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Saul Klein anuncia afastamento da Ferroviária após denúncias de estupro

Saul Klein é acusado, por 14 mulheres, de estupro e aliciamento; Advogado do empresário diz que ele era um "sugar daddy" - Arquivo pessoal
Saul Klein é acusado, por 14 mulheres, de estupro e aliciamento; Advogado do empresário diz que ele era um "sugar daddy" Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

25/12/2020 22h14

O empresário Saul Klein anunciou hoje seu afastamento do Comitê Gestor de Futebol da Ferroviária após denúncias que o ligavam a crimes de estupro e aliciamento. No último dia 22, acusações contra o herdeiro das Casas Bahia se tornaram públicas após reportagem da coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.

Segundo comunicado divulgado por Klein, o desligamento temporário é motivado pela investigação do caso.

"O motivo dessa decisão é uma investigação em andamento na polícia e para a qual devo priorizar a minha atenção, em defesa da integridade da minha história e da minha família", escreveu ele.

"A partir do momento em que a verdade for restabelecida e reconhecida minha inocência, voltarei a trabalhar, com todo afinco, pelos interesses da Ferroviária".

Saul Klein tem 66 anos e é conhecido no meio do futebol pelos investimentos no histórico São Caetano vice-campeão brasileiro de 2000 e, mais recentemente, na Ferroviária, time da primeira divisão do Campeonato Paulista.

No início da semana, a Via Varejo, proprietária das redes varejistas Casas Bahia e Ponto Frio, se manifestou afirmando que o empresário Saul Klein "nunca possuiu qualquer vínculo ou relacionamento com a companhia".

Segundo a empresa, Saul Klein vendeu a parte societária dele nas Casas Bahia em 2009 —a Via Varejo assumiu a gestão da rede varejista em 2010.

Relembre o caso

Como revelado pela coluna da jornalista Mônica Bergamo, 14 mulheres denunciaram o filho do fundador das Casas Bahia ao Ministério Público por estupro e aliciamento. De acordo com os relatos, os crimes aconteciam desde 2008 em festas que reuniam dezenas de garotas na casa de Klein, em Alphaville.

O empresário está com o passaporte retido pela Justiça e impedido de contatar as 14 supostas vítimas. Klein se defende, através de seu advogado André Boiani e Azevedo, afirmando que era um "sugar daddy", termo que designa homens mais velhos que têm o fetiche de sustentar financeiramente mulheres mais novas em troca de afeto e/ou relações sexuais.

Segundo a defesa, o empresário contratava uma empresa para agenciar mulheres para suas festas e está sendo "vítima de um elaborado esquema de extorsão depois de cessar a contratação dela".

"Relações consensuais sacramentadas de acordo com as regras do reconhecido relacionamento 'sugar' efetivamente foram praticadas pelo Sr. Saul Klein. A frequência repetitiva das modelos, que livremente frequentaram eventos do Sr. Saul Klein por meses ou anos, se constitui em óbvia prova do consentimento dos relacionamentos, que se tornaram conflituosos exclusivamente na versão fraudulenta levada ao conhecimento do Ministério Público, tudo por conta de interesses patrimoniais inconfessáveis que certamente serão trazidos à tona durante o desenrolar da investigação policial", diz nota enviada à reportagem.

As mulheres relatam que eram submetidas a controle de peso, pressionadas por terceiros a realizarem procedimentos estéticos e a manter relações sexuais com Klein, sempre sem o uso de preservativos, mediante remuneração de R$ 3 mil a R$ 4 mil por semana.

A rotina era complementada por uma série de exigências especiais, como aulas de piano, balé, debates e até performances teatrais dos filmes contidos nos DVDs. A reportagem apurou que pelo menos duas mulheres que frequentaram a residência de Klein tiveram problemas de saúde e transtornos psicológicos.

Pelo menos três garotas assinaram contratos de R$ 800 mil comprometendo-se a ficar em silêncio. O empresário alegou na Justiça que um dos acordos foi fechado sem a sua autorização, e conseguiu provar, através de perícia, que a sua assinatura era falsa. Os outros teriam sido assinados mediante ameaça de divulgação de fotos íntimas.