem analisado nossos balanços e é possível fazer mais com menos na Vila. Basta ter conhecimento, qualidade e competência. Além do Ariovaldo temos outros grandes santistas envolvidos e conhecedores que irão colaborar para colocarmos o Santos nos eixos. Vamos procurar os clubes que acionaram a FIFA e buscar equacionar da melhor forma esses débitos. Vamos criar novos produtos e aumentar as receitas do clube. O detalhamento das ações técnicas de administração e finanças que faremos está em nosso Plano de Gestão que pode ser conferido neste link http://sites.gratis/qr/uow51.
UOL: Passa pela cabeça da chapa realizar empréstimos pessoais a juros 'zero' ao clube para sanar dívidas?
DC: É como muito bem colocou Andres Rueda no debate entre os candidatos em 2017. Não existe almoço grátis. E nunca vi empréstimos sem juros no Santos. Uma coisa é você emprestar dinheiro ao clube e pagar uma dívida criando outra. Outra coisa é renegociar a dívida. Não vamos criar novas dívidas. Mas pagar as existentes com novas receitas e parcelamentos. Não existe fórmula mágica e nem salvador da pátria. Essas uniões entre santistas de diversas tendências deu nessa gestão Peres e Rollo. A união não pode ser "pelo Santos" mas "Para o Santos", unir em prol do clube. Não entendo como o Rueda de 2017 mudou de opinião para o de 2020 tão rápido. Opinião não se muda com tamanha rapidez. Nossa chapa é a única pura e que tem os únicos candidatos com expertise em negociar dívidas: Eu e meu vice Ariovaldo Feliciano. A única chapa com case de sucesso de recuperação financeira e administração de crise, que foi o que fizemos juntos na Santa Casa de Santos.
UOL: Qual é o projeto para as categorias de base? O que pensa sobre as mudanças feitas recentemente por Orlando Rollo, com a contratação de ex-jogadores com identificação com o clube, mas pouca experiência, para os cargos de treinador?
DC: Um dos alicerces de nossa campanha é a Identidade. Por isso vemos com bons olhos a contratação dos ex-jogadores para atuar no Departamento Técnico da Base. Impressionante como a Base estava desorganizada e destroçada. Vamos dar total atenção, trazer os ex-jogadores identificados com o Santos de volta a esse departamento. Não dá pra mandar embora nomes como Clodoaldo, Abel, João Paulo, Juari, Nenê e entregar o descobrimento de talentos do Santos para gente que pode ser bom tecnicamente, mas não tem identidade com o clube. São pessoas que virão, farão seu trabalho e irão embora sem compromisso com legado. Nossos ídolos tem história aqui e o mercado sabe que aqui os jovens têm vez. Vamos deixar claro novamente ao mundo a vocação de formador de futebolistas do Santos FC. Para isso vamos direcionar todos os principais investimentos do clube para a Base. É garantir o futuro para salvar o presente. A estrutura da base está frágil. Precisamos de um novo CT para ampliar a capacidade de treinos e times. Vamos ampliar a capacidade de produção de nossa usina de talentos que é a base do Santos FC. Um CT de fazer inveja a todos os adversários e que vai atrair todos os jovens talentosos do Brasil e do mundo que querem aprender o futebol mágico do Peixe.
UOL: Quais são as metas esportivas para o triênio?
DC: Meus sonhos para o Santos são os mesmos sonhos de todo santista. Minha emoção sonha em fazer o Santos campeão do mundo de novo! E não só no futebol principal, mas em todas categorias e modalidades. É o meu desejo e de todo o santista. E posso garantir a todos que nosso grupo vai se empenhar ao máximo para esse sonho ser realidade. Mas minha razão alerta que o trabalho principal será sanear com austeridade e competência o clube, e deixa-lo redondo para continuar sendo o maior do mundo. Posso garantir que minha razão irá completar sua missão. Já minha emoção não depende apenas do meu esforço individual e do nosso grupo. Mas sim de todos os santistas.
UOL: Entre montar um time forte apostando em ganhar títulos para pagar os gastos e ter um time mais fraco que fique dentro do orçamento que o clube prevê, qual o candidato escolheria?
DC: É possível fazer os dois. É totalmente possível termos uma equipe competitiva e uma política de austeridade. Fazer mais com menos. O Santos já teve o melhor custo benefício do Futebol brasileiro, sendo o clube que gastava menos com o futebol e conquistava os melhores resultados. Dá pra fazer. É preciso também ter políticas administrativas claras, do clube, e não do treinador do momento. Queremos ter em média 70% do elenco oriundo da base ou com identificação com o clube. Isso é vital. Queremos trabalhar com teto financeiro salarial e de benefícios, que todo treinador e dirigente de futebol têm que cumprir. Queremos também oficializar um modelo de jogo, obviamente com variáveis, mas que quem assistir ao jogo do Santos saberá, pela maneira envolvente e alegre do espetáculo apresentado, que é o clube mais famoso do mundo, casa do Rei do Futebol, em campo. Não é iludir, mas gerir. Uma boa gestão pode entregar resultados eficientes gastando menos.
UOL: Como aumentar o número de sócios? Qual é o projeto da chapa para o programa Sócio Rei?
DC: Primeiro é criar uma estrutura interna para gerenciar os programas de sócio. Desde que entrou CSU, Redegol e a atual os serviços aos sócios caíram demais. Quero criar essa estrutura dentro do clube. E precisamos fazer um grande recadastramento, algo que não é feito desde 2005. Pretendo também criar a modalidade Santista de Todo o Mundo, para torcedores de outras nacionalidades se associem, algo que hoje não é permitido. Vamos acertar nosso quadro social pois é nosso maior patrimônio e merece cuidado, qualidade de atendimento e principalmente, carinho e atenção de sua direção. Para aumentarmos é simples. Basta oferecermos serviços reais aos sócios. O Santos precisa sair da era analógica e entrar na era tecnológica. Essa atitude pode trazer mais receitas e proporcionar atendimentos mais eficientes aos sócios.
UOL: Como gerar mais renda em meio aos desafios da pandemia?
DC: Como estava dizendo na resposta anterior. Ampliando as receitas diretas e indiretas e criando novas fontes de renda. A Covid-19 é uma oportunidade pro Santos desenvolver novas modalidades de produtos. Temos o projeto Santos Tec e vamos buscar fontes de receitas novas que usem o digital como ativo principal. O streaming é uma oportunidade única no futebol de investimento em especial de geração de conteúdo exclusivo para seus consumidores e torcedores. O consumidor hoje é real time. Se o time está bem, quer comprar produtos do clube imediatamente. O Santos hoje não está preparado para este consumidor e perde receitas por isso.
UOL: O que pensa sobre a nova Vila no projeto com a WTorre. Onde o Santos jogaria durante a construção nos dois cenários: durante e após a pandemia?
DC: Só vermos a experiência do Corinthians e ver que Estádio tem que ser bem planejado e pensado, como é o Allianz Park. Se tiver um investidor que garanta o clube, acho que devemos pensar em estádio. Se não tiver, a atual situação do clube, financeira e administrativa, não permite esse tipo de extravagância. Sua pergunta é interessante. Fiz recentemente uma reunião com membros da Torcida Jovem preocupados com a elitização do espaço. O assunto está em debate no Conselho e vamos manter espaços para valorizar o torcedor de arquibancada raiz. O Santos merece uma arena como a da WTorre e se todas as garantias e contrapartidas forem dadas ao clube sou favorável. Vamos também fazer promoções e dar atenção de verdade ao marketing do jogo. Precisamos ampliar e melhorar o match-day, promovendo experiências de verdade aos torcedores que vem aos nossos jogos. Com o covid-19 temos tempo para implantar um retorno aos jogos com mais experiências. Pretendemos conversar com a Prefeitura e aproveitar melhor o entorno da Vila Belmiro com mais atrações antes e depois dos jogos. Algo semelhante as experiências existentes nos diversos esportes dos Estados Unidos como a NBA. Durante a pandemia, podemos mandar jogos em Ulrico Mursa. Quando liberarem o público tem muitas opções em São Paulo para mandarmos nossas partidas. Importante lembrar que a princípio a WTorre pede que os mandos aconteçam no Allianz Parque, de propriedade da construtora. Mas estamos ainda na fase de propostas e essa não é uma obrigação contratual.
UOL: O que pensa sobre o trabalho de Cuca e seria ele o técnico caso o candidato seja eleito?
DC: O Cuca tem feito um trabalho muito bom no Santos. A decisão de sua permanência vamos tomar junto com nosso Supervisor de Esportes e nossa equipe que irá atuar no futebol no momento certo. Mas precisamos reconhecer a importância e a qualidade do trabalho apresentado por ele no Santos.
UOL: Quais os planos para cargos altos como a Gerência de Futebol? É mandatório que tais profissionais tenham identificação com o clube ou o candidato é a favor da contratação de profissionais de mercado mesmo que não tenho identificação?
DC: A Identidade é um dos alicerces de nossa campanha e queremos sim profissionais de mercado, mas identificados com o Santos. Queremos ter profissionais dentro e fora do campo que não restam dúvidas que estão se empenhando pelo clube, pois além de competentes tem identidade alvinegra. O que levou o clube a bancarrota foi a troca de profissionais identificados com o Santos, até mesmo ídolos de dentro do campo, por gente sem identidade, com formação em outros clubes, sem compromisso com o Peixe. A falta de identidade gera falta de compromisso com o resultado final. Queremos um time, dentro e fora de campo, compromissado com os melhores resultados para o Santos FC.
UOL: O que o candidato pensa sobre clube empresa? O Santos pode se tornar um? Seria vantajoso?
DC: Olha, não acredito. Não vejo o Santos com um dono. O dono do Santos somos todos nós associados. Difícil ver alguém proprietário do Peixe. Existem vários exemplos de Clubes que viraram empresas e deram errado no Brasil, como o União São João de Araras, que nem existe mais. E poucos que deram certos como o Audax. É preciso que essa decisão seja bem discutida, mas não sou favorável a transformar o Santos em S/A. Não faz parte de nosso plano de gestão!
UOL: Quais os planos para o CT Rei Pelé e, principalmente, o CT Meninos da Vila das categorias de base?
DC: Os Centros de Treinamento precisam mesmo de uma atenção. Pretendemos procurar o Governo Federal e equacionar de verdade a questão do CT Rei Pelé, fazendo valer as responsabilidades e contrapartidas do Santos e, caso necessário, fazer uma proposta de aquisição do terreno. Quanto ao CT Meninos da Vila, vamos fazer uma recuperação do espaço, deixa-lo digno do Santos. Importante destacarmos que, conforme falamos em respostas anteriores, temos a intenção de termos mais dois CTs ainda nesse triênio que estão previstos em nosso Plano de Gestão: O CT Rainha Marta, no campo da Abrescas ao lado do CT Rei Pelé erguido em parceria com a Santa Casa de Santos e um novo CT para a Base, em terreno na Baixada Santista que estamos avaliando o melhor espaço.
UOL: Por que o santista deve votar em você? O que te faz estar preparado para esse cargo?
DC: Primeiro e principalmente porque não é meu nome que vai gerir o clube sozinho. Fui procurado por grandes alvinegros, amigos de arquibancada e de clube, que estão desenhando um projeto para reconstrução do clube e que identificaram em mim como a pessoa ideal para estar à frente, muito devido a meu histórico no Santos e principalmente meu histórico profissional, como gerenciador de dívidas e especialista em reconstrução financeira de empresas. Segundo, o projeto. Eu possuo respeito de todos e serei capaz de presidir o Santos nessa crise administrativa sem precedentes na história do clube, agravada pelo Covid-19. Na atual situação do clube esse conhecimento pode ser um diferencial importante e vital para o Santos voltar a ser o Santos, e não um clube que deve por todo o mundo e não da satisfação a ninguém, como é hoje. Por isso, a decisão do grupo em indicar o Ariovaldo Feliciano, provedor da Santa Casa de Santos como Vice Presidente, foi acertada. Conseguimos sob seu comando equacionar mais de R$ 600 milhões em dívidas e modernizar o hospital. Vamos fazer o mesmo no Santos FC.
UOL: A gestão Peres foi marcada por várias decisões controversas. Na visão do candidato, qual foi o maior erro da gestão e que o candidato nunca, em hipótese alguma, repetiria?
DC: Pergunta difícil, uma vez que não faltou erros na atual gestão do Peres. Na verdade o maior erro da gestão do Peres foi a algazarra financeira. Se gastou recursos como nunca no Santos o que aumentou demais a dívida do clube. Em nenhuma hipótese faremos isso e apostaremos tanto dinheiro em jogadores com desempenho duvidoso como Cueva, Uribe e Bryan Ruiz.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.