Quem é Eduardo Freeland, novo diretor de futebol do Botafogo
Contratado sob a confiança do presidente Durcesio Mello, Eduardo Freeland chegou ao Botafogo com a batuta para um projeto que a nova diretoria busca implementar no departamento de futebol. O acerto, porém, teve contestações internas e foi tema de debates.
Formado em Educação Física, Freeland tem especializações na área de gestão esportiva e atua, há anos, na base. Ele, inclusive, participou da reformulação das categorias inferiores do próprio Botafogo, quando conquistou, por exemplo, o Campeonato Brasileiro sub-20, em 2016. Até por isso foi um nome sempre bem quisto nos corredores de General Severiano. Ele também tem passagem pelo Cruzeiro e seu último trabalho foi no Flamengo, clube ao qual chegou em 2018 e acabou deixando para acertar o retorno ao Glorioso.
O perfil do novo diretor de futebol agrada à chapa eleita, que ainda caminha nas mudanças no clube e no departamento de futebol. Ele já era um alvo antigo uma vez que, para a cúpula, pode catapultar um projeto apontado como primordial para o clube neste momento: o aprimoramento da integração da base com o profissional e a criação de um DNA nas equipes.
A ideia é fazer com que esse olhar renda bons frutos dentro de campo, com uma boa utilização de jogadores criados no Glorioso, e também aos cofres, com consequentes negociações em valores significativos.
A relação de Freeland com o Botafogo é de longa data. Esta será a quarta vez que ele trabalha no clube, onde exerceu, praticamente, todas as funções na base: foi técnico de categorias iniciantes, coordenador técnico, gerente técnico e gerente geral.
Em recente entrevista ao "Fut Talks", organizado pela Universidade do Futebol, ainda como gerente da base do Flamengo, Freeland falou um pouco sobre a formação integral de um atleta.
"Entendo que todos nós somos indivíduos complexos. E por sermos complexos temos uma gama de aspectos a serem desenvolvidos em nós. Entendo que quanto mais plenos estivermos, em qualquer momento da vida, quanto mais capacidade e inteligência tivermos, melhor a gente produz o que for produzir. Melhor se relaciona em casa, no trabalho, no ofício. Formação integral para mim é isso, é proporcionar a ele [jogador] o melhor acervo possível de informação que ele, obviamente, tem a capacidade de aprender. Uma progressão pedagógica que cuide de todas as áreas que é responsável por desenvolver, que consiga potencializar, daquele indivíduo, o que ele pode ser enquanto atleta e para a sociedade", disse.
Freeland comentou ainda sobre o trabalho de desenvolvimento da inteligência e criatividade do jogador no contexto do futebol atual.
"Acho que esse modelo atual [do jogo futebol] acaba potencializando a inteligência. Claro que temos de ter cuidado muito grande... A formação é muito responsável por isso, e acho que estamos pecando nisso, que é devolver o jogo ao jogador. De certa maneira, o jogador, hoje, acaba tendo menos responsabilidades. Acho que o contexto protege mais, dentro e fora do campo. O jogador tem de ter uma capacidade de entender a dinâmica do jogo aguçada para jogar em altíssimo nível. O jogo está muito tático, mas a compreensão tática é tão imprevisível que a inteligência tem de ser desenvolvida para o jogador se adaptar a esse contexto", afirmou o novo diretor alvinegro, completando:
"Curiosamente, concordo um pouco mais com a questão da 'robotização' [em relação à criatividade]. A partir do momento que valoriza mais o jogo coletivo, que me agrada, acaba, porém, criando uma obediência tática em movimentos muito marcados, e perde um pouco a criatividade, que associo à autonomia. (...) Acho que tirando a autonomia do atleta, [você] o condiciona a seguir um protocolo e o faz ter decisões mais pragmáticas, mais óbvias"
O clube avalia também a chegada de mais uma pessoa para trabalhar com Freeland, mas tal negociação ainda esbarra em questões financeiras.
Debates internos
Por outro lado, a chegada do novo diretor gerou debates internos. Primeiramente, há quem acredite que falte a ele experiência para gerir um elenco profissional e isso pode pesar, ainda mais diante do conturbado momento pelo qual passa o Botafogo. Além disso, causou certo incômodo o fato de Freeland ter o nome ligado a antigas administrações do clube.
Ele ter trabalhado anteriormente com o técnico Eduardo Barroca, na base, também foi motivo de acusações. O futuro do treinador, porém, ainda é incerto e deve ser debatido em breve. Antes mesmo do acerto, Durcesio já demonstrava ser favorável à manutenção do comandante, elogiando o trabalho e indicando que gostaria de deixá-lo começar um projeto "do zero".
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