Polícia indicia Ramírez, do Bahia, por injúria racial contra Gerson, do Fla
Policiais civis da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciaram, hoje (4), o atacante Ramírez, do Bahia, pelo crime de injúria racial contra Gerson, do Flamengo. O caso aconteceu no dia 20 de dezembro, em confronto no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que vai decidir se apresentará denúncia.
A acusação foi feita pelo próprio Gerson, logo após o apito final. Na ocasião, ele afirmou que Ramírez disse "cala a boca, negro" durante uma discussão que aconteceu no segundo tempo do duelo.
O volante rubro-negro prestou depoimento ao Decradi, no Centro do Rio de Janeiro, dois dias depois da partida. O atacante do Bahia e outros envolvidos também foram ouvidos.
Em nota, o Decradi aponta que "testemunhas foram ouvidas, a súmula do jogo e imagens da partida foram analisadas e comprovam a indignação imediata de Gerson ao ouvir a ofensa racial. Além disso, em depoimento, seus companheiros de equipe acrescentaram que o jogador ficou muito abalado com a agressão, cabisbaixo e apresentou comportamento diferente do normal no vestiário e se recusou a encontrar parte do elenco após o jogo, pois estava triste com o fato ocorrido".
Ainda segundo a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, Ramírez, em depoimento, negou a injúria racial e garantiu que disse apenas "joga rápido, irmão".
Além da esfera criminal, o caso também corre no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O depoimento de Gerson, Bruno Henrique e Natan, jogadores do Fla, estava marcado para ontem (3), mas eles não compareceram e as investigações vão seguir sem tais participações.
Rodrigo Dunshee, vice-presidente jurídico do Rubro-Negro, explicou a ausência dos atletas no STJD. O dirigente apontou intransigência do tribunal, que não levou em conta o pedido de remarcação do jogo de hoje (4) contra o Vasco, o que, de acordo com o Fla, inviabilizou a presença dos membros do elenco. Os rubro-negros alegaram que o momento não permite desconcentração.
"Se o relator não quer adiar, o problema é dele. Ele acha que o processo é mais importante que o Brasileiro. No âmbito esportivo, poderia haver uma punição aqui ou ali, mas isso não repara o racismo. O Bahia não é nosso inimigo, ele (Ramírez) vai responder no âmbito criminal. A questão é de polícia", disse Dunshee ao UOL Esporte.
Veja nota da Polícia Civil:
"Policiais civis da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) indiciaram, nesta quinta-feira (04/02), o jogador Ramirez, do time de futebol do Bahia, pelo crime de injúria racial contra Gerson, do Flamengo. No dia 20 de dezembro de 2020, durante uma partida de futebol entre os dois clubes, o atleta do rubro-negro alegou ter sido chamado de negro pelo jogador da equipe baiana.
O fato aconteceu logo após o gol do Bahia. Bruno Henrique, atleta do Flamengo, fingiu dar um chute na bola e Ramirez reclamou. Gerson teria dito algo após a saída de bola. Neste instante, o jogador da equipe baiana passou correndo ao seu lado e teria dito: "Cala a boca, negro". Tal frase motivou a imediata indignação de Gerson pela ofensa racista, que reclamou com o árbitro do jogo e com o treinador do Bahia.
O inquérito para investigar o ato foi instaurado do dia seguinte ao duelo. De acordo com a Decradi, testemunhas foram ouvidas, a súmula do jogo e imagens da partida foram analisadas e comprovam a indignação imediata de Gerson ao ouvir a ofensa racial. Além disso, em depoimento, seus companheiros de equipe acrescentaram que o jogador ficou muito abalado com a agressão, cabisbaixo e apresentou comportamento diferente do normal no vestiário e se recusou a encontrar parte do elenco após o jogo, pois estava triste com o fato ocorrido. Em depoimento, declarou que ficou tão indignado que após o encerramento da partida, ainda no gramado, precisou desabafar a indignação durante uma entrevista. Ramirez, no entanto, negou a injúria racial e afirmou que apenas disse "joga rápido, irmão".
Segundo a Decradi, as investigações comprovam a dinâmica do fato e a versão da vítima, desde o momento em que disse ter sofrido a agressão injuriosa por preconceito até seu comportamento após o término da partida".
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