Wesley Moraes supera lesão e 2020 "terrível" para voltar a jogar após 1 ano
A carreira apontava para um sucesso antes impensável: Wesley Moraes acumulava gols pelo Aston Villa, chamava a atenção no Campeonato Inglês, já tinha um jogo pela seleção brasileira no currículo e sentia que as coisas iriam melhorar ainda mais. "Então aconteceu", conta o atacante, referindo-se à lesão nos ligamentos do joelho direito, sofrida em 1º de janeiro. Em entrevista ao UOL Esporte, o mineiro de 24 anos fala sobre o período difícil e de como o final de 2020 vem para "ajudar a colocar a cabeça no lugar".
Wesley agora já treina com bola e está clinicamente pronto para voltar a jogar, mas falta um pouco mais de preparação física. "Voltei a treinar com bola e correr firme mesmo em novembro. Não sinto mais dor, e já estou na preparação para retornar", conta o atacante, em conversa por videoconferência.
Nestes 11 meses e meio desde a lesão, Wesley Moraes passou por muita coisa. "Nos primeiros 20 dias, eu chorava todos os dias", admite. Depois, na recuperação, chegou ao Brasil junto com a pandemia de coronavírus, ficou sem poder voltar à Inglaterra e por isso teve três meses de um home office improvisado, com uma pequena academia para as sessões de fisioterapia.
"No começo foi muito complicado, até porque eu vinha de um momento muito bom. Eu achava que minha carreira iria decolar a partir dali, então aconteceu essa lesão. Tive a infelicidade de sofrer essa lesão terrível, mas não posso abaixar a cabeça. Agora, já é um momento de muita felicidade [voltar a treinar com bola]", diz o atacante.
Se tudo der certo, Wesley volta a jogar nas próximas rodadas do Campeonato Inglês, entre o final deste ano e o começo do próximo. Ele não é muito fã das festas de Natal e Ano Novo —"porque enquanto muitas pessoas estão felizes, tem gente que às vezes não tem nem o que comer"—, mas vê o encerramento de 2020 como um marco simbólico em sua carreira.
"Vai representar que a gente tem que ter a cabeça no lugar. Foi um ano muito complicado para mim, mas tenho que ter a cabeça no lugar, saber que os próximos anos serão bem melhores e que vou poder conquistar novos objetivos", projeta o atacante.
A proximidade do retorno aos campos é também uma retomada dos sonhos de Wesley. Ele já esteve na seleção brasileira uma vez, em novembro de 2019, no amistoso contra a Coreia do Sul, é verdade, mas quer muito mais do que isso.
"Fiquei feliz pelo contato do Tite, que me mandou mensagens perguntando sobre a recuperação. Agora, quero voltar a jogar, a fazer boas partidas e voltar para a seleção. Sei que é difícil e tem muitos jogadores na minha frente, mas vou fazer o melhor para ser chamado de novo", planeja Wesley. Quando perguntado sobre o maior desejo, ele responde de pronto, sem nem precisar pensar.
"A Copa do Mundo. A seleção é o sonho de criança de todo jogador que vira profissional. Eu cheguei, agora espero retornar para jogar uma Copa e ser campeão."
Confira outros trechos da entrevista:
"Não temos que julgar ninguém pela cor, mas pelo caráter"
"O racismo é uma coisa muito ridícula. Não temos que julgar ninguém pela cor, mas pelo caráter. É ridículo. Nós jogadores temos que nos unir, mas não só os jogadores: todos temos que nos unir para que o racismo acabe. Não está só dentro do futebol, porque já vem de muitos anos: é em uma loja que você vai entrar, um lugar que você vai, na rua? Não está só no futebol. Temos que nos unir e acabar com isso, porque é muito triste ser julgado pela cor."
"Já fui em um shopping, entrei em uma loja, e a pessoa não veio me atender. Porque achou que por ser negro eu não teria dinheiro para comprar. Fiquei muito triste com a situação, não é porque a gente é negro que não tem condição de comprar uma roupa, um carro ou qualquer coisa."
Namorada é o porto seguro
"Machuquei em 1º de janeiro, e no dia seguinte a Izadora [Magluf, a namorada] teria que retornar ao Brasil. Mas como tive a lesão, ela quis ficar. Em março fomos para o Brasil. Ela foi a pessoa que mais me ajudou, a pessoa mais importante para mim nesse período."
Doação de cestas básicas na cidade natal, Juiz de Fora (MG)
"Fico muito feliz de poder ajudar as pessoas que precisam. Quando um jogador chega em um patamar mais alto, tem que procurar ajudar as pessoas. Eu vim de baixo também, já passei fome, já passei necessidade. Nesse período de pandemia vi que muita gente estava precisando e consegui ajudar as pessoas do meu bairro, onde cresci, onde fiz meus amigos."
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