Cruzeiro procura plano B por eventual saída de Felipão ao fim da temporada
As declarações do técnico Luiz Felipe Scolari depois da vitória do Cruzeiro por 1 a 0 sobre o Sampaio Corrêa, na última sexta-feira (8), ainda ecoam nos bastidores do clube. A falta de garantia de permanência por parte do treinador após o fim da Série B do Campeonato Brasileiro, como o UOL Esporte antecipou, faz com que a diretoria comece a pensar em outras opções caso aconteça uma eventual saída de Felipão.
Nomes que se destacaram na Série B podem surgir como opções na lista de interesses futuros em caso de despedida do pentacampeão do mundo no mês que vem. Mas a parte financeira vai pesar bastante, já que o clube vive um momento turbulento e está em crise econômica.
Felipe Conceição, atualmente no Guarani e com contrato até o fim de 2021 no Bugre, é um nome que desperta interesse, de acordo com informações preliminares. O time paulista ocupa a sexta colocação da Segundona, com 48 pontos, quatro a menos que o CSA, último a figurar no G4 que garante acesso à elite do Nacional.
Ontem (11), Scolari e o novo diretor de futebol cruzeirense, André Mazzuco, teriam a primeira reunião para tratar de assuntos de relevada importância para ambas as partes. Em pauta, as cobranças feitas pelo próprio treinador na entrevista ainda no estádio Castelão, em São Luís, no Maranhão.
Felipão reclama nos bastidores dos salários atrasados e da falta de perspectivas por parte da diretoria do Cruzeiro, que havia prometido no acordo para a chegada do comandante que o clube manteria os pagamentos em dia, o que não acontece desde o fim do ano passado.
Além de parcela do 13º salário, há pendências com parte da folha de outubro, a folha de novembro, a de dezembro, e agora a de janeiro também. A manutenção desse quadro de instabilidade financeira seria um fator acelerador para a saída do técnico.
"Bem, primeiro tenho que encontrar com o [André] Mazzuco, sentar e definir algumas situações, principalmente que estou vivendo no Cruzeiro. Que o Cruzeiro vive atualmente, situações que ele como diretor de futebol terá que dar uma segurança muito maior e uma série de perguntas que a gente vai fazer a ele", disse o treinador, sem cravar sua permanência.
O treinador deseja também receber reforços e pensa entre três a cinco contratações. No entanto, o Cruzeiro está impedido de registrar novos atletas até que quite dívida com o PSTC, clube do Paraná, por uma negociação em 2016, envolvendo o zagueiro Bruno Viana.
Em março deste ano a Raposa foi condenada a pagar R$ 1,3 milhão ao clube paranaense como parte da venda (20%) do atleta ao Olympiacos, da Grécia. A punição foi revelada em novembro do ano passado.
"Colocar uma série de nomes para contratações, três, quatro cinco nomes para contratações para o ano que vem, como vamos fazer uma pré-temporada. E ouvir dele o que ele tem para dizer. Depois, vamos aos poucos, adaptando, conversando até o fim do campeonato para ver o que vai acontecer", concluiu.
Segundo apurou o UOL Esporte, o departamento de futebol do Cruzeiro sabe que as exigências por contratações feitas por Felipão não poderão ser cumpridas, se depender da faixa salarial dos atletas desejados. A crise financeira pela queda substancial de receitas afeta em cheio os cofres do clube, que espera concretizar a venda do lateral direito colombiano Orejuela para amenizar a situação.
O treinador já deixou claro para a diretoria do Cruzeiro que está insatisfeito com os acordos firmados em sua contratação e não firmados desde então. Desde o último fim de semana o treinador passou a deixar claro o seu grau elevado de insatisfação.
Lisca
Destaque no América-MG, semifinalista da Copa do Brasil — foi eliminado pelo Palmeiras — e um dos fortes postulantes ao título da Série B do Brasileirão, foi procurado pelo Cruzeiro antes da chegada de Felipão. O treinador do Coelho falou a respeito de conversas que teve com o presidente Sérgio Santos Rodrigues e deu detalhes do que o dirigente desejava à época.
"Caso ele não assumisse [o Felipão], o Cruzeiro consultou minha pessoa, tive conversa com o presidente Sérgio. A gente abriu uma amizade legal, não era o momento certo. Cruzeiro estava numa situação difícil, tinha 1% de acesso. Presidente Sérgio me falou, é um trabalho de dois anos, mas se não tiver acesso, fica difícil. Entendi o recado, que era necessário o acesso para sequência de trabalho", contou Lisca em entrevista à Rádio 98 FM, de Belo Horizonte.
Lisca falou que Felipão tinha dúvida em assumir o Cruzeiro, porque recebia contatos de fora do país. "Não tenho motivo especifico [para negar a proposta], receber convite do Cruzeiro é uma honra, um sonho da minha vida. Tem muitos convites certos, na hora errada. Meu empresário é o mesmo do Felipão, estava por dentro de tudo que estava acontecendo. Cruzeiro vinha conversando com o Felipão, que tinha uma dúvida, vinha recebendo contatos de fora", falou.
"Queria muito fazer um trabalho a médio, longo prazo. A ideia do Cruzeiro era um trabalho de urgência. Coloquei ao presidente Sérgio que, com um trabalho de início, meio e fim, seria uma honra, mas optei pelo América-MG. Felipão manteve o time na Série B, e tenho certeza que o Cruzeiro fará grande trabalho no ano que vem", completou Lisca.
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