Santos: Árbitros apontam 'erro grotesco' e 'gritaria' em pênalti ignorado
Resumo da notícia
- Polêmica em pênalti não marcado em Marinho, na La Bombonera, ainda repercute
- Carlos Eugênio Simon criticou a 'gritaria' da arbitragem ao conversar sobre o lance
- "Árbitro deve estar indignado com os caras do VAR", disse comentarista da Fox Sports
- Guilherme Ceretta classificou o erro como 'grotesco' e culpou todos da arbitragem
'Erro grotesco' e 'casa da Mãe Joana'. Essas foram duas das expressões utilizadas pelos árbitros (Carlos Eugênio Simon e Guilherme Ceretta) que conversaram com o UOL Esporte sobre a polêmica não marcação de pênalti em cima de Marinho no empate sem gols entre Boca Juniors e Santos, na noite de ontem (6), na La Bombonera, pela semifinal da Copa Libertadores.
No segundo tempo, o atacante santista sofreu uma carga na grande área do zagueiro argentino Izquierdoz. Caiu, pediu a penalidade, mas não foi atendido. O VAR foi acionado, mas o árbitro chileno Roberto Tobar sequer foi chamado para verificar o vídeo e também não se prontificou a fazê-lo.
Em entrevista por telefone ao UOL Esporte, Carlos Eugênio Simon, comentarista de arbitragem dos canais Fox Sports e ESPN Brasil, disse que o juiz do confronto "deve estar indignado" com os árbitros de vídeo caso tenha revisto as imagens divulgadas pela confederação sul-americana.
"A decisão final sempre é do árbitro de campo. Hoje o Roberto Tobar deve estar olhando a televisão e deve estar indignado com os caras. E foi um erro que pode custar caro. O jogo agora está totalmente em aberto", disse.
"Houve o pênalti. O Roberto Tobar, que é um bom árbitro, estava levando o jogo na boa, até que aconteceu o lance. Ele calça o Marinho embaixo e, com o braço e o ombro, empurra as costas do Marinho. Pênalti indiscutível. O que aconteceu na minha opinião? O Fabra atravessa na frente da linha visual do árbitro e ele pode não ter percebido", acrescentou.
"Agora, o VAR não poderia deixar passar. Os árbitros de vídeo deveriam sugerir ao árbitro central para ver o lance", opinou Carlos Eugênio Simon, que, quando homem do apito, trabalhou em três Copas do Mundo.
O comentarista de arbitragem ainda criticou a 'gritaria' da arbitragem no áudio divulgado pela Conmebol e recordou o gol não dado para a Inglaterra em confronto coma Alemanha pela Copa do Mundo de 2010. Foi quando o meio-campista Frank Lampard acertou chute de fora da área: a bola bateu no travessão e quica atrás da linha, mas o jogo seguiu normalmente.
"Parecia a 'Casa da Mãe Joana'. Uma gritaria só. Tem que ter um controle, uma calma pra tomar uma decisão desse tamanho. O VAR não veio pra fazer injustiça no futebol, veio para os grandes erros. Foi um grande erro, como em 2010, na bola do Lampard. Ontem, o árbitro não viu, o VAR tem que dar pênalti. E houve essa confusão toda", completou.
Ceretta fala em 'erro grotesco'
Em contato com o UOL Esporte, o árbitro Guilherme Ceretta —que ainda atua nos Estados Unidos e foi vinculado à CBF por dez anos, além de ter trabalhado três como aspirante Fifa— disse que toda equipe de arbitragem errou feio no lance que, segundo ele, foi 'muito pênalti'.
"Primeiro: é um lance em que o árbitro já poderia ter marcado se estivesse num melhor posicionamento. Segundo: foi na cara do assistente; se ele tivesse coragem, também poderia ter ajudado o árbitro, não só com a bandeira levantada, mas ainda ter falado no rádio sobre a possível infração, que foi embaixo e em cima. O lance de área não é mais obrigação do assistente, mas podia ter ajudado no áudio", analisou.
Ceretta condenou a atuação dos assistentes do VAR e disse que o árbitro Roberto Tobar foi o maior responsável por toda confusão que aconteceu na La Bombobera.
"Quanto ao VAR, pra mim foi uma novidade essa não marcação e, principalmente, a não checagem. É um lance que, se houvesse checagem, o árbitro central deveria ter tomado partido e pedido pra ver. Nem isso ele fez. Então todo mundo errou", disse.
"E foi uma bagunça na hora de falar entre eles, todo mundo falando ao mesmo tempo, muitas opiniões, e isso acaba confundindo a cabeça do árbitro. Mas o erro principal foi dele, pois ele tinha que ter ido checar no monitor. Ele errou em não dar pênalti direto, depois errou em não ter ido ver o lance no VAR, e o pessoal do VAR errou em dobro; são dois caras pra chamar o árbitro pra verificar o lance, em câmera lenta...", acrescentou.
Por fim, Guilherme Ceretta disse que os assistentes do VAR perderam a chance de "salvar a arbitragem" em La Bombonera.
"Foi muito pênalti, um erro grotesco de uma arbitragem sul-americana que deixa todo mundo triste, porque a gente gosta sempre dos acertos, principalmente agora com o VAR. A gente está acostumado com o árbitro não marcando, depois olha e marca, ok. Tem uma segunda chance de acertar. Ele perdeu as duas e o pessoal do VAR também perdeu a chance de ajudar o árbitro e salvar a arbitragem", completou.
Santos envia ofício à Conmebol
O presidente do Santos, Andres Rueda, enviou ofício ao presidente da Conmebol, Alejandro Dominguez, e ao responsável pela Comissão de Arbitragem da entidade, Wilson Seneme, solicitando a tomada de providências sobre o ocorrido.
O principal questionamento do Santos é entender o motivo pelo qual o VAR não foi utilizado pelo árbitro da partida, Roberto Tobar, em lance de possível pênalti de Izquierdoz em Marinho.
Santos e Boca Juniors voltam a se enfrentar na próxima quarta-feira, dia 13, na Vila Belmiro.
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