Como PT entrou em eleição do Vasco e viu polêmica dividir partido
A eleição do Vasco chegou a patamares inimagináveis. Após o Solidariedade ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando que o candidato Leven Siano tome posse como presidente, o Partido dos Trabalhadores entrou com um pedido para ser parte interessada no processo. A movimentação jurídica, porém, causou polêmica e dividiu a sigla internamente. A repercussão negativa acabou fazendo com que o PT recuasse e desistisse de se envolver no pleito do clube.
O UOL Esporte teve acesso à peça, assinada pelos advogados Angelo Longo Ferraro, Marcelo Winch Schmidt e Miguel Filipe Pimentel Novaes. Logo na primeira página, aparece em destaque que o ato está representado por seu "diretório nacional e por sua Presidenta, Gleisi Helena Hoffman".
Imediatamente após a ação se tornar pública, vascaínos passaram a questionar a deputada federal (PT-PR) em seu perfil no Twitter, e a mesma respondeu a uma internauta dizendo que a sigla entrou a pedido do ex-deputado Wadih Damous, filiado ao partido e que foi contratado por Leven Siano para advogar em sua causa nas batalhas jurídicas do processo eleitoral cruzmaltino:
"A ação não é do PT. Entramos apenas em apoio à ação principal que defende a aplicação do estatuto do clube, a pedido do ex-deputado Wadih Damous".
Ocorre que, pouco tempo antes da postagem de Hoffmann, Damous, em entrevista ao "ge", afirmou que "não tinha nada a ver" com a ação. O UOL Esporte tentou contato com o advogado, mas até o fechamento da reportagem ele não retornou.
Integrantes do PT afirmam que assunto não foi tema
As críticas dos que não concordam com o envolvimento do partido em um assunto relacionado a um clube de futebol fizeram com que algumas lideranças do PT se posicionassem de maneira contrária.
Secretário nacional de Cultura do partido, Márcio Tavares respondeu a uma postagem da sambista vascaína Teresa Cristina afirmando que a sigla irá retirar a ação.
"Querida Teresa Cristina, concordo [a artista foi uma das pessoas que criticou]. O PT irá retirar a ação. A direção do partido não tinha deliberado a respeito e, sabendo da iniciativa, imediatamente, decidiu por retirar. O PT vai seguir focado na renda, democracia e ações coletivas relevantes para a dignidade do povo", escreveu Tavares no comentário.
Outro que afirmou que o assunto não passou pelo diretório do partido foi o secretário nacional da Juventude do PT, Ronald Sorriso.
"Não passou pelo diretório nacional a decisão de intervir no processo jurídico do Vasco da Gama, sobretudo em favor de Leven Siano. É surpreendente que alguém creia que a prioridade de um partido de esquerda seja essa e estamos lutando pra reverter! O Vasco é dos vascaínos!", postou Sorriso.
Antes de o PT decidir recuar, vascaínos simpatizantes do partido já haviam criado uma petição pública criticando o posicionamento jurídico da sigla no pleito cruzmaltino.
No início da tarde de hoje (12) o Partido dos Trabalhadores protocolou o pedido de desistência no STF.
Partidos recomendaram votos a favor de lei sobre eleições online
A movimentação jurídica do Solidariedade e do PT na eleição do Vasco causou ainda mais surpresa considerando como os partidos se posicionaram no Congresso diante do projeto de lei que influenciou diretamente no pleito vascaíno.
Ele alterou a Lei Pelé e assegurou a clubes e demais associações a votação não presencial em função da pandemia do coronavírus. Na ocasião, ambas as lideranças das siglas recomendaram votos a favor da aprovação do projeto.
Foi partindo deste princípio do voto online, por exemplo, que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) validou a vitória do candidato Jorge Salgado, da "Mais Vasco", na eleição virtual cruzmaltina do dia 14 de novembro de 2020.
Nas ações movidas em relação ao pleito vascaíno, porém, Solidariedade e PT haviam se manifestado justamente no sentido contrário e a favor da eleição do dia 7 de novembro, que ocorreu de maneira presencial em São Januário, com mais de três mil votos e que, em apuração polêmica, declarou Leven Siano vencedor.
A peça jurídica do Solidariedade - que o PT havia pedido para entrar como parte interessada - foi baseada em uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), que consiste em "evitar ou reparar lesão a preceito fundamental decorrente da Constituição, resultante de qualquer ato (ou omissão) do Poder Público". O relator do caso no STF é o ministro Dias Toffoli.
Vale lembrar que Leven Siano já havia ingressado com uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar validar a eleição presidencial do dia 7. Na ocasião, porém, a ministra Carmen Lúcia negou o recurso.
Vascaínos pressionam o Solidariedade
Após verem o PT recuar, vascaínos contrários à intervenções de partidos políticos no clube se encorajaram a convencer o Solidariedade a tomar o mesmo caminho e também retirar a ação. Nas redes sociais, perfis de deputados da sigla e emails corporativos dos mesmos foram divulgados para que fosse feita uma pressão no sentido de demovê-los da ideia.
Um dos mais procurados foi o deputado federal Aureo Ribeiro, presidente do Solidariedade no Rio de Janeiro, que respondeu a diversos seguidores dizendo que a ação não partiu de seu núcleo e o assunto sequer passou por lá (veja na imagem ao lado).
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