Caros para a nova realidade, medalhões têm futuro incerto no Cruzeiro
A diretoria do Cruzeiro, ao que parece, "recolocou os pés no chão" e, mesmo com atraso de uma temporada, dá indícios de que enxergou a nova realidade do clube. A diretoria tem feito movimentações no mercado da bola para a formar o elenco de 2021, com peças mais baratas e que se destacaram na Série B de 2020 por outras equipes.
Sem dinheiro e "sobrevivendo" com ajuda de parceiros, o que não é novidade em um cenário macroscópico no futebol brasileiro — outras equipes seguem a mesma tendência por crise financeira — os dirigentes celestes tentam potencializar o planejamento para este ano a fim de minimizar qualquer possibilidade de erro. Dentro dessa perspectiva está uma análise importante e profunda sobre os medalhões, jogadores mais experientes e que custam mais aos cofres do clube.
Ainda é uma incógnita, mas atletas como o zagueiro Léo, o volante Henrique e até mesmo o atacante Marcelo Moreno não têm permanência assegurada para a nova temporada.
O caso de Marcelo Moreno é um dos mais urgentes. Contratado no ano passado, o boliviano chegou sob fortes expectativas após abdicar de um contrato milionário na China por causa do epicentro da Covid-19, deixou o Wuhan Zall — clube da cidade onde a pandemia teve início no mundo — para retornar ao Brasil. Em se retorno ao Cruzeiro, o centroavante aceitou reduzir drasticamente seus ganhos, mas acordou um aumento substancial no segundo ano de contrato.
Segundo apurou o UOL Esporte, dos vencimentos recebidos por Moreno em 2020, para este ano o valor seria o dobro, quase três vezes o valor que outrora o Cruzeiro — R$ 150 mil — estabelecera como teto salarial. O responsável por arcar com o salário do atleta na temporada passada foi um investidor, e para este ano o próprio clube assumiria boa parte ou a integralidade dos pagamentos.
Dentro desse prisma da economia entram também o zagueiro Léo e o volante Henrique. Ambos estão tratando de lesão, mas não têm permanência assegurada, mesmo com toda a história dentro do clube. Os dois estão entre os atletas que mais vezes vestiram a camisa do Cruzeiro, fizeram acordos anteriores por receberem acima do teto salarial estabelecido, e a partir deste ano teriam que iniciar o recebimento dos vencimentos que foram postergados ainda pelo Conselho Gestor, que geriu a Raposa entre dezembro de 2019 e junho de 2020.
"Todos os atletas que têm contrato com o Cruzeiro serão analisados, junto com o André [Mazzuco, diretor de futebol], com o presidente e com a comissão permanente do clube. Buscaremos informações, como já estamos buscando, para a gente acertar o máximo possível a permanência de quem nos interessa e a dispensa de quem não nos interessa. É uma análise geral, não é de três ou quatro atletas, e vamos buscar sempre o melhor para o Cruzeiro", disse Felipe Conceição, técnico que chegou para comandar o time celeste neste ano.
Sobre o tema, Mazzuco também comentou e citou diretamente os atletas mais experientes. "Vai ser feita a avaliação. Jogadores como Léo, Henrique e o próprio Fábio, que renovou agora, carecem de uma avaliação, de entender a realidade do Cruzeiro, o que pode ser importante para o clube e, a partir daí, a gente formatar uma ideia dentro da situação. Mas não temos uma resposta para agora, porque as coisas estão acontecendo", frisou o diretor de futebol.
Outros medalhões
Outros jogadores experientes vivem situações opostas. O zagueiro Manoel, que também tem valores consideráveis a receber e fez acordos para postergar acertos salariais, mostrou bom futebol na Série B 2020, foi uma das lideranças, e está nos planos. Entretanto, o contrato do jogador tem duração até o meio deste ano, o que demandaria uma nova — e difícil — negociação entre Cruzeiro e seu empresário.
O volante Ariel Cabral, que foi emprestado ao Goiás até o fim da Série A de 2020, é outro que tem alto salário e está com futuro incerto.
Novo perfil de contratações
Para Felipe Conceição já foram anunciados cinco reforços — Alan Ruschel, Matheus Barbosa, Matheus Neris, Felipe Augusto e Marcinho — e o sexto elemento pode ser confirmado a qualquer momento. Trata-se de Bruno José, que pertence ao Internacional, mas fez boa campanha no ano passado pelo Brasil de Pelotas, também na Série B.
A negociação para a vinda de José à Toca II contou com promessas de pagamentos atrasados pelo Cruzeiro ao empresário Jorge Machado e de um acordo com cessão de direitos econômicos do meia Maurício ao Inter.
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