Presidente deposita esperança em projeto de S/A contra crise no Cruzeiro
O cenário financeiro do Cruzeiro é catastrófico, já que a dívida global do clube está na casa de R$ 1 bilhão, há acumulo de déficits no caixa da Raposa ao longo dos anos, quase 170 processos ativos na Justiça do Trabalho e pouca perspectiva de receitas para a próxima temporada. Uma das novas apostas da diretoria celeste é o Projeto de Lei 5516/2019, que tramita no Senado Federal, e que trata sobre clube-empresa.
Discutido pelos senadores e tendo possibilidade de ser aprovado, o projeto, na visão do atual presidente Sérgio Santos Rodrigues, é uma possibilidade de a atual cúpula cruzeirense dar nova cartada na tentativa de tirar a agremiação de situação tão calamitosa, já que tem faltado dinheiro para assuntos básicos, como salários.
"Se Deus quiser, o Rodrigo Pacheco [DEM-MG], que é nosso senador mineiro, vai ser presidente do Senado no dia 1º de fevereiro. Ele é autor do projeto e aí a gente já conversou (...) Para Minas Gerais, [a eleição de Pacheco] será muito boa. Tomara que dê certo. Depois, eles terão como prioridade [aprovação desse projeto] para ver se até março a gente tem essa lei aprovada", disse Rodrigues, em entrevista à Rádio 98FM, de Belo Horizonte.
A aprovação desse projeto que é discutido no Senado possibilitará proporcionará a possibilidade de criação do Sistema do Futebol Brasileiro, mediante tipificação da Sociedade Anônima do Futebol, com normas de governança, controle e transparência, instituição de meios de financiamento da atividade futebolística e previsão de um sistema tributário transitório.
"O Estatuto do Cruzeiro já prevê, logo no artigo 1º, que o Cruzeiro pode criar uma empresa para explorar o departamento de futebol, desde que o clube siga com 51% das ações. A gente vai criar uma S.A. do futebol, passar a exploração do departamento de futebol, não as propriedades do clube. A Toca I e a Toca II, por exemplo, a posse iria para a exploração do futebol, mas a propriedade seguiria com o Cruzeiro. Aí a S.A. paga aluguel para o clube, vira uma fonte de receita", explicou Sérgio Santos Rodrigues.
O mandatário da Raposa mudou de opinião desde que assumiu a cadeira presidencial. Em maio, pouco depois de ser eleito para o seu primeiro mandato à frente do Cruzeiro, Sérgio Rodrigues dizia que o modelo S/A não resolveria os problemas.
"É preciso aprovar estatutariamente a mudança para S/A e o simples fato de implementá-la não resolveria nossos problemas. A adoção da falência não é permitida pela natureza jurídica do Cruzeiro, uma associação civil sem fins lucrativos", explicou à época à revista Placar.
Desde outubro do ano passado o Cruzeiro, por meio de um grupo de estudos, analisa as melhores condições dentro do que é permitido pelo clube para implementar um modelo de clube empresa. O diretor executivo Sandro Gonzales lidera os trabalhos, ao lado de outros personagens, como o vice-presidente administrativo Edson Potsch, o diretor de operações Paulo Assis, o diretor financeiro Matheus Rocha, o executivo de esportes André Argola, o assessor da presidência Bruno Gervásio, o desembargador Moacyr Lobado e o advogado Fernando Drummond.
"Essa S.A. que vai explorar o futebol profissional e de base, 51% fica para o Cruzeiro, 49% de ações a gente vai negociar. É um modelo, basicamente, que o Estatuto do Cruzeiro adota para a lei alemã. Na Alemanha, a lei obriga que os clubes tenham pelo menos 50% mais 1% das ações da S.A. do futebol", completou.
Solução apontada antes
Transformar o Cruzeiro em uma S.A.F é a vontade antiga do empresário Vittorio Medioli, que atuou como CEO celeste entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Por diversas vezes ele apontou que a Raposa estava falida e que precisava de um modelo de administração que proporcionasse sua ressurreição.
"Profissionalizando o Cruzeiro, deixando o status de clube e montando uma empresa, uma S/A (sociedade anônima). Haverá ações, o torcedor poderá comprar, e num prazo curto, com todas as compliances cumpridas, abrimos o capital do Cruzeiro. Como os melhores clubes do mundo fizeram, dentro de regras de sustentabilidade e absoluta transparência (...) Faço exemplo da Juventus. Estava há muitos anos nas mãos da família Agnelli, que são os donos da Fiat, da Chrysler, da Jeep. Não é que fizeram grande mágica, mas reconduziram em nível de sustentabilidade. Hoje é um time que dos últimos 10 Campeonatos Italianos, ganhou nove títulos. Por que? Conduziu dentro do profissionalismo. Quem tem amor à camisa, tem que entender que precisamos recuperar nossa história", disse Mediolli em entrevista concedida ainda em janeiro do ano passado.
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