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Ex-STJD, 'para-raio' e mais barato: quem é o novo executivo do Inter

Paulo Bracks atuou no STJD até 2014, passou pela Federação Mineira de Futebol e América-MG - Daniel Hott / América
Paulo Bracks atuou no STJD até 2014, passou pela Federação Mineira de Futebol e América-MG Imagem: Daniel Hott / América

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

03/01/2021 04h00

Paulo Bracks, novo diretor executivo de futebol do Internacional, chega ao estádio Beira-Rio depois de chamar atenção no América-MG. O profissional tem no currículo atuação como auditor do STJD e funcionário da FMF (Federação Mineira de Futebol), mas agradou aos dirigentes colorados pelo estilo de trabalho. Segundo o próprio, uma atuação que precisa flutuar entre criatividade, estudo profundo do mercado da bola e até papel de para-raio.

Aos 39 anos, Bracks vai substituir Rodrigo Caetano no Inter com metade do salário do antecessor, segundo apurou o UOL Esporte.

"Eu sempre busco, dentro da minha função, dar estabilidade e equilíbrio ao treinador. Talvez seja uma das funções mais difíceis do executivo. Ter a balança da relação, da gestão de pessoas, que interfere nos resultados (...) também é uma função de ser para-raio", disse Bracks em entrevista ao site Footure, em novembro de 2020.

As palavras se encaixam no discurso dado pela nova diretoria, quando do anúncio da contratação de Paulo Bracks. João Patrício Herrmann, vice de futebol, afirmou que pretende atuar de forma mais discreta. Delegando ao executivo o papel de se manifestar no dia a dia.

Formado em direito e com especialização em direito esportivo, Paulo Bracks foi auditor do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) entre 2008 e 2014. Na sequência, atuou na FMF até 2017. Em 2018, se tornou diretor das categorias de base do América-MG e em maio do ano seguinte foi promovido para o mesmo cargo, mas no futebol principal do clube.

Caso Victor Ramos

Bracks chegou a comentar nas redes sociais o 'caso Victor Ramos'. No final de 2016, o Internacional denunciou inscrição irregular do zagueiro no Vitória, por transferência com o Monterrey-MEX. A tese colorada tinha intenção de retirar pontos do clube de Salvador, adversário do clube gaúcho na luta contra o rebaixamento.

O STJD indeferiu o pedido e o Inter chegou a entrar com processo no TAS (Tribunal Arbitral do Esporte), na Suíça. Mas igualmente não conseguiu sucesso. À época, Paulo Bracks já estava fora da Corte, atuando no quadro de funcionários da FMF.

Mais rápido, mais criativo

Formado em gestão esportiva, Paulo Bracks também está alinhado com a filosofia de investir na ciência de dados para buscar reforços. A experiência no América-MG forjou a atuação do executivo.

"Sou apaixonado por dados, números, e faço minhas análises. Tenho um radar, uma lista, imenso de jogadores. Tenho potencializado essa lista de atletas de Série A, Série B. A estrutura no América-MG é enxuta, mas faz diferença. Faz diferença no elenco, com o treinador (...) Eu preciso ser mais inteligente, rápido e criativo que outros clubes. Eu não consigo contratar um atleta em disputa salarial, investimento, competindo com os outros 12 grandes clubes. Salvo se eu chegar antes deles (outros clubes)", declarou ao Footure.

O Inter pretende contar com Bracks para contratar um coordenador de futebol, cargo que atue mais diretamente com elenco e comissão técnica. Além de usar a experiência do novo executivo para incrementar o CAPA (Centro de Análise e Prospecção de Atletas), setor de análise de mercado.

"O núcleo de análise de mercado é onde tenho grande apreço dentro do clube. Se dependesse de mim, seria onde eu faria os maiores investimentos. É o analista de mercado que trabalha mais diretamente comigo", apontou.