Inter: Diretor da base quer "formar vencedores" e olhar mercado estrangeiro
Felipe de Oliveira é o novo diretor-geral das categorias de base do Inter. Anunciado ontem (26), o advogado com formação em gestão de futebol, já iniciou o trabalho em um setor considerado estratégico pela atual direção do clube. A base é foi um dos pilares na campanha que levou Alessandro Barcellos ao cargo máximo no Colorado, e considerada peça fundamental no futuro do clube.
"Eu recebi este convite com muita satisfação. Justamente dentro de uma diretoria que tem como uma das principais preocupações e vê a base como algo estratégico. Fiquei muito honrado e feliz em poder voltar a trabalhar na base do Inter. Essa visão estratégica da diretoria para a base nos dá um respaldo importante, para os meninos também. Temos que ajudar no fortalecimento desta ideia", contou em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Felipe já havia trabalhado nas categorias de base do clube em 2000. Na ocasião, já esteve lado a lado com outra peça importante na engrenagem da formação de atletas do clube atualmente: Julinho Camargo. Além disso, trabalhou com Mano Menezes, Lisca, o executivo Jorge Macedo, todas figuras que passaram pela formação do Inter e hoje trabalham com destaque no futebol.
"Muita coisa mudou no futebol, temos um incremento de profissionalização, há muitas diferenças no trabalho. O que há de similar são as relações, as lógicas de relacionamento com profissionais, atletas, a compreensão das atividades que cada um desempenha. Hoje, em 2021, estou tão à vontade ou até mais que em 2000. Quero trazer o melhor daquela experiência para a base, foi uma experiência muito rica", disse.
"É necessário aprender a vencer"
Para Felipe, as categorias de base precisam entregar os jogadores prontos e qualificados para o clube, seja para atuar no time de cima ou serem colocados no mercado da bola. Mas, neste processo, um dos pontos é formar um espírito vencedor. Ou seja, no debate entre ganhar títulos na base ou formar jogadores, ele crê que ambos sejam importantes no caminho da formação.
"Dentro do processo de formação é necessário aprender a vencer. Faz parte do processo. A base precisa produzir jogadores para o clube, seja para o elenco ou para negociações que o clube venha a fazer. Não adianta vencer torneios de base e não produzir jogadores. Mas precisamos produzir jogadores que saibam vencer. E essa produção vai nos levar, consequentemente, às vitórias. Na base, não se pode jogar mal e vencer. Temos que jogar bem e vencer, este é o ideal. Até podemos jogar bem e perder, mas jogar mal não produz resultado positivo para a base", contou.
Modelo de jogo e dificuldade na distância
O Internacional não quer que seus "pratas da casa" sejam alinhados com apenas um modelo de jogo. No processo de construção do atleta, ele precisa estar apto a atuar nos mais diferentes estilos.
"Isso faz parte da inteligência técnica do atleta. É fundamental saber jogar em qualquer modelo. A direção trouxe o Julinho Camargo, que está atuando neste meio de campo entre a base e o principal. Entendemos que a comissão técnica do principal tem as atribuições dela, e que precisamos dar atenção aos meninos que sobem, com um trabalho especificamente dedicado a eles", explicou.
Ainda neste tema, o Colorado sofre com a distância entre o CT Parque Gigante — onde trabalha o principal — e o CT Morada dos Quero-Queros — da base. Há projetos de aproximação, porém, só serão levados adiante após a conclusão do Brasileiro, para evitar que se tire o foco do período decisivo.
Estrangeiros e "pré-prontos" ou formação desde o início
No bate-papo com a reportagem do UOL Esporte, Felipe ainda foi questionado sobre assuntos que tomam os setores de formação dos clubes brasileiros. O primeiro deles é a participação de estrangeiros no processo. O Inter, por exemplo, conta com jogadores como Amaya, Lujan e Zalazar, um colombiano e dois argentinos, nos times inferiores. Recentemente, um atleta de Guatemala, também com passagem pela base vermelha, foi atuar na Inglaterra.
"Levando em consideração questões técnicas, de adaptação, humanas, físicas, penso que não há empecilho para pensarmos em jogadores de outros mercados [estrangeiros]. Devemos estar abertos a isso. Quando tratamos de jogadores, pensamos no aspecto físico, técnico, tático, emocional, humano... Conseguindo estabelecer isso, acho que não há problema algum que sejam estrangeiros", opinou.
Além disso, outro tema pertinente na formação é o modelo de atleta procurado. Uma formação plena, desde as escolinhas do clube, ou a contratação de atletas na fase final do processo, os chamados "pré-prontos".
"Eu acho que há espaço para os dois. Não podemos virar as costas para meninos que chegam aos 9 anos na Escola Rubra e que podem chegar ao time profissional nem para o que acontece em outros clubes e jogadores de idade mais avançada. Temos espaço para todos. Vários exemplos vão mostrar que há sucesso nos dois modelos. A primeira forma de errar é achar que temos a resposta certa, definitiva. Não existe fórmula certa, as duas vertentes podem produzir resultado", finalizou.
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