Açougueiro dos boleiros já fez churrasco para Neymar e bomba nas redes
Domingos Neto, ou Netão, como ficou conhecido em seus vídeos no YouTube e em suas redes sociais, é um açougueiro, churrasqueiro e empresário de Santos, litoral de São Paulo. Seus perfis no Instagram somam mais de 1,7 milhão de seguidores e, desde agosto de 2019 na plataforma de compartilhamento de vídeos, já alcançou a marca da de 800 mil inscritos.
Em seu canal, "Netão Bom Beef" (nome de seu açougue no litoral paulista), o paulistano de 35 anos tem um quadro que se chama "Na Grelha com Netão", onde ele recebe convidados e prepara cortes de carnes. Entre os famosos estão: Marinho, atacante do Santos, Gustavo Henrique, zagueiro do Flamengo, Derlis González, ex-atacante do Santos e atualmente no Olímpia (PAR), e o lutador peso-pesado do UFC Augusto Sakai.
O açougueiro, como o próprio disse em entrevista ao UOL Esporte que gosta de ser chamado, afirmou que não é a primeira vez que tem contato com jogadores de futebol. Conhecido na cidade de Santos, Netão era contratado por atletas para fazer churrascos para muitas pessoas e foi em um desses eventos que ele conheceu Neymar, Ronaldo Fenômeno, Daniel Alves e Thiago Silva.
"O meu primeiro grande impacto em contato com um grande jogador de futebol foi quando eu fiz um churrasco na casa do Neymar. Fiquei vidrado, era o Neymar ali, a estrela da seleção brasileira. Quando eu cheguei lá, todos os jogadores estavam de férias e todos estavam lá: Ronaldo Fenômeno, Daniel Alves, Thiago Silva. Eu fiz muitos churrascos na casa do Ney e da mãe dele [Nadine Santos]", contou Neto.
Apesar de não ter gravado com muitos atletas, Netão revelou que tinha gravações marcadas com jogadores de outros clubes. No entanto, por contada da pandemia do coronavírus, a logística foi dificultada, além do próprio risco que ele e os convidados estariam correndo por conta da contaminação da doença.
"A nossa ideia, no ano passado, era gravar com jogadores de outras cidades. A gente quer gravar, mas a logística não ajuda, além da própria pandemia. Temos nomes do Corinthians, do São Paulo e do Palmeiras para gravar, mas ainda não rolou. Não precisam ser atletas do Santos para gravar com a gente, vai acontecer com jogadores de outros clubes também", disse.
Netão afirmou que é apaixonado por futebol e acompanha todos os jogos que consegue: desde a Série B do Brasileirão ao futebol internacional. Porém, ressaltou que não torce para um time específico, mas sim pelas conquistas de todos os atletas que teve contato algum dia. Pelo seu açougue ser sediado na cidade do litoral paulista, o contato com os atletas do Alvinegro praiano é muito maior em relação aos dos outros clubes. Inclusive, quando existe alguma aposta dentro do elenco santista envolvendo churrasco, ele é acionado.
"O Santos me contratou para fazer um churrasco para unir o grupo. O Cuca fez uma aposta com os jogadores, e eu fui lá para fazer churrasco para eles, quando o Sampaoli era técnico também fui lá. Os jogadores do Santos sempre estão lá no açougue, fazemos amizades e eles viram meus amigos de sair junto, e frequentar a casa, como, por exemplo, o Pato Sánchez [meio-campista do Santos]", afirmou.
"Foram coisas que aconteceram, eu não procurei eles para divulgar meu trabalho, só aconteceu. O canal no YouTube ajudou porque outros jogadores me ligam, mandam mensagem e querem me conhecer quando jogam na Vila Belmiro. Hoje, eu tenho bom relacionamento com vários jogadores de todo o Brasil", completou.
Confira outros trechos da entrevista:
Contato com o esporte
Eu era praticante de judô, fui campeão paulista, interestadual e essas coisas. Quando o futebol society chegou em Santos, eu fui aluno da primeira escolinha aqui que se chamava Pé da Bola. Eu fui da primeira turma e treinei com o João Paulo e o Edu, que jogaram no Santos. Nunca fui bom com a bola, mas era apaixonado pelo futebol, ele que não era apaixonado por mim.
Como se iniciou o seu relacionamento com os atletas?
Meu contato com eles começou pelo fato deles [jogadores] serem clientes do açougue. Eu nem tinha canal no YouTube na época, mas tinha Instagram e alguns deles me seguiam. Teve uma vez que o elenco do Santos saiu de férias, mas quatro jogadores ficaram no departamento médico tratando a lesão. Um dia eles chegaram lá no açougue e perguntaram se eu não podia fazer um workshop de churrasco com eles. Eu disse que faria e depois desandou. Eles postaram nossos vídeos no Instagram deles e outros jogadores queriam saber como fazer. O elenco inteiro do Santos foi no meu açougue, queriam saber como funcionava e me chamavam para fazer churrasco.
Jogadores mais íntimos
Eu cheguei a fazer churrasco para o Bruno Henrique e o Gabigol, mas não sou amigo pessoal deles. Já fiz muitos churrascos para jogadores e tem alguns que eu fico muito amigo, de ir em aniversário com filho, frequentar a casa. Hoje, sou muito amigo do Pato Sánchez, a gente sempre está junto. O Gustavo Henrique, agora no Flamengo, também era meu amigo. Tanto é que ele foi o primeiro atleta que gravei o "Na Grelha". Só gravo com amigos meus, não gosto de ficar enchendo o saco, acontece naturalmente. A ideia do quadro surgiu porque estavam acabando os cortes de carnes que eu ensinava a fazer, o GH [Gustavo Henrique] estava no açougue e comentei que ia gravar, e no mesmo dia a gente foi lá e gravou.
Contato com atletas sul-americanos
Hoje em dia a minha rotina é bem puxada, não tem nenhum um grupo de amigos que sou muito próximo. Já fui muito amigo do Jean Mota, mas com a correria do dia a dia, vou e afastando. Tem um grupo no WhatsApp que a gente se fala algumas vezes, eles me chamam pra fazer churrasco, mas por conta da correria eu não consigo ir. Eu me aproximei bastante dos jogadores sul-americanos que chegaram ao Santos no ano passado, o Derlis González, o Bryan Ruíz [o meia é costarriquenho], eles se sentiam muitos sozinhos, longe da família e o churrasco manteve a gente conectado. Quando eu fico muito tempo sem ver eles, os jogadores ficam pesando na minha: "você não gosta mais de mim?", "você só vai vir quando eu fizer gol?".
Afastamento do churrasco com os jogadores
Eu já fiz churrasco para muitos jogadores, mas parei de fazer por conta da minha agenda — ela deu uma boa apertada. No final do ano passado, eu parei de fazer e mandava um membro da minha equipe. Eu posso não estar por lá, mas alguém da minha equipe continua fazendo churrasco para eles.
Alguma promessa caso o Santos vença a Libertadores?
Já me ferrei algumas vezes por conta de promessa ou aposta. Uma vez o Jean Mota não estava fazendo gols e eu apostei com ele, disse que se ele fizesse um gol no próximo jogo, eu ia dar duas picanhas pra ele. O Jean fez o gol e no dia seguinte me ligou cobrando a carne. Quando eu comecei a fazer esses churrascos em grupo, a minha ideia era divulgar a minha carne para um pessoal que tinha uma renda mais bacana. A ideia nunca foi divulgar com os atletas, mas como estou em contato com eles diariamente, acabou acontecendo. O Jobson, por exemplo, quando chegou ao Santos, a primeira coisa que ele fez foi passar no meu açougue, disse que acompanhava o meu trabalho e gostava demais. Eu não vou prometer nada porque eu quero que o Santos ganhe, mas não quero perder a aposta.
Qual jogador entrou em contato e mais te impactou?
O que mais me chamou a atenção quando me mandou mensagem foi o Sánchez. O cara já tinha jogado Copa do Mundo [pelo Uruguai], eleito o melhor jogador da América do Sul e do nada ele estava me mandando mensagem no Instagram. Quando eu fui ver quantas mensagens tinham, eram mais de 30. Ele me mandava foto com a minha mãe. Eu encontrei com ele no estacionamento do prédio, quando fui fazer churrasco para outros atletas que moram lá. Ele já ganhou de tudo e é batalhador, humilde demais. Toda vez que ele vai no açougue e tem fila de uma ou duas horas para fazer um pedido ele espera mesmo assim, respeita todo mundo.
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