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Declarações fortes ajudam a explicar o fracasso do Cruzeiro na Série B

Repleto de problemas em várias frentes, Cruzeiro não será um dos promovidos à elite do Brasileirão - Fernando Alves/AGIF
Repleto de problemas em várias frentes, Cruzeiro não será um dos promovidos à elite do Brasileirão Imagem: Fernando Alves/AGIF

Do UOL, em Belo Horizonte

18/01/2021 04h00

Ainda faltam três rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro da Série B, mas para o Cruzeiro a luta por uma vaga entre os quatro melhores da competição já está perdida. No último sábado, a derrota de 1 a 0 para o Juventude sacramentou qualquer chance de acesso celeste, que ainda corre risco (mesmo que pequeno) matemático de cair para a terceira divisão. Ao longo da temporada, mas principalmente nas últimas partidas, algumas declarações de jogadores e do técnico Luiz Felipe Scolari ajudam a explicar como a Raposa foi parar nessa situação.

Faltou planejamento

Na saída de campo, após a derrota do último sábado, Fábio criticou o planejamento de "uma equipe que foi sendo montada ao longo da competição". Desde o início de 2020, os problemas sobre a montagem do elenco começaram lá em cima e foram afetando diretamente os níveis hierárquicos mais abaixo. No comando do futebol, foram três diretores desde então: Ricardo Drubscky, Deivid e agora André Mazzuco. No cargo de treinador, o clube começou com Adilson Batista, demitido ainda no estadual. Na pausa do calendário brasileiro devido à pandemia, Enderson Moreira assumiu o time, mas ficou só por oito jogos e se despediu deixando o Cruzeiro no Z-4. Por último, Felipão afastou o desespero de uma queda para a Série C, mas tampouco empolgou o torcedor, que já se divide sobre a continuidade do pentacampeão.

Punições e crise financeira

Fábio também citou outros problemas como a punição recebida pela Fifa, que determinou que o Cruzeiro iniciasse a Série B com a perda de seis pontos. Além dela, a falta de grana para pagar dívidas emergenciais também acarretou outra punição da mesma entidade, que impediu o clube registrar atletas. Jogadores como Matheus Índio e Ângulo apenas treinaram na Toca da Raposa. Quando a liberação para o registro de atletas ocorreu, ambos já não faziam mais parte dos planos. Para piorar, uma nova proibição de contratar jogadores foi dada ao Cruzeiro no final do ano passado e segue valendo até hoje. Com dívidas cada vez maiores e sem dinheiro entrando no caixa, seja por causa do adiantamento de cotas, da necessidade de pagar dívidas urgentes ou pela falta de receitas de bilheteria, por exemplo, a crise financeira chegou aos funcionários do setor administrativos e jogadores. Não bastassem os vários processos trabalhistas (os mais recentes do zagueiro Dedé e do jovem Jadsom Silva), o Cruzeiro está com suas pendências salariais atrasadas desde o mês de outubro.

Faltou qualidade

Outra frase que chamou atenção no último sábado foi a de Felipão. Embora tenha sempre reforçado que o objetivo celeste no ano fosse evitar o rebaixamento, o treinador reconheceu que chegou a pensar na possibilidade de conquistar o acesso em alguns momentos, mas revelou que "infelizmente não temos qualidade para sonhar com isso". A declaração tem relação direta com os jogadores que o técnico tem atualmente no plantel. Vale lembrar que 23 atletas foram contratados ao longo da temporada celeste. Hoje, nem metade desse número permanece com Felipão, sinal que muitos desses reforços foram contratados de forma equivocada e não mostraram o futebol esperado para ajudar o time.

"Estamos tentando tirar (mais do time), fizemos trabalho toda a semana, trabalhos com afinco, correção, ensinamentos, mas ensinamentos, às vezes, não tão captáveis assim, principalmente para dois, três jogadores, que têm tido atuações que deixam a gente muito preocupados", acrescentou.

Outro bom exemplo bastante sentido pelo torcedor é no setor ofensivo. Para se ter ideia, Rafael Sóbis retornou de forma gratuita ao Cruzeiro apenas no segundo turno da Série B e hoje é o artilheiro do time na temporada 2020/21, com cinco gols. Os outros jogadores que também possuem essa marca são o zagueiro Manoel e o meia Mauricio, que já deixou o clube e foi para o Internacional na negociação que envolveu Willian Pottker.

Vem mais por aí?

Por último, outra declaração importante dada pelo próprio Rafael Sóbis aumentou o alerta sobre novos e futuros problemas no Cruzeiro que ainda são desconhecidos. Quando foi derrotado em Belo Horizonte para o lanterna e já rebaixado Oeste, o atacante saiu de campo dizendo que "as pessoas não sabem ainda de 10% do que está acontecendo".

Certo é que a partir de agora o clube deverá se concentrar para garantir a permanência matemática o quanto antes na Série B. Depois disso, o Cruzeiro terá um mês para preparar seu plantel para o início do Campeonato Mineiro, precisando definir a situação de vários atletas e até mesmo saber se Felipão topará continuar no comando do time.

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