Crespo aceita pressão por taças e mira Paulista: "vamos jogar para ganhar"
Hernán Crespo foi apresentado, na tarde de hoje (17), como novo treinador do São Paulo. Em sua primeira aparição pública, na qual contou com auxílio de um tradutor, ele explicou que segue sem previsão para a estreia e descartou fazer testes no Campeonato Paulista 2021, que se inicia em 28 de fevereiro, contra o Botafogo-SP. O técnico disse estar preparado para lidar com a pressão por títulos que sofrerá no cargo e ressalta a importância de vencer o Estadual.
"Não há muitas opções. A pandemia nos deixou atados. A verdade, a situação real não tem pré-temporada, tempo. Me parece que pensar em provar jogadores no Paulistão não parece correto, por respeito ao Paulistão e ao São Paulo. O São Paulo tem que jogar para ganhar os torneios, vamos tentar conquistar a medida que se passe o tempo. Aqui não tem que provar nada, tem que confirmar, merecer, merecer estar no São Paulo. Primeiro, tem que merecer estar num lugar tão grande quanto o São Paulo. Depois, tem que merecer ganhar um campeonato do peso do Paulista. O São Paulo tem que pensar em chegar o mais longe possível", disse.
A cobrança por títulos no trabalho de Crespo se dá pela ausência de conquistas do Tricolor paulista. A equipe não sabe o que é levantar uma taça desde 2012, quando venceu a Copa Sul-Americana. O longo período de jejum faz com que a pressão sobre o argentino seja muito grande. Ex-jogador, com passagem por gigantes da Europa, ele diz não se incomodar com a pressão e descarta a possibilidade de abrir mão de sua convicção em prol de resultados.
"Como pensa em lidar com isso? As coisas são naturais, sou uma pessoa bastante calma. Eu joguei no River Plate, uma equipe grande da América do Sul. Toda a minha vida como jogador, eu convivi com a pressão. Minha ideia é fazer o mesmo como treinador e essa é uma grande oportunidade para mostrar mais uma vez esse desafio. Entendo as virtudes do plantel, os defeitos que pode ter. Tenho que apoiar em um grupo de trabalho que estará à altura do que significa ser a comissão técnica do São Paulo. Teremos um milhão de ideias, mas sem a colaboração dos jogadores, será impossível. Vi gente com gana de fazer coisas boas, isso me enche de alegria e entusiasmo", afirmou.
"Na verdade, estamos com muita serenidade, porque não creio que sejam coisas diferentes, que minhas convicções não têm a ver com ganhar. Eu creio em uma melhor forma para ganhar. O objetivo é para ganhar, não são duas coisas diferentes. No momento de dificuldades, todos necessitamos de certezas. Os momentos de dificuldade, não podemos deixar de nos apoiar em certezas. O trabalho é para dar certezas e convicções a todos, no jogo. É isso que temos que conseguir. O objetivo final é ganhar. Há muitas formas para ganhar. Eu disse que uma é respeitar a criança que temos dentro de nós. Temos que ser protagonistas e donos do próprio destino. Temos que controlar o rival, sempre, sempre que o rival permitir. Eu penso que esse é o caminho que gosto. É o que me faz levantar todas as manhãs para vir aos treinamentos, entendendo que o futebol é dinâmico, mas é preciso respeitar as convicções", acrescentou.
Confira, abaixo, outros trechos da longa entrevista coletiva de Hernán Crespo em sua apresentação no São Paulo:
REFORÇOS COM ATLETAS SUL-AMERICANOS: "Estamos falando com a diretoria e, seguramente, teremos um plantel de jogadores talentosos e isso requer muita calma. Falar de nomes próprios não têm sentido nesse momento. Temos que analisar e ter tempo, porque há um Brasileirão para terminar. Não serão inúmeros reforços".
CHEGADA AO SÃO PAULO: "Primeiro, comentar e dizer que é um prazer estar aqui. Muito orgulho que um clube tão importante como São Paulo tenha se interessado por mim e por meu corpo técnico. Primeiro, quero agradecer a confiança da diretoria do São Paulo por essa oportunidade. É um motivo de grande orgulho. Seguramente, daremos o melhor. Isso não me cabe nenhuma dúvida".
LIÇÃO DE 2020: "Muitas vezes, há que olhar para trás e isso o São Paulo faz em toda a sua história. Há temporadas e temporadas, há temporadas difíceis, complicadas. Não sou eu que vou avaliar o trabalho de imediato feito neste ano. Agora, motivos pelos quais aconteceram, a minha intenção é manter um rendimento constante e alto, manter a equipe de maneira muito competitiva, vamos precisar do apoio de todos os jogadores do plantel. Isso requer esforço, mentalidade e físico. Precisamos de um plantel muito competitivo, mantendo a linha, o pensamento e a paciência para construir algo".
O QUE JÁ VIU DO SÃO PAULO: "Seguramente, vamos aproveitar o trabalho de Fernando [Diniz]. Embora não tenha conquistado os resultados desejados, há um trabalho feito e merece respeito. Cremos que podemos somar coisas ao trabalho já feito para poder dar um passo a mais na construção feita há quase um ano. Vamos tentar implementar algo novo".
PLANOS PARA DANIEL ALVES, HERNANES, JUANFRAN: "Para mim, estava bem claro que os conheço bem. Não necessitam apresentação. Para um profissional do futebol, é muito fácil conhecê-lo. Qualquer ideia que tenha não me parece correta fazê-la hoje ou dizê-la ao público. A equipe tem possibilidade de títulos e pode chegar à fase de grupos da Libertadores. Qualquer decisão ou qualquer coisa que eu disser pode desequilibrar algo que não possa tocar. Nesse tranquilo, qualquer coisa que pensemos, falemos à diretoria, à comissão técnica. Eu tenho ideia, mas ainda não tomei uma decisão e tampouco me parece correto comunicá-la. Não há uma decisão tomada, mas falaria com os jogadores e não com a imprensa. Se tivesse tomado, não diria, com respeito ao momento atual".
ASPECTOS QUE O FIZERAM CHEGAR AO SÃO PAULO: "Não é uma pergunta para mim, eu só agradeci à oportunidade e aos motivos. Eu gostaria de escutar a diretoria sobre isso, porque me escolheram. Todos têm uma ideia de futebol que gosto, querem ser protagonistas e o desejo grande da gente de São Paulo. Para mim, é fundamental que todos estejamos unidos nesse sonho e nesse grande desafio que tentamos conquistar, que o São Paulo volte ao lugar que lhe pertence".
CONSTRUÇÃO DE SÃO PAULO: "Da mesma forma. Não era o pior de todos quando decidiram terminar o projeto no Banfield e não era o melhor de todos no título da Sul-Americana. A tranquilidade é que vou fazer o futebol que gosto, que me apaixona. Para mim, jogar bem significa ter ocasiões de gol. Isso requer tempo, treinamentos e paciência, porque todas as construções requerem tempo. Vamos ter momentos difíceis. É sempre querer o que o futebol faz".
FALTA DE DINHEIRO: "É uma informação nova, me disseram que estava com dinheiro o São Paulo, que poderia comprar todo mundo (risos). Seguramente, vamos avaliar isso. Não pode se esquecer nunca que a América do Sul é uma fábrica de talentos. Nos interessa muito ver o jogador crescendo em um nível individual. Vamos pelo simples, na vida nunca se deixa de aprender. Vamos com a decisão para o corpo técnico para que o clube melhore. Isso para mim é fundamental. Temos que ver como humano e como atletas de todas as formas. Todos queremos crescer e ver o São Paulo no lugar que a história indica. É um processo e uma metodologia que estamos em condições e com vontade de aplicá-las".
NÃO ABRIRÁ MÃO DA CONVICÇÃO POR RESULTADO: "Tive a oportunidade de jogar com Kaká, Shevchenko, Vieri, Drogba, Ibrahimovic, Adriano... Todos tinham características diferentes e, às vezes, modificava a maneira de jogar, mas não perdia uma coisa: fazia gols. Segui sendo Crespo, sendo o mesmo jogador, mas modificando às vezes, as atitudes, mudando em função da equipe. Entendo que as partidas podem ser modificadas, mas não podemos perder a identidade. Não podemos perder nunca o respeito pela bola, pelo jogo".
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