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Abatido, Ceni muda o tom e assume erros: 'tenho de encontrar soluções'

Do UOL, em São Paulo

11/01/2021 04h00

A derrota para o Ceará por 2 a 0, ontem (10), no Maracanã, registrou um comportamento diferente de Rogério Ceni. Se na semana passada ele foi condenado por não blindar seu elenco de críticas, usando até palavras mais duras para criticar o desempeno do time, dessa vez ele se colocou na lista de culpados por mais um tropeço rubro-negro e mostrou abatimento ao falar sobre o momento ruim que está distanciando o time do título do Campeonato Brasileiro.

O duelo com o Fluminense, na quarta-feira passada (6), mostrou um Rogério Ceni pouco parceiro de seus comandados. No embalo da polêmica declaração de Arrascaeta, que não via o Flamengo com merecimento para conquistar o bicampeonato, o treinador ressaltou que o time cometeu "erros grotescos" que determinaram a derrota de virada no clássico.

Dessa vez, Ceni falou em um tom de compartilhamento dos erros cometidos em campo. "A culpa é nossa como um todo dentro de campo" e "eu, como treinador, tenho que encontrar soluções" foram algumas das declarações do técnico rubro-negro, assumindo parte da culpa pela segunda derrota consecutiva. "Confortável ninguém se encontra aqui. Nem eu, jogadores e direção."

Ceni também saiu em defesa de seus comandados ao justificar de maneira pouco convincente a fraca campanha em um momento decisivo do campeonato. Para o treinador, o fato de o Maracanã estar vazio por causa dos cuidados com a pandemia do novo coronavírus tem atrapalhado seus atletas.

"Estamos sofrendo principalmente pela ausência do torcedor. Eles são movidos pelos 50, 60 mil de média. É um combustível importante para os jogadores. Só posso acreditar que seja isso. De resto, eles têm-se dedicado muito nos treinos, com alta intensidade. E talvez a ausência da voz do torcedor seja a diferença."

Com apenas quatro vitórias em 12 jogos no comando do Flamengo, Ceni já começou a conviver com pressão da torcida após perder a chance de encostar no líder São Paulo pela segunda rodada seguida. Assim como os rubro-negros, o Tricolor também foi derrotado em suas duas últimas partidas.

"Me sinto capacitado, mas confesso que não consegui até agora os resultados que queríamos", diz Ceni. "No primeiro jogo, fiz questão de vir aqui, saí de madrugada para dar um treino e participar do jogo com o São Paulo (derrota na Copa do Brasil). Na Libertadores, poderíamos ter tido mais sorte contra o Racing. E no Brasileiro, por mais que tenhamos criado, tido controle, não estamos conseguindo vencer."

Mas nem a autoavaliação serve para Ceni se sentir intocável no cargo. "No futebol, não existe garantia, você tem que conquistar com resultados em campo. Até agora, os resultados são frágeis e ruins perto do que esse time pode conseguir", afirmou. "A direção é soberana. Tem direito de tomar qualquer decisão. Como trabalho diário, é bom. Mas como resultado, deixa a desejar."

Em meio aos problemas para tentar arrumar os problemas rubro-negros tendo em vista a partida contra o Goiás, no dia 18, no estádio da Serrinha, Ceni também pode ter que lidar com o temperamento de Gabigol, que não parecia tão confortável no Maracanã após ter sido sacado do time titular.

Gabigol saiu dos vestiários com a camisa do Flamengo nas mãos e vestia uma camiseta de treino cor de rosa. Durante sua permanência no banco de reservas, parecia incomodado e chegou a ficar sem chuteiras, o que acabou sendo criticado pelo ex-zagueiro do clube Fábio Luciano.

Gabigol só foi chamado para entrar em campo aos 24 minutos do segundo tempo. Ele entrou no lugar de Everton Ribeiro e teve principalmente Bruno Henrique e Rodrigo Muniz como companheiros de ataque. Mas pouco produziu para evitar a derrota rubro-negra.

Ceni explicou a mudança pela estratégia contra o Ceará. "Escalei o Pedro para ser uma referência próximo da área, já que, contra o Fluminense, Gabriel e Bruno Henrique estavam muito distantes. Acredito que o Pedro foi contratado por valor expressivo e tenha qualidade suficiente para ocupar essa posição de titular, o que Não diminui em nada a importância do Gabriel. E seria um risco muito grande escalar os dois juntos desde o começo", sentenciou o treinador.