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Mundial de Clubes - 2020

Egípcios fazem festa diante do Bayern e creem em vitória contra o Palmeiras

Torcedores do Al Ahly acompanham o clube egípcio em Doha - Tiago Leme/UOL
Torcedores do Al Ahly acompanham o clube egípcio em Doha Imagem: Tiago Leme/UOL

Tiago Leme

Colaboração para o UOL, em Doha (Qatar)

08/02/2021 22h09

Jogando praticamente em casa, o Al Ahly demonstrou coragem e teve alguns bons momentos ofensivos nesta segunda-feira diante do poderoso Bayern de Munique, apesar da vitória incontestável dos alemães, por 2 a 0, pela semifinal do Mundial de Clubes. Mas mesmo sofrendo pressão do adversário quase todo o tempo, os animados torcedores egípcios compareceram em bom número, fizeram festa e apoiaram o time nas arquibancadas do estádio Ahmed bin Ali, em Al Rayyan, nos arredores de Doha.

Mesmo com a pandemia do coronavírus e o fechamento das fronteiras do Qatar para o turismo, a grande presença da torcida do Al Ahly tem explicação. Os egípcios são a quarta maior comunidade de estrangeiros morando no país do Oriente Médio, com 300 mil pessoas, atrás apenas da Índia, Bangladesh e Nepal, formando quase 10% da população total de 2,8 milhões. Apenas cerca de 25% dos habitantes são qataris.

Com isso, o palco da partida desta segunda estava bem mais cheio em comparação com o estádio Education City, no dia anterior, quando o Palmeiras foi derrotado pelo Tigres, do México, por 1 a 0. A casa do Al Rayyan tem capacidade para 40 mil pessoas, mas apenas 30% desses lugares poderiam ser ocupados por causa da Covid. Além dos qataris, os egípcios eram a grande maioria.

"Temos uma comunidade muito grande aqui no Qatar, são países próximos, por isso temos uma grande torcida neste campeonato. Foi uma festa bonita hoje, nosso time foi corajoso, mas sabíamos que era praticamente impossível ganhar do Bayern, que é o melhor time do mundo. Mas agora temos chances de ganhar do Palmeiras na disputa do terceiro lugar", disse o egípcio, Ahmed Mohamed, que é comerciante em Doha e estava no estádio acompanhado dos dois filhos.

Al Ahly no Mundial - Tiago Leme/UOL - Tiago Leme/UOL
Torcedores do Al Ahly dão ao Mundial de Clubes um pouco mais de vibração nas arquibancadas
Imagem: Tiago Leme/UOL

Na quinta-feira, ao meio-dia (horário de Brasília), Palmeiras e Al Ahly se enfrentam valendo a terceira colocação do Mundial. Estar fora da decisão e disputar esta partida pode ter sido uma decepção para os palmeirenses, mas os torcedores do time egípcios pensam bem diferente. A equipe do Norte da África quer repetir a sua melhor campanha no torneio, na edição de 2006, quando ficou em terceiro lugar ao ganhar do América, do México, por 2 a 1, depois de ter perdido para o campeão Internacional na semifinal.

E apesar de demonstrarem respeito pelo Alviverde paulista, a maioria dos egípcios que conversou com a reportagem do UOL Esporte após a derrota para o Bayern demonstrou confiança em um resultado positivo na quinta-feira.

"Sabemos que o Palmeiras tem um time forte, é o campeão da América. O Brasil sempre tem grandes jogadores, nós também somos fãs do futebol brasileiro. Mas eu assisti ao jogo da semifinal contra o Tigres e achei que o time não foi bem. Então, acho que podemos ganhar e terminar na terceira posição. Temos um time rápido e guerreiro. Vamos ganhar na quinta", afirmou o estudante Sayed Hassan, que estava acompanhado de amigos no estádio Ahmed bin Ali.

Apesar do grande número de egípcios residentes no Qatar, a relação política entre os os dois países ficou abalada por mais de três anos e só foi retomada agora no início de 2021. O Egito, além de outras nações árabes como Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Iêmen e Líbia, cortou os laços diplomáticos com o governo qatari, que foi acusado por eles de se intrometer em assuntos externos e de apoiar o terrorismo.

O torcedor Ahmed Mohamed se mostrou aliviado com o restabelecimento das relações amigáveis entre o seu país de origem e a nação onde vive há 15 anos. Ele também acredita em uma vitória do Al Ahly diante do Palmeiras. Se isso acontecer, ele garante que terá um momento ainda mais inesquecível no Qatar em comparação ao que aconteceu no Mundial de 2019, quando ele pôde ver o seu maior ídolo no futebol em ação em Doha.

"No Mundial de 2019 o Salah estava aqui. Ele é um dos melhores atacantes do mundo, já mostrou o alto nível dele por muito tempo jogando na Europa. Lembro bem daquela final aqui do Liverpool contra o Flamengo, foi uma oportunidade única ver meu ídolo jogando aqui perto da minha casa e ainda sendo campeão. Mas ainda melhor do que isso será ver o Al Ahly, que é minha grande paixão, ganhar de uma equipe brasileira e terminar o campeonato podendo comemorar. Seria um sonho", finalizou o fanático pelo clube mais vitorioso do Egito e um dos mais populares do mundo.