'Pai das diretas' no Vasco relata tensão pré-eleição: "Ameaças de morte"
Aos 82 anos, Faues Cherene Jassus, mais conhecido no Vasco como Mussa, já viveu muita coisa dentro do clube. Somente como conselheiro, por exemplo, são mais de 40 anos. Nada, porém, chegou próximo ao que vivenciou comandando o último processo eleitoral como presidente da Assembleia Geral, atualmente o cargo mais 'espinhoso' do Cruz-Maltino.
Isolado entre os cinco poderes vascaínos, ele se manteve firme no propósito de levar à frente a proposta das eleições diretas e, posteriormente, a votação híbrida do pleito presidencial. Neste período, além de ser alvo de movimentações de afastamento do cargo, enfrentar uma batalha judicial e sofrer centenas de ataques virtuais em seu celular privado — a maioria de apoiadores do ex-candidato Leven Siano — recebeu até mesmo ameaças de morte.
"Foi muito desgastante, sofri muitas ameaças. Ameaças para mim, minha família, até ameaças de morte. Meus filhos e irmãos pediam que eu renunciasse, mas não aceitei porque o Vasco não merece isso, merece estar no lugar que sempre esteve, disputando títulos. E o Vasco estava se apequenando, todo ano a eleição parando na Justiça... Fiquei firme até o final. Hoje é um dia de alegria, mas passei por momentos difíceis", desabafou Mussa ao UOL Esporte no dia da posse do presidente Jorge Salgado.
Vilão para os apoiadores do ex-candidato Leven Siano e herói para os demais vascaínos, Mussa foi extremamente aclamado tanto na posse dos conselheiros quanto na de Salgado. Nas redes sociais, até mesmo alguns perfis foram criados em homenagem ao dirigente.
"Eu tive muitos elogios, acho que não mereço tantos quanto estou recebendo, mas eles querem e estou aqui para servir ao Vasco. Sou benemérito, estão falando que vão me dar a grande benemerência. Se vier, tudo bem, se não vier, tudo bem também. O que me interessa é a vitória do Vasco, meus netos sorrindo e as crianças felizes. O Vasco passou por momentos difíceis, mas pelo que eu vi dessa diretoria do Salgado, tenho certeza que esse quadro de conselheiros vai marcar história. Os 150 conselheiros sempre do lado do bem. Não tem que pensar mais em política. Acabou. Vamos pensar para frente, pensar no Vasco grande", disse.
"Campello foi um dos maiores culpados"
Aliviado com o que parece ter sido o fim do processo eleitoral — embora ainda corram processos na Justiça — Mussa revelou mágoa com o ex-presidente Alexandre Campello. Em sua avaliação, o ex-mandatário teve grande parcela de culpa em toda a confusão que ocorreu antes, durante e após o pleito presidencial.
"Acho que o presidente Campello foi um dos maiores culpados de tudo isso. Não quis me dar apoio na hora que o Vasco estava mais precisando, estava pensando só em se reeleger e esqueceu do Vasco. E tudo o que ele fez, foi para atrapalhar e jogar a eleição para o final. O presidente da Assembleia Geral que tem todo o poder de marcar a eleição, e não sei porque ele marcou a eleição para São Januário. E foi por isso que teve toda aquela confusão. Alguém deve ter pedido a ele que fizesse isso. Nem sei se foi por querer ou não, mas fez muito mal ao clube e deu toda essa confusão. Uma coisa que eu tenho certeza é: fiz o que tinha que ser feito", destacou.
Desgastado com todo o processo eleitoral, Mussa agora quer descansar com a família e ser um vascaíno "comum", sem ocupar cargos. Uma promessa, inclusive, que foi feita à sua esposa.
"Eu prometi à minha esposa que não aceitaria mais cargo nenhum, mas estaria sempre ao lado do Vasco. Se o Vasco precisar de mim, estarei sempre à disposição para ajudar o meu clube", frisou.
Novo presidente da Assembleia Geral quer próxima eleição sem nenhuma ação
Quem assumiu a cadeira de Faues Cherene Jassus foi o benemérito Otto Carvalho. Segundo ele, sua grande missão é entregar uma eleição do Vasco em 2023 sem nenhuma ação judicial. Para isso, quer arregaçar as mangas e executar transparência no quadro social do clube desde já.
"A esperança é que em 2023 a grande notícia da imprensa seja: 'Vasco realiza eleições surpreendentemente sem nenhuma ação judicial'. E como isso funciona? É uma vontade política que tem que partir do presidente, porque é uma esfera administrativa. Na eleição anterior foram 180 mil nomes [na lista de sócios], nesta foram 108 mil... E aí entra a parte da secretaria de comunicação, junto com a presidência, e a gente [Assembleia Geral] vai trabalhar em conjunto. Eu tenho que fiscalizar e cobrar para que isso aconteça não no último ano. Temos que, desde o primeiro momento, se debruçar nisso. O Vasco tem que ter uma lista de sócios adimplentes mensalmente, de forma transparente, porque chega lá na frente não terá contestação", avaliou.
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