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Rivais Atlético e Cruzeiro encaram protestos das organizadas nas ruas de BH

Atleticanos e cruzeirenses aumentaram número de protestos contra os clubes nos últimos dias - Vamos com tudo CEC e reprodução
Atleticanos e cruzeirenses aumentaram número de protestos contra os clubes nos últimos dias Imagem: Vamos com tudo CEC e reprodução

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

28/01/2021 04h00

Vivendo situação distinta dentro e fora de campo, Atlético-MG e Cruzeiro possuem uma importante similaridade: ambos os clubes convivem com manifestações de torcedores atualmente. Atleticanos e cruzeirenses insatisfeitos, cada um com suas demandas e particularidades, seja pelo momento ruim da equipe ou questões políticas, resolveram ganhar às ruas de Belo Horizonte para protestar e cobrar das respectivas diretorias.

Enquanto as reclamações do lado alvinegro da cidade ganham força pela irregularidade de um time que recebeu aproximadamente R$ 200 milhões em investimentos no elenco, mas desperdiça pontos contra equipes que lutam contra o rebaixamento, a parte azul passa por tensões que vão desde o futebol propriamente dito (permanência na Série B), às críticas diretas ao atual presidente Sérgio Santos Rodrigues, ao lado político e à crise financeira "sem tamanho" que acomete os cofres do clube.

Bronca atleticana

Os torcedores do Galo, mais precisamente membros da maior organizada ligada ao clube, a Galoucura, orquestraram só nesta semana três manifestações contra o desempenho do time de Jorge Sampaoli. Na última segunda-feira (25), um grupo levou faixas à porta da sede atleticana no bairro de Lourdes, região nobre da capital mineira. Os dizeres estampados em cada tira de tecido reclamavam do seguinte: "muito investimento e pouco futebol" e "exigimos raça, vontade e compromisso".

Na terça (26) mais dois eventos, um no Mineirão, palco do jogo contra o Santos, e outro na porta da Cidade do Galo, o centro de treinamento alvinegro. Dentro do estádio as mesmas faixas do protesto anterior foram afixadas, mas retiradas antes mesmo do início do jogo por demanda da diretoria atleticana. Na entrada do centro de treinamento, centenas de torcedores organizados criticaram efusivamente o técnico argentino: "Sampaoli, seu vacilão, ganhar do Santos já é obrigação", cantaram os manifestantes.

O clima ficou ruim após a derrota no último fim de semana por 3 a 2 para o Vasco, time que está nas últimas posições na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro e briga para não ser rebaixado.

O protesto que citou nominalmente Jorge Sampaoli irritou o treinador, que cogita até deixar o clube ao fim da temporada pelos acontecimentos recentes. "Se antes ele estava certo de ficar, agora não mais", comentou uma fonte à reportagem sobre a irritação do argentino.

No fim do dia, o Galo bateu os paulistas por 2 a 0, com dois gols do venezuelano Savarino.

Crise no Cruzeiro

Os bastidores políticos acirrados no Cruzeiro, a má fase do time dentro de campo, as dívidas em alta elevação e a permanência pelo segundo ano consecutivo na Série B do Campeonato Brasileiro — único grande clube a alcançar esse feito negativo — irritam os cruzeirenses. Tanto que há um claro rompimento de boas relações entre a maioria das torcidas organizadas e a atual diretoria do clube.

Segundo apurou o UOL Esporte, membros da cúpula azul tentaram por algumas vezes levantar uma bandeira branca com os torcedores, convocando-os pare reuniões a portar fechadas na tentativa de melhorarem a relação entre as partes, mas todas sem sucesso. Os organizados reclamam que a atual presidência não dá voz aos cruzeirenses e mantém uma política contrária aos anseios da torcida.

Por causa desta diferenças, um novo protesto já está oficialmente convocado para amanhã (29), na porta da sede administrativa do Cruzeiro, no Barro Preto, bairro da região centro-sul de Belo Horizonte.

As cobranças públicas e divulgadas nos perfis das torcidas organizadas é que o protesto acontecerá pelas saídas dos dirigentes Devid e Benecy Queiroz, exigência de um "planejamento decente" no departamento de futebol, expulsão dos conselheiros que foram remunerados contrariando o estatuto do clube na gestão Wagner Pires de Sá, mais transparência do atual presidente e "voz mais ativa" da torcida no clube.

Esse é o segundo protesto de torcedores do Cruzeiro em menos de 15 dias. Em 20 de janeiro, antes e durante a partida contra o Operário, pela Série B do Brasileiro, no estádio Independência, membros de organizadas se manifestaram contra o atual presidente. Faixas foram levadas aos arredores do estádio com os dizeres: "Sérgio mentiroso", direcionadas a Sérgio Santos Rodrigues, o atual mandatário celeste.

A reportagem tentou ouvir os dois clubes sobre os protestos e deixa o espaço aberto para que cada um, tanto Atlético-MG quanto Cruzeiro, se pronunciem oficialmente sobre as manifestações dos torcedores.