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Como camisa de Honda ajuda pequeno botafoguense com hidrocefalia

Honda, meia do Botafogo - Vitor Silva / Botafogo
Honda, meia do Botafogo Imagem: Vitor Silva / Botafogo

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

26/12/2020 04h00

Uma mobilização da torcida do Botafogo, que contou com o engajamento do meia Honda, grande contratação para a temporada, ajudou a família do pequeno alvinegro Enzo Gabriel, neste fim de ano. O menino, que tem apenas dois anos, nasceu com uma hidrocefalia - quantidade de cefalorraquidiano (LCR) ou liquor aumenta dentro do crânio - grave e má formação cerebral, e precisa de cuidados especiais.

Uma camisa do astro japonês foi rifada entre botafoguenses e torcedores que se prontificaram a ajudar. Todo o valor arrecadado ajudará a custear o plano de saúde do pequeno alvinegro.

Moradores de Rio das Ostras, Carlos Eduardo, de 36 anos, e Ana Kely, de 34, atravessaram momentos de muita tensão ainda no decorrer da gravidez, quando a hidrocefalia foi detectada em Enzo. Em certo momento, inclusive, a gestação ofereceu riscos até mesmo à saúde da mãe. Não à toa, após o nascimento, Enzo ganhou a alcunha de "nosso grande milagre" pelos pais.

Enzo Gabriel, torcedor do Botafogo que recebeu ajuda de Honda - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

A necessidade de acompanhamento especial, com consultas no Rio de Janeiro, e o tratamento, porém, geram um alto custo — os pais buscam pagar um plano de saúde para que o menino possa ter uma melhor assistência. Com ambos desempregados e uma situação financeira complicada, Carlos Eduardo, torcedor fanático do Botafogo, passou a ouvir de amigos a ideia de recorrer às redes sociais em busca de ajuda.

Rifa inicial ajudou a comprar leite

Uma primeira rifa foi feita ainda no ano passado, com uma camisa doada pelo zagueiro Gabriel, hoje no Atlético-MG. Com a pandemia de coronavírus, porém, a prefeitura de Rio das Ostras já não estava mais entregando o leite que Enzo tem de consumir, que custa R$ 150 a lata, que dura em torno de cinco dias.

"Eles já não estavam mais entregando e estamos desempregados. Eu já estava doido, não sabia o que fazer. Comecei a fazer campanha e foi aí que conheci o Anderson, do Canal Gigante Glorioso. Ele fez live contando nossa história, pedindo ajuda", lembra Carlos Eduardo.

Os obstáculos que se apresentavam à família chegou, também através das redes sociais, ao conhecimento de Marcos Leite, empresário que fez a ponte entre o meia Honda e o Botafogo — ele também auxiliou nas contratações do atacante marfinense Kalou e do técnico argentino Ramón Díaz.

Família do pequeno Enzo recebeu ajuda de Honda, meia do Botafogo - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Leite falou com Carlos Eduardo e, pouco depois, conversou com Honda, que se prontificou a ajudar como fosse possível e a doar uma camisa usada em uma partida, autografada, para que uma rifa pudesse ser realizada. Rapidamente os 100 bilhetes se esgotaram, R$ 10 cada, e o valor foi arrecadado. A quantia será usada para quitar os débitos de novembro e dezembro com a empresa que administra o plano.

"Em menos de um dia, foi tudo vendido. Rifou tudo", lembra o pai do Enzo.

O vencedor foi David Nunes, da "Rádio Botafogo", que afirmou que a camisa será usada em um novo sorteio, também em prol de uma criança em condições especiais.

Enzo canta o hino

Carlos Eduardo conta que Enzo Gabriel ainda não consegue andar sozinho por não ter firmeza total, mas vem superando as adversidades. Alvinegro desde a infância, o pai ressalta que, apesar dos obstáculos, o menino já sabe o hino do Botafogo. "Do nada, ele pega e começa a cantar".

A relação do pai do menino com o clube de General Severiano começou cedo e foi uma herança "meio sem querer".

"Meu pai era botafoguense, mas eu não sabia. Até pela situação financeira da nossa família à época, ele não tinha uma camisa do time. Mas acompanhava sempre, ouvia os jogos no rádio. Depois um tempo, ele conseguiu comprar uma TV lá para casa. Eu ainda era pequeno e vi meu primeiro jogo nela. Era um Botafogo x Fluminense, se não estou enganado, e eu gostei muito do Botafogo e comecei a torcer sem saber. Aí, foi quando meu pai falou: "Esse é o Botafogo, o time que eu tanto falo, filho"", lembra.

Vaquinha para Maurão

Maurão, motorista do Botafogo, ao lado de Leandrinho no ônibus do clube - Vitor Silva/SSPress/Botafogo - Vitor Silva/SSPress/Botafogo
Imagem: Vitor Silva/SSPress/Botafogo

A torcida do Botafogo também vem se movimentando nas redes sociais em outra causa. Uma vaquinha foi criada em prol de Maurão, motorista do clube que atravessa problemas de saúde. A campanha ganhou a adesão de jogadores, ex-jogadores e, mais recentemente, do técnico Gláucio Carvalho, que conquistou o acesso com o time feminino.

"Precisamos da sua ajuda (torcedor), mas não dentro de campo. Precisamos da sua ajuda para o Maurão, nosso motorista querido de tantas e tantas glórias. Ele precisa de um tratamento e uma cirurgia, precisamos de sua colaboração. Colabore", disse ele, em vídeo.

A serviço do Botafogo há mais de 15 anos, Mauro Sampaio trava, já há algum tempo, uma luta contra a balança. Há cerca de três anos busca realizar uma cirurgia para redução do estômago através do SUS (Sistema Único de Saúde). A ideia era também diminuir a sobrecarga que já o fez operar os joelhos em 2017 e o afastou do clube por cerca de oito meses. A cúpula do Alvinegro está buscando soluções para a situação.

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