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Flamengo revive 2019 em nove minutos contra Grêmio e volta acreditar no bi

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

29/01/2021 04h00

Por nove minutos de tirar fôlego, a torcida do Flamengo conseguiu se lembrar do time que a encantou em 2019. Os três gols anotados entre os minutos 12 e 21 do segundo tempo, encaminhando importante virada sobre o Grêmio, ontem (28), agora podem ser um combustível na briga do Rubro-Negro pelo título do Campeonato Brasileiro por diversos motivos.

Primeiro, o mais pragmático: a equipe assumiu a vice-liderança, a quatro pontos do Internacional —ou, nas palavras de Arrascaeta, "pertinho" do líder. E, para constar, todos os jogos que estavam pendentes pelo Brasileirão foram zerados. As contas na disputa pela ponta ficam, então, bem mais simples.

Agora, se é para tentar uma arrancada na reta final da competição em uma caça ao Colorado, nada melhor do que ver seu talentoso quarteto ofensivo jogar bem em conjunto. Eles encadearam uma série de ataques que foram devastadores para a defesa do Grêmio, que, até então, era a menos vazada do Brasileirão —no que saltaram de 27 para 31 gols sofridos, estão empatados em segundo, com Palmeiras e Athletico-PR, enquanto o Inter levou 30. A falta de confiança e pontaria dos homens de frente vinha sendo uma constante nas rodadas de oscilação da equipe.

E, em Porto Alegre, não foi só questão de empurrar a bola para a rede. Gabigol, Bruno Henrique e os meias Arrascaeta e Everton Ribeiro reativaram suas conexões com boa movimentação e recriaram, no breve intervalo de nove minutos (10% do tempo regulamentar), aquele futebol que deu ao técnico português Jorge Jesus um status praticamente mítico na Gávea.

Se Gabigol foi dominante, com um gol e duas assistências —e um abraço em Ceni ao comemorar o triunfo—, o Flamengo também celebra o fim de jejum para Everton Ribeiro. O camisa 7, que vinha sendo contestado e viu seu nome envolvido no noticiário do mercado da bola, marcou novamente após quase dois meses —seu último gol havia sido no clássico com o Botafogo, em 5 de dezembro.

Fôlego para Ceni

Por fim, Rogério Ceni ganha mais alguns dias de tranquilidade, pelo menos até o Flamengo voltar a campo na próxima segunda-feira (1), contra o Sport. O treinador também pode se animar e, quem sabe, consiga cumprir a promessa de resgatar o estilo de jogo idealizado por Jorge Jesus, tal como anunciou em sua primeira coletiva como o comandante rubro-negro.

"No segundo tempo, o Flamengo, que venceu o Grêmio por 4 a 2 na noite desta quinta-feira em Porto Alegre, teve momentos do time campeão, o time de 2019. Movimentação no ataque, Gabigol em grande jornada, chances criadas, perdidas (na verdade estamos em 2021) e convertidas, todas após o intervalo".
Mauro Cezar Pereira, colunista do UOL Esporte

Quando chegou ao Flamengo, em novembro, Ceni havia prometido um time ofensivo, que gostasse "da bola": "O mais ofensivo possível. Fiquei muito tempo no gol, quero ficar o mais longe [do gol] possível. De acordo com a qualidade técnica, o Flamengo gosta da bola. Ideia é sempre tentar o gol, o importante é o gol. A favor, claro (risos). Gosto de jogar com o máximo de atacantes possível, com velocidade, habilidade. Essa é a área que mais gosto de mexer", disse, à época, o então recém-contratado treinador, que completou:

"Tudo que for positivo [do estilo do Jesus]. Eu gosto do estilo. A marcação alta, intensidade. Depende bastante da questão física. Vamos utilizar boa parte disso", afirmou.

A caminhada no clube da Gávea, porém, se comprova mais difícil do que poderia imaginar. Com eliminações na Libertadores e Copa do Brasil e uma equipe que vem oscilando no Brasileiro, o treinador já viu seu cargo sob ameaça. Sua permanência para a próxima temporada ainda é incerta. A vitória de ontem, porém, ao mesmo tempo que impulsiona o Flamengo para a briga pela liderança, lhe deu uma sobrevida. Resta saber se a equipe vai conseguir responder com mais regularidade. De preferência, à la 2019.