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ANÁLISE

Mauro Cezar: Na temporada da pandemia, não ter a bola é a estratégia

Do UOL, em São Paulo

17/02/2021 21h18

A primeira rodada de oitavas de final da Liga dos Campeões teve hoje a vitória do Borussia Dortmund, em grande atuação de Haaland, contra o Sevilla, e a Juventus de Cristiano Ronaldo derrotada pelo Porto, além dos jogos de ontem, com o Paris Saint-Germain goleando o Barcelona em jogo memorável de Mbappé e o Liverpool em vantagem contra o Leipzig.

No Fim de Papo, live pós-rodada de Liga dos Campeões do UOL Esporte, os jornalistas Julio Gomes, Mauro Cezar Pereira e Rafael Oliveira comentam os destaques das primeiras quatro partidas, com destaque para a forma como se portaram os jovens Mbappé e Haaland, assim como o modo de jogar que levou vantagem no início do mata-mata da competição, com menos posse de bola que em temporadas anteriores.

"Na temporada da pandemia, mais do que nunca, não ter a bola é a estratégia que acaba sendo vencedores tantas vezes", destaca Mauro Cezar.

O jornalista cita os números do próprio Manchester City de Pep Guardiola em relação à posse de bola e vê fatores da pandemia tendo influência na forma como os times podem jogar, pelo tempo menor de preparação e em um cenário atípico.

"Os números do Guardiola e do Manchester City no Campeonato Inglês têm oscilado como nunca, jogos com índices de 70% e outros com muito menos, isso não era o normal, é uma temporada atípica, o Guardiola já andou escalando dois volantes, o que não é comum, porque é uma temporada diferente, não teve a pré-temporada ideal, o tempo ideal de preparação, especialmente para os europeus, acho, porque aqui a coisa é mais bagunçada mesmo, mas lá os caras estão acostumados a trabalhar dentro de um calendário mais racional, com períodos mais específicos e essas coisas não aconteceram", explica Mauro Cezar.

"Tudo está diferente, casos de covid que desfalcam equipes, é uma situação totalmente atípica, e aí é mais fácil você buscar o mais fácil e o mais fácil é jogar sem a bola, é muito mais complicado você jogar com imposição, tendo a bola, atacando, pressionando para recuperá-la ocupando o campo adversário e buscando finalizar o tempo todo do que jogar esperando, não que seja fácil também, tudo exige capacidade obviamente, mas é menos sofisticado e menos complexo. Então acho que a temporada está muito pautada por isso", completa.

Rafael Oliveira diz que a vantagem que o Borussia Dortmund conseguiu ter na vitória por 3 a 2 diante do Sevilla foi justamente a forma como o time espanhol proporcionou espaços e não o exigiu que tivesse de trabalhar tanto com a bola, modo que nem sempre o time alemão encontra.

"O Sevilla ofereceu ao Borussia Dortmund o que ele mais gostaria de ter e quase nunca encontra, que é a possibilidade e jogar numa rotação acima do adversário e com campo para acelerar, com a quantidade talento individual que tem do meio para a frente. Um time que tem Sancho, Haaland e Reus para essas transições, recuperou bola e acelerou, ele vai castigar", diz Rafael Oliveira.

"E o Sevilla é um time que gosta de controlar o ritmo de jogo muito a partir da posse de bola, raramente o Borussia Dortmund tem a chance de jogar com 35% de posse de bola em um jogo, porque os adversários tentam reduzir esses espaços", completa.

Os jornalistas também falam sobre o momento complicado do Barcelona, se a ausência de Neymar teve influência na forma como jogou o Paris Saint-Germain na goleada em pleno Camp Nou, as dificuldades da Juventus comandada por Andrea Pirlo e se é possível ver uma transição de estrelas como Messi e Cristiano Ronaldo para jovens protagonistas como Mbappé e Haaland.