"O chão sai": Marcelo Cabo ao saber de câncer da filha após acesso com CSA

De volta ao Atlético-GO desde o início de novembro, Marcelo Cabo tem aproveitamento de Libertadores no Campeonato Brasileiro: são seis jogos, com três triunfos, dois empates e apenas uma derrota (61,1%), sequência que faz o time figurar hoje na parte de cima da tabela — na nona colocação. Mas nada do que tem acontecido dentro de campo se compara à vitória que o técnico obteve fora das quatro linhas nos últimos dias: a cura total da filha Maria Eduarda, de 16 anos, recuperada de um câncer no pâncreas.

Marcelo Cabo ainda comandava o CSA quando a filha foi diagnosticada com a doença. A notícia veio dias depois do acesso para a Série A, após goleada sobre o Juventude por 4 a 0, em Caxias do Sul, no fim de 2018. "O chão sai, né? Ela é a caçula, a xodó da família, e passa muita coisa na cabeça. Mas Deus é maravilhoso e nos deu força pra suportar esse momento", contou Marcelo em entrevista por telefone ao UOL Esporte.

"A gente tinha subido no sábado, contra o Juventude, eu estava almoçando com o governador na terça-feira e, quando acabei o almoço, tinham 30 ligações da minha esposa. Minha filha estrava com refluxo e um pouco de dor de estômago. Ela foi fazer o exame e acabou diagnosticada com o tumor no pâncreas. Nós ficamos muito assustados na época, até pela idade dela - tinha 14 anos", recordou o treinador.

Depois do diagnóstico, coube à família correr para conseguir a operação o quanto antes. E assim foi. "Providenciamos tudo e fizemos a cirurgia no início de 2019, só que existe o tratamento pós-cirúrgico, que é muito rigoroso. Mas não precisou nem rádio nem de quimioterapia. Só que ela precisou fazer muitos exames e foram dois anos de muita aflição. Mas, graças a Deus, o último exame ficou pronto na semana passada e todos deram negativo", disse.

Após o acesso, Marcelo Cabo ainda seguiu no CSA por mais seis meses. Teve uma passagem pelo Vila Nova e, em seguida, voltou para Maceió para comandar o CRB. Ficar perto da filha naquele momento valia mais do que qualquer proposta.

"A gente precisa ter muita sabedoria, equilíbrio e ser muito forte pra separar o lado pessoal do profissional. Foi uma das questões que eu precisei permanecer em Maceió, e na época eu nem falei nada. Tive outras propostas, mas precisava ficar perto dela para acompanhar esses dois anos de tratamento. Foi o período que eu fiquei no CSA e depois no CRB. Foi bom que pude acompanhar tudo de perto", contou.

"Foi o grande título da minha vida"

Com uma Série B e três Estaduais no currículo, além do acesso com o CSA, Marcelo Cabo classifica a recuperação total de Maria Eduarda como 'o grande título de sua vida'.

"Eu trocaria tudo que conquistei, minha vida, pela saúde dela. Inclusive, trocaria de lugar com ela se fosse possível. Mas Deus sabe de todas as coisas tem um propósito. Às vezes, Ele permite algumas coisas para que a gente possa crescer como ser humano, nos fortalecer, e a família ficou mais unida depois desse episódio", afirmou o técnico, que além da boa fase do Atlético-GO agora aproveita para curtir de perto a presença da filha, que viajou para Goiânia.

"Ela concluiu o exame há três semanas e está sempre comigo, ela e minha esposa. Somos muito unidos. Ela terminou o ano letivo e consegui logo trazer ela pra Goiânia. É muito difícil ficar longe dela nesse momento. Agora, ela está aqui pertinho do pai, e o pai está muito alegre", disse.

Apesar do dia a dia com a filha, Marcelo Cabo aproveitou a reportagem para dar mais um recado à Maria Eduarda: "Queria dizer que o amor por ela é incondicional. Queria dizer que ela é a razão da minha vida e uma inspiração pra mim. Ela é uma menina muito forte, que nos ensina todo dia. Ela foi o grande caminho para cada vez mais unir nossa família e nos tornar um ser humano melhor, olhar para o próximo com mais amor, compaixão, carinho, pois a vida é muito frágil. A vida é um trem-bala, como diz a música".