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Sampaoli prepara saída do Atlético-MG e repete roteiro de rupturas

Futuro de Sampaoli aponta para saída do Galo por acerto com o Olympique de Marselha, da França - Pedro Souza/Atlético-MG
Futuro de Sampaoli aponta para saída do Galo por acerto com o Olympique de Marselha, da França Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Guilherme Piu

Do UOL, em Belo Horizonte

16/02/2021 04h00

Primeiro ele causa uma paixão avassaladora. Depois a relação esfria, tem altos e baixos, até uma crise que só aumenta e causa o fim do relacionamento. Essa história resume muito bem a carreira do técnico Jorge Sampaoli, que por onde passa gera todas essas sensações nos torcedores e dirigentes, num curto espaço de tempo.

O cenário atual que o treinador vive no Atlético-MG nada mais é do que um círculo vicioso, algo que já aconteceu de forma muito parecida enquanto o argentino dirigiu clubes como o Sevilla (ESP) e, por aqui, o Santos. Novelas públicas prévias à sua saída, muitos atritos e indisposição com dirigentes marcam o fim dos trabalhos do comandante.

Na mira do Olympique de Marselha, da França, Sampaoli tem futuro indefinido no Galo, apesar de ter contrato até o final do ano. Ele passa por um dos seus piores momentos à frente do clube. Sem vitórias há três rodadas no Campeonato Brasileiro, o treinador viu as chances de título do Alvinegro, depois do empate em 1 a 1 com o Bahia, serem completamente enterradas, mesmo após exigências importantes feitas pelo treinador e mais de R$ 200 milhões de investimentos com contratações de jogadores.

A irregularidade do time, cujo futebol vem em declínio desde setembro —mês de pico de desempenho técnico—, sempre foi rotineiramente justificada com respostas evasivas: "faltou contundência ofensiva, o time é jovem e inexperiente", passando por problemas coletivos. Do argentino são raras as manifestações de autocríticas, algo relevante para a diretoria do Galo, uma vez que o próprio treinador pediu —se não exigiu— a contratação dos mesmos atletas.

Começo do fim

Nos bastidores do Atlético-MG, os dirigentes, incluindo os que saíram recentemente —após troca de presidentes— coincidem na leitura de que Sampaoli é um profissional arbitrário, "cheio de si". Que tem dificuldade para aceitar contestações e não se cansa de fazer pedidos, alguns deles fora da realidade do mercado nacional. Essa linha de raciocínio certamente não causa surpresas nos dirigentes do Santos que lidaram com o argentino em 2019.

Antes de sair do clube paulista, por exemplo, Sampaoli exigiu R$ 100 milhões em contratações, equiparação de salário com propostas que havia recebido e teve atritos públicos com o então presidente José Carlos Peres. Ciente de que o Santos passa por uma fase de considerável aperto financeiro. Sua saída foi ruidosa, mesmo após o vice-campeonato brasileiro, mesmo com um elenco considerado modesto ao início da temporada.

Perguntado na última semana se cumprira seu contrato com o Atlético-MG, Sampaoli não deu, mais uma vez, garantias de que chegaria ao fim de seu vínculo com o Galo, válido até o fim de 2021

"Não sei [se vai cumprir o contrato ou não]. O futebol muda o tempo todo. É muito instável, especialmente neste país. O treinador dura muito pouco, não se consolida muito o trabalho e as ideias. Só me resta pensar no próximo jogo, tratar de ganhar e chegar o mais longe na tabela de classificação", respondeu, antes de fazer uma alusão à imprevisibilidade do mercado brasileiro —como se alheio à definição de seu futuro.

"O resto é indecifrável, porque se você analisar historicamente o que se passa com todos os treinadores aqui no Brasil é a instabilidade. Eu não sou diferente disso. Se não ganho, sou o pior. Se ganho, sou o melhor. Seguramente, meu trabalho também é avaliado pelos resultados. Só penso na volta ao trabalho na segunda, corrigir os erros e tratar de ganhar o próximo jogo", completou o argentino.

Novelas repetidas

Antes mesmo de ganhar notoriedade mundial, Sampaoli já foi protagonista de histórias semelhantes. Da Universidad de Chile, onde atingiu renome no continente, saiu para comandar a seleção chilena, com conquistas importantes como a Copa América de 2015, classificação à Copa de 2014, no Brasil — após campanha de recuperação nas Eliminatórias. Sua despedida da "Roja", porém, foi parar na Justiça. Sampaoli encerrou seu vínculo com a Federação de Futebol do Chile (ANFP) em 2016.

Do Chile partiu para uma experiência na Espanha, no Sevilla, onde também arrumou confusão para sair. Sampaoli virou alvo da seleção argentina e seu fim de ciclo no clube espanhol foi outra novela litigiosa, com críticas por parte da torcida local em 2017. "Meu país me chamou e sinto que preciso ir", disse em entrevista coletiva após um jogo do Campeonato Espanhol à época.

Pela Argentina sua passagem foi uma decepção e o contrato que iria até 2022 durou pouco mais de um ano, de junho de 2017 a julho de 2018 —dispensado após a Copa do Mundo da Rússia. Em 2019, acertou com o Santos e viveu um ano muito conturbado no Peixe.

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