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'Abuso se torna rotina': ex-árbitro detalha ameaças sofridas na carreira

Mark Clattenburg, hoje chefe de arbitragem na Grécia, fez carreira na Premier League - Ian Walton/Getty Images
Mark Clattenburg, hoje chefe de arbitragem na Grécia, fez carreira na Premier League Imagem: Ian Walton/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

09/02/2021 07h51

"Como árbitro, o abuso se torna rotina". É com esta frase que o ex-árbitro Mark Clattenburg, nome famoso no Campeonato Inglês, iniciou um artigo no Daily Mail sobre ameaças sofridas pelos juízes de futebol.

O texto se deu após Mike Dean, outro nome conhecido do apito britânico, pedir o seu próprio afastamento temporário por conta de ameaças virtuais. Clattenburg revelou que também passou pela mesma situação em sua carreira, detalhando o nível de algumas mensagens.

"Hoje sou chefe de arbitragem [na Grécia]. Mas eu costumava receber cartas em minha casa. Meu carteiro, pensando que estava me fazendo um favor, me entregava. Alguns dos abusos foram vis e, sim, houve ameaças. 'Vou fazer isso e aquilo com você, sua esposa, seus filhos...'. Eu denunciei à polícia, mas, dado o anonimato de tudo, ninguém foi preso ou condenado", prosseguiu Clattenburg.

O britânico de 45 anos escreveu ainda sobre a importância de as redes sociais coibirem este tipo de prática, condenando a inércia destas ferramentas.

"Agora é ainda mais fácil para eles chegarem até você, como Mike Dean descobriu. Eles simplesmente encontram você - ou um membro da família - nas redes sociais e falam coisas vis em você de uma conta sem foto. É doloroso. É assustador. Pior de tudo, é o que as empresas de mídia social estão permitindo que aconteça. A Premier League [Campeonato Inglês] pode fazer muito a respeito? Não. O PGMOL [órgão responsável pela arbitragem inglesa]? Não. Twitter? Com certeza eles podem. Eles deixaram isso acontecer. Ainda sou abusado porque sou o chefe de arbitragem da Federação de Futebol da Grécia."

Por fim, ainda no artigo para o Daily Mail, Clattenburg elogiou o ex-colega Mike Dean e afirmou que os árbitros não erram de maneira proposital. "São humanos. Eles cometem erros no calor do momento. Eu mesmo errei muito, mas existe uma linha. Infelizmente, com a mídia social, essa linha é cruzada com muita frequência."