Ex-Flu, Roninho Germano encarou guerra: "helicóptero do exército no campo"
Aos 23 anos, o meia Roninho Germano já tem muita história para contar. Com passagens pelas categorias de base do Fluminense, ele defendeu dois times da quarta divisão italiana, encarou o frio da Polônia e até conviveu com uma guerra ao jogar na elite do futebol da Armênia.
Isso sem contar que o meia já morou na casa do ex-zagueiro da seleção Aldair, na Itália, e teve um encontro marcante com Ronaldinho Gaúcho. Sem clube desde dezembro, quando voltou para o Brasil, ele espera um rápido retorno aos gramados.
Início
Natual do Espírito Santo, Roninho foi campeão capixaba com apenas 12 anos e despertou o interesse do Fluminense. Após uma semana de testes, ele passou a morar em Xerém, em Duque de Caxias, onde ficou até os 15 anos. Dividir o quarto com outros jovens rendeu boas histórias e muitos aprendizados.
"Fiquei morando com outros garotos, sem pais, sem nada. Menino quando vai morar em alojamento assim vira adulto rápido. Era uma doideira. Lugar tranquilo, base boa", disse antes de lembrar uma resenha com Kenedy, do Chelsea e atualmente emprestado ao Granada-ESP.
"Ele era atentado demais. Demos R$ 10 para ele colocar a mão no formigueiro e ficar um minuto [risos]. Lembro dele treinando com a mão toda vermelha e inchada. Fez isso por causa de dez contos e hoje tá milionário [risos]", completou.
Após três anos, o Fluminense decidiu emprestar Roninho, mas ele não topou e fechou com o Horta, da Espanha, onde ficou por seis meses. "Morei em um apartamento com outro garoto. Ele foi para jogar no Espanyol e levou a mãe para fazer as coisas para gente lá", explicou.
Primeiro contrato e parceria com Aldair
Após voltar ao Brasil, se profissionalizou pelo Vitória-ES e assinou seu primeiro contrato profissional. Foi nessa época que iniciou uma grande amizade com Aldair. O ex-zagueiro da seleção brasileira tem filhos que moram no Espírito Santo e lá gostou do desempenho de Roninho.
Viraram parceiro de futevôlei e ampliaram ainda mais a amizade. A ponto do consagrado jogador oferecer sua casa na Itália para ajudar Roninho a dar sequência na carreira na Europa. Eles passaram a dividir a casa até que o jovem atleta fechasse com algum time. Passou por Notaresco e Campobasso, ambos da quarta divisão.
"Qualidade de vida foi muito boa, comida excelente. Ele me viu jogando, e a gente se aproximou. Viramos parceiros mesmo. Enquanto eu morava lá, a Chapecoense foi fazer um amistoso com a Roma e faltavam uns jogadores para completar o grupo. Me indicaram e participei de tudo lá por uma semana lá. Prazer absurdo conhecer o Alan Ruschel e Jackson Follmann", afirmou.
Terremoto e jantar com R10 na Itália
Além do período na casa de Aldair, Rominho teve outras passagens marcantes na Itália. Foi lá que ele passou por um dos maiores sustos da sua vida. Ele defendia o Campobasso e estava concentrado para mais uma partida, quando um terremoto causou pânico.
"Eram quase 8h da manhã e estava concentrado com um italiano no quarto do hotel para um jogo. Acordei com tudo balançando. De início pensei que era brincadeira do amigo, mas quando vi a lâmpada cair no chão e tudo tremendo percebi que era terremoto mesmo", conta.
"Desci três andares pela escada de emergência do hotel junto com os outros jogadores até chegar na rua. Foram uns 15 segundos de muito pânico. Mas depois lembro que teve muita resenha por causa do pijama quadriculado do treinador [risos]. Graças a Deus foi só um susto e ninguém se machucou", completou.
Apesar do susto, foi também em terras italianas que ele também realizou um sonho que jamais vai esquecer: jantou com Ronaldinho Gaúcho. E mais uma vez graças ao intermédio do parceiro Aldair.
"Foi na época que teve o jogo pela paz, em Roma. Maradona jogou também. Ronaldinho foi parceiro e humilde demais. Me deu uns conselhos para buscar ser feliz e ter sempre humildade. Aí chegou um monte de menina lá, mas aí tive que ir embora porque tinha treino no dia seguinte [risos]. Mas ele falou assim: 'Se quiser curtir, pode, mas tem que se garantir em campo no jogo seguinte'. Ele foi muito tranquilo e humilde, muito gente boa mesmo", elogiou.
Frio e guerra
Da Itália, Roninho seguiu para a Polônia, onde encarou experiências que jamais havia imaginado quando decidiu ser jogador de futebol. O frio extremo foi o principal adversário do brasileiro no leste europeu.
"Dentro de casa tem o aquecedor e é bem mais tranquilo. O problema é quando saía de casa para treinar e jogar naquele frio que chegou a -20°. Era complicado. Depois fui me acostumando. Jogar na neve foi uma experiência incrível. Tudo vira história para contar, ne?", se diverte.
No ano seguinte, mais um perrengue. Ele fechou com o Ararat Terevan, da primeira divisão da Armênia. Em campo tudo corria muito bem e foi um dos locais que mais animou Roninho na carreira. Mas havia um problema — um gravíssimo problema.
"A guerra acontece em uma região afastada chamada Nagorno-Karabakh, que fica no Azerbaijão. Quase toda população que mora lá é da Armênia. Os dois países têm uma briga antiga por essa região. O Azerbaijão é apoiado pela Turquia, e a Armênia pela Rússia. Uma vez levei um grande susto. Estava treinando e passaram uns helicópteros de guerra pertinho da gente, em cima do campo. Situação inusitada e que marcou. Mas fora isso só tenho coisa boa para falar do futebol lá. Joguei na primeira divisão lá e foi muito bom. No país também tem o monte Ararat, onde foi localizado a Arca de Noé", finalizou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.