Mundial mostra Qatar quase pronto para Copa. Mas falta um teste importante
Classificação e Jogos
Faltando aproximadamente um ano e nove meses para o início da próxima Copa do Mundo, o Qatar se mostra quase pronto para sediar a competição. Pelo que foi mostrado no Mundial de Clubes, que terminou ontem (11) com o título do Bayern de Munique, o país apresentou uma estrutura física de alto nível, com estádios, centros de treinamentos, sistema de transporte e outros estabelecimentos. A pandemia e a falta de turistas, porém, impediu que fosse testada a logística com a presença de milhões de torcedores de todo o mundo.
A reportagem do UOL Esporte pôde conferir de perto essa estrutura e também os pontos de preocupação. Quatro dos oito estádios que serão usados na Copa já estão prontos, e os demais serão finalizados até o fim deste ano, quando acontece o último grande evento teste. Em dezembro, será realizada a Copa das Nações Árabes, com 22 seleções da região.
Os estádios Education City e Ahmed bin Ali receberam os jogos do Mundial de Clubes e foram aprovados, assim como Khalifa, que sediou a edição de 2019 da competição. Palco da grande final da Copa de 2022, o estádio Lusail está na fase final das obras e terá capacidade para 80 mil pessoas.
O Comitê Organizador também já apresentou às federações nacionais as opções dos locais onde cada seleção ficará baseada e fará seus treinamentos. O Palmeiras, por exemplo, ficou nas modernas instalações da Aspire Academy, centro de excelência que é um dos orgulhos qataris e será utilizado pela equipe local na Copa. A cidade de Doha também apresenta boa estrutura, com destaque para o amplo e novo metrô, que foi inaugurado em 2019, conta com três linhas, 76 quilômetros de extensão, 37 estações e chega perto de todos os estádios.
Presente em Doha, Gianni Infantino, presidente da Fifa, aprovou a organização do torneio de clubes com os campeões continentais e destacou a presença de público, mesmo que a capacidade dos estádios estivesse limitada a 30% por causa da covid.
"Este torneio é importante para enviar ao mundo uma mensagem de que o futebol voltou à vida, especialmente se estamos falando de uma situação muito difícil. Todos em Doha fizeram um ótimo trabalho. Nós pudemos organizar um Campeonato Mundial, com uma capacidade de 30% do estádio, claro que eu queria que a capacidade do estádio fosse 100%, mas isso é impossível, então 30% é bom", afirmou, em entrevista ao canal britânico BBC.
Infantino afirmou que o que foi observado agora no Qatar traz confiança de que a Copa do Mundo poderá ser organizada com a presença de torcedores em segurança.
"O clima estava maravilhoso no torneio, isso aconteceu graças à implantação de um protocolo e um sistema de saúde seguro que atendeu aos detalhes com precisão. Isso manda uma mensagem importante de que estamos aqui no Qatar e podemos organizar a Copa do Mundo com segurança e proteção para todos os participantes".
Por outro lado, também há um sinal de alerta ligado em outro ponto. Por causa do coronavírus, as fronteiras do Qatar estão fechadas para turistas, e apenas os residentes puderam ir às partidas desta vez. Por mais que no Mundial de 2019 milhares de flamenguistas tenham "invadido" a cidade para o duelo contra o Liverpool, o número de torcedores foi pequeno em relação ao que se espera para o próximo ano.
A expectativa é que cerca de 1,5 milhão de estrangeiros desembarquem para assistir à Copa de 2022, quantidade que é mais da metade da população do Qatar. Serão 32 seleções e pessoas de nações e culturas completamente diferentes em um país de dimensões territoriais equivalentes à cidade de Manaus. E a maioria dos estádios está concentrada ao redor da capital Doha. Para aumentar as ofertas de quartos de hotéis, navios de cruzeiro ficarão atracados no porto e servirão como hospedagem.
As rígidas regras qataris, local com religião islâmica, são um ponto de atenção aos visitantes de culturas mais abertas. Entre os costumes, estão a restrição da venda de bebidas alcoólicas apenas em lugares específicos, a necessidade de vestir determinadas roupas, a proibição de demonstração de afeto entre casais em público e a criminalização da homossexualidade.
"Sabemos que em termos de estrutura nosso país está pronto e não terá problemas. O Qatar tem muito dinheiro e está disposto a colaborar, fazer o que for preciso para o sucesso da Copa do Mundo. Mas existe a preocupação em como será o ambiente com milhões de pessoas de todo o mundo aqui, culturas diferentes convivendo juntas em um espaço pequeno. Imagina um dia que o Brasil pode estar jogando à tarde, e logo depois a Argentina entra em campo em outro estádio a apenas dois quilômetros de distância. Como será o encontro das torcidas no metrô ou nas ruas? Pode ter trânsito, muita gente junta no centro de Doha. Tenho certeza que será uma festa bonita, mas é preciso ter atenção com os excessos. Será necessário uma adaptação dos qataris a isso, mas também dos turistas. Será necessário respeito de ambas as partes", afirmou um jornalista qatari, que pediu para que o seu nome não fosse publicado, já que o assunto é tratado com discrição pelas autoridades locais.
No discurso, porém, o presidente da Fifa prefere destacar apenas a parte positiva e evita falar sobre possíveis problemas - ele os aborda de forma discreta com o Comitê Organizador local e as autoridades qataris, comandadas pelo o Xeque Tamim bin Hamad Al Thani, o Emir do país.
"Tudo me impressionou no Qatar. O país se desenvolveu de forma surpreendente do ponto de vista do futebol, é claro, e de forma mais geral no mundo, o que mais me impressionou é a qualidade de implementação no Qatar. Quando o Qatar disser que vai fazer isso, será feito. Cheguei tarde demais em 2018 para a Copa do Mundo, que foi um grande torneio na Rússia. Mas na hora de fazer os preparativos para a Copa do Mundo, apesar da Covid-19, nunca estivemos tão preparados agora. Acho que, com base na minha experiência, não havia evento mais pronto do que no Qatar", finalizou Gianni Infantino.
A Copa do Mundo de 2022 será disputada entre os dias 21 de novembro e 18 de dezembro.
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