Ramírez no futuro e papo com Abel: os planos do novo presidente do Inter

Eleito presidente do Internacional para os próximos três anos, Alessandro Barcellos concedeu uma longa entrevista coletiva. Por quase uma hora, explicou os passos que pretende dar imediatamente no clube. O processo de transição terá início nos próximos dias e mudanças ocorrerão a partir de diálogo.

O treinador definido pelo novo comando é o espanhol Miguel Ángel Ramírez, atualmente no Independiente del Valle. Antes mesmo da eleição, o profissional já havia sido contatado e o nome está, de pronto, em pauta. Um acerto definitivo dependerá do cronograma estabelecido pelo novo comando, mas deve ocorrer, seja para o início de 2021 ou da próxima temporada.

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"Só falamos em nomes quando as coisas se confirmem e tenhamos condições de anunciar. Não é por falta de transparência, mas porque temos uma transição pela frente. Vamos fazer isso de uma forma objetiva e produtiva", disse Barcellos.

Diante da insistência no tema, ele não negou conversas com Ramírez, mas explicou que primeiro irá conversar com os profissionais que estão trabalhando no clube.

"Conversamos com vários profissionais quando construímos este projeto. São nomes reconhecidos no mercado e tem a contribuir. Em momento algum afirmamos alguma contratação. São grandes nomes, há muitos especulados. Na medida que venhamos a definir alguma mudança, seja em dezembro ou fevereiro, vamos comunicar o torcedor. Fizemos isso porque não sabíamos o que iria acontecer. Poderia ser necessário que tivéssemos que apresentar um treinador amanhã, não saberíamos qual seria o comportamento da atual gestão", completou.

O que acontecerá com Abel Braga?

O nome de Abel Braga também foi repetidamente citado ao longo da entrevista. Alessandro Barcellos rasgou elogios ao comandante e disse que o Inter mostra sinais de recuperação. O novo presidente não quer interferir no andamento do time imediatamente e reserva segurança para a atual comissão técnica.

"O Abel é um profissional do futebol, um ídolo colorado, e vamos conversar com ele, construir esta relação. Vamos enfrentar este período diferente com trabalho e a dedicação dele também. Não afirmamos em nenhum momento até aqui que haverá mudanças amanhã, depois de amanhã, ou no final de dezembro", explicou. "Temos 13 rodadas pela frente e queremos retomar o que fizemos no primeiro turno, quando fomos líderes por quase um turno inteiro com este grupo", completou.

Uma conversa no futuro irá ditar os próximos passos com o comando técnico. Abel tem vínculo até fevereiro do ano que vem, e seu contrato não possui multa rescisória. A continuidade está, portanto, sob avaliação.

"Temos um treinador que está conseguindo implantar seu modelo de jogo e com contrato vigente. Queremos o resultado em campo, se vai ser com a equipe atual ou nova, vamos avaliar isso. Vou repetir: vamos fazer uma imersão no clube, sentir o ambiente, as ideias, como estão as coisas para as 13 toradas que faltam no Brasileiro. Não será pela vaidade do presidente querer um treinador novo. Vamos conversar com o departamento de futebol atual, entender o momento que o Inter vive, para saber se é ou não momento de mudança. Mas sempre em favor do Inter", disse.

Departamento de futebol e uso de dados

A principal bandeira do novo comando do Inter é a utilização de dados, ciência, divisão de responsabilidade no processo de contratação. Sempre sob a bandeira de um "DNA do clube", uma ideia bem definida de qual modelo quer seguir. E identificar isso em reforços e comando técnico também é objetivo da direção.

"Nossa ideia é compor funções técnicas definindo e alinhando o trabalho daqui para frente. Pessoas que possam contribuir, e o torcedor entender qual modelo que queremos, que possam fazer a conexão entre as figuras e o projeto que apresentamos. Elas precisam de uma conexão verdadeira. Vejo muitas vezes pessoas indicando um modelo, um caminho, e com nomes que indicam a direção contrária. Vamos trabalhar muito nisso, com cuidado, com uma busca específica no mercado de grandes profissionais, mantendo critério", disse.

"Vamos trabalhar numa realidade financeira difícil, mas vamos enfrentar o endividamento do Internacional chamando desde já todos aqueles que construíram o projeto conosco para executar o aumento de receita e realinhamento de custos que imaginamos. Vamos fazer contratações com eficiência. Não vamos apontar três, quatro, dez reforços. Vamos sentar com profissionais de inteligência, comissão técnica. Não será a minha avaliação sozinha, mas o uso de dados, o trabalho científico, temos grandes profissionais deste mercado, conversamos com profissionais da Europa. Vamos trabalhar e traçar um diagnóstico para termos um plantel forte em 2021. Não será fácil, mas é possível", finalizou.