Topo

Fluminense

Goleada mostra velhos problemas no Flu, 'maquiados' por virada sobre o Fla

Caio Blois

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/01/2021 04h00

O Fluminense foi goleado pelo Corinthians por 5 a 0 no Campeonato Brasileiro, mas os erros cometidos pelo Tricolor na Neo Química Arena estão longe de ser novidade no clube. Na verdade, a leitura, internamente, é de que muitos dos problemas apresentados pela equipe foram "maquiados" após a vitória de virada sobre o Flamengo.

Em que pese uma clara mudança de postura que gerou o resultado positivo no clássico contra o arquirrival, a equipe esteve longe de ter uma boa atuação no Fla-Flu. A repetição da escalação pela comissão técnica para o confronto direto com o Corinthians por vaga na Libertadores expôs os mesmos problemas: lentidão nas transições, espaços na marcação e pouquíssima criatividade.

"Acho que não se deveria mexer em um time que vinha de uma vitória sobre o Flamengo", admitiu Ailton após a derrota, para completar: "É muito cedo para achar que está tudo ruim. Sabemos que pecamos muito hoje, especialmente nas transições. Pegamos uma equipe qualificada, e sem conseguir fechar os espaços, sofremos. Tenho certeza que vamos ajustar o que precisa".

Com três volantes, ainda que sempre haja um malabarismo narrativo para modificar a nomenclatura da posição de Yuri, Hudson e Yago, o Tricolor não se tornou mais seguro na defesa, e como já era de se esperar, sentiu falta de um homem de criação.

Acionado no intervalo, Nenê, insatisfeito com a barração, teve má atuação e não deu nenhum motivo para mudar a ideia mais conservadora da comissão técnica para a equipe. Foi de seus pés que saiu o contra-ataque do segundo gol do Corinthians, e o meia de 39 anos pouco acrescentou nos 45 minutos que esteve em campo.

Repleto de veteranos em campo, o Flu se ressentiu mais uma vez de intensidade e velocidade, principalmente na defesa. Sem jogadores como André, Martinelli, Luiz Henrique e Marcos Paulo, a equipe foi inofensiva nos dois lados do campo.

"Tentamos repetir a mesma equipe, não tivemos um bom 1º tempo, tentei mudar, fazer o mesmo esquema tático que estava jogando o Corinthians, botando o Nenê à frente dos dois volantes. Mas nossa transição estava muito devagar. Com isso, pagamos caro", disse o técnico.

Cheio de veteranos, Fluminense virou um time lento e inofensivo nos dois lados do campo - DANILO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO - DANILO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO
Cheio de veteranos, Fluminense virou um time lento e inofensivo nos dois lados do campo
Imagem: DANILO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO

Lento, Hudson abriu espaços enormes que Cazares e Mosquito aproveitaram pelo lado direito, mudando de posição para confundir Danilo Barcelos e Wellington Silva, jogadores de limitada capacidade de marcação. Mais dinâmico do trio de volantes, Yago se desdobrava para cobrir o companheiro e quase não foi visto no campo de ataque. Recuado, Yuri não conseguiu evitar os problemas defensivos e ainda errou muitos passes na construção de jogo.

Se repetia até aqui a campanha que colocou a equipe no G-4 no primeiro turno do Brasileirão, o Flu agora se vê pressionado após a goleada — a pior sofrida nos quase 90 anos de história do confronto com o Corinthians — e precisa vencer o Sport, no sábado, às 19h, no Maracanã, para ganhar sobrevida na disputa por vaga na Libertadores.

A pressão se estende à comissão técnica: nos corredores do clube, sempre houve quem discordasse da efetivação de Marcão, e a sequência ruim fortalece a corrente favorável à contratação de um novo treinador, bem como as críticas dos torcedores, que por ora estão restritas às redes sociais com os portões fechados nos estádios. Se os resultados não aparecerem, o Fluminense, que não disputa a Libertadores desde 2013, pode ter uma mudança no cargo, ainda que, oficialmente, a diretoria afirme nem cogitar outra troca.

Fluminense