Sem dinheiro, Cruzeiro muda sede para coworking de empresa em crise mundial
A crise financeira no Cruzeiro ganha mais um capítulo, e a diretoria celeste tenta economizar o máximo possível com cortes profundos para manter a viabilidade econômica da instituição. Dentro dessa perspectiva e a fim de poupar algo em torno de R$ 2 milhões por ano, a cúpula azul transferirá a sede administrativa da Raposa de um imponente prédio no bairro Barro Preto, centro-sul de Belo Horizonte, para um coworking — espaços com várias salas e que costumam ser compartilhados por empresas. O escritório escolhido pelos atuais gestores ficará localizado dentro do Boulevard Shopping, na região leste da capital mineira.
Enquanto busca alternativas econômicas fora das quatro linhas, o Cruzeiro, que tem chances mínimas de retornar à elite do Brasileirão no ano que vem — 4,5% de acordo com o departamento de matemática da UFMG — enfrenta a Ponte Preta, hoje (22), às 21h30, no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, pela 31ª rodada da Série B.
Mudança de sede
O Cruzeiro fechou acordo com uma grande empresa do ramo de escritórios compartilhados, a WeWork. Em nota oficial publicada ontem (21), o clube tratou o assunto como um "importante passo de gestão profissional ao consolidar parceria mundial", de fato com uma das maiores do mundo e que tem sedes em vários lugares do globo. Porém, a nova parceira da Raposa vive uma enorme crise mundial.
Só em 2018, segundo papéis da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), o WeWork havia perdido cerca de R$ 1,6 bilhão em receita. No final de 2019, a empresa cortou 2400 pessoas do seu quadro de funcionários, em 843 unidades em diversos países. E vendeu ativos, como um de seus braços, a Managed by Q, ligada à gestão de escritórios.
Em 2020, entre abril e junho, 81 mil clientes romperam contrato com a Wework, de acordo com o balanço trimestral da empresa. Outros acordos com donos de imóveis, por exemplo, passaram por renegociação para evitar colapso maior até mesmo pela pandemia da Covid-19.
O fundador do Softbank, um dos maiores investidores da WeWork, o japonês Masayoshi Son, se disse arrependido dos seus investimentos na empresa de escritórios compartilhados. "Estou envergonhado e impaciente. Afinal, olhando para o crescimento de empresas nos Estados Unidos e na China, há uma forte sensação de que isso não é suficiente", disse à revista nipônica Nikkei Business, no fim de 2019.
Além da crise financeira, um escândalo no ano de 2019 envolvendo o então CEO e cofundador da WeWork, Adam Neumann, impactou negativamente no mercado. Adam passou a construir edifícios para alugá-los para a própria WeWork, o que denotava no mínimo um conflito de interesses, já que ele era o responsável por autorizar ou não esse tipo de operações.
A WeWork surgiu em 2010 e cresceu exponencialmente, tanto que atraiu investimentos bilionários de empresas, como do conglomerado japonês Softbank. A empresa acumulou mais de US$ 8 bilhões em investimentos e chegou a ter, em 2019, valor de mercado estratosférico: US$ 47 bilhões, o quarto maior do mundo entre startups. A WeWork se preparava para entrar na Bolsa de Valores, mas a crise tirou completamente a possibilidade de efetivar essa ideia.
Desativação do prédio
A atual sede administrativa do Cruzeiro tem várias salas ociosas e o prédio em vez de ser superavitário gera despesas. Em janeiro deste ano, o Conselho Gestor, responsável por administrar o clube, já havia fechado três dos oito andares da edificação: o quinto, o sexto e o oitavo andar.
Segundo apurou o UOL Esporte, atualmente há algumas movimentações no oitavo andar de membros da Mesa Diretora do Conselho Deliberativo. O espaço segue usado e teve grande presença de pessoas durante o período de campanha eleitoral para a presidência do próprio Conselho, realizada no fim de novembro passado.
A intenção dos dirigentes do Cruzeiro é ter as operações administrativas funcionando no novo espaço, a WeWork, no Shopping Boulervad — que em parte é do América-MG e o clube inclusive tem sede lá também — até fevereiro de 2021. O famoso prédio espelhado onde atualmente funciona a sede, na rua Timbiras, é deficitário e a ideia da presidência do Cruzeiro é alugar os andares. Segundo informações, há interessados e, se o martelo for batido, futuros aluguéis podem render até R$ 200 mil mensais ao clube.
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