Sá Pinto se incomoda com questionamentos e mantém convicções no Vasco
Com personalidade forte, o técnico Ricardo Sá Pinto tem demonstrado certo incômodo com alguns questionamentos em entrevistas coletivas após os jogos do Vasco e, mesmo pressionado diante dos resultados até aqui, mantém suas convicções de trabalho.
O primeiro grande sinal de insatisfação foi após a eliminação na Copa Sul-Americana para o Defensa y Justicia (ARG), nas oitavas de final, quando foi questionado pelo UOL Esporte sobre a demora em fazer as substituições, já que a primeira havia sido aos 31 minutos do segundo tempo, quando a equipe já perdia por 1 a 0. Na ocasião, o português foi irônico ao responder e pediu o telefone do repórter para perguntar "quando devo substituir".
No último domingo (13), após o empate em 1 a 1 com o Fluminense, outro jornalista avaliou que o desempenho do time no primeiro tempo — quando saiu derrotado — havia sido ruim, algo que o treinador não concordou.
"Sua opinião em relação ao time [primeiro tempo] ruim, não concordo. Na nossa entrada no jogo, tivemos três chegadas. No primeiro cruzamento, fizeram um gol. Tiveram mais posse num momento, mas acho que a equipe não fez um primeiro tempo ruim. Esta é minha opinião", disse o português.
Outro questionamento a Sá Pinto foi em relação ao não aproveitamento de jogadores formados na base e que têm prestígio junto ao torcedor, casos de Andrey e Juninho.
"Todos fizeram boas coisas comigo. O Andrey, o Juninho... Que não teve tanto tempo. Já jogaram, fizeram boas coisas e coisas menos boas. Não posso dar oportunidade a todos ao mesmo tempo. Conto muito com Andrey, mas Marcos e Léo Gil têm feito bons jogos e, portanto, felizmente, tenho o Andrey. Muito provavelmente será opção no próximo jogo porque perdemos Léo Gil [suspenso]. Juninho está no processo. Quando cheguei, não jogava muito. Temos que também entender que temos um plantel com qualidade parecida. Não posso por todos ao mesmo tempo. Tento fazer o melhor em prol do Vasco, e isso está acima de tudo para mim", declarou.
Sá Pinto segue pressionado
O empate com o Fluminense não aliviou a pressão sobre o treinador, que segue muito pressionado, tanto por parte da torcida quanto internamente. Seu maior defensor no clube tem sido o vice-presidente de futebol, José Luis Moreira, responsável por sua contratação e com influência no mercado de Portugal, país onde nasceu e possui negócios.
Ciente das críticas, Ricardo Sá Pinto tenta manter a tranquilidade para seguir com seu trabalho de tentar tirar o Vasco da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
"Acho que um treinador está sempre pressionado por resultados, isso é uma realidade, uma constatação, e eu tenho vivido isso em minha carreira toda. Aceito responsabilidades, decisões e as pessoas não estarem satisfeitas também. A equipe ia numa linha, se solidificou em termos defensivos, ia numa linha ascendente quando aconteceram 1.001 coisas dentro da própria equipe. Tivemos Covid-19, eu mesmo fui afastado, tivemos problemas de jogadores importantes. Nessa semana recuperamos toda a gente, infelizmente, perdemos Talles Magno, Neto Borges e Léo Gil para o próximo jogo, mais uma contrariedade. Acho que o trabalho poderia ser melhor, não fossem tantas contrariedades", disse.
Mexeu no esquema
Um dos poucos pontos em que Sá Pinto abriu mão de suas convicções foi em relação ao esquema tático, deixando de utilizar contra o Fluminense a formação com três zagueiros e optando por um 4-3-3.
Essa escolha era uma das principais críticas da torcida, que entendeu que a tática já não apresentava resultados nem mesmo na parte defensiva, algo que tinha dado certo inicialmente.
"Falta de sorte" é atribuída
Mesmo com um aproveitamento ruim no comando do Vasco e apenas duas vitórias, Ricardo Sá Pinto acredita que a falta de sorte tem sido um fator que tem influenciado nos resultados do Cruz-Maltino.
"Com toda a justiça, temos que aceitar de forma civilizada as reclamações dos nossos torcedores. Na Sul-Americana, sofremos aquele gol, poderíamos fazer gols, não nos deram dois pênaltis [contra o Defensa y Justicia]. Houve circunstâncias que não nos foram favoráveis. Equipe está mais fresca agora física e mentalmente. Temos mais 14 jogos [13, ao certo]. Sabemos que é uma luta até o final, sabemos que é um caminho difícil. O que cabe a mim nessa altura é continuar a trabalhar para chegarmos às vitórias, que é o que queremos. Acho que essa equipe já mereceu mais vitórias no meu tempo do que já conquistamos. Estamos atrás dessa sorte e vamos continuar a procurá-la", destacou.
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