No Al-Wasl, Odair Hellmann exalta Flu na Libertadores: "Orgulho e honra"
Surpreendente no Brasileirão, o Fluminense já garantiu seu retorno à Libertadores após oito anos. Grande parte da campanha aconteceu sob o comando de Odair Hellmann, que trocou o Tricolor pelo Al-Wasl, dos Emirados Árabes. De longe, o treinador ainda acompanha o clube, e exaltou a classificação antecipada.
"O entendimento é de orgulho do trabalho feito. Como jogador também tive oportunidade de ganhar um título, em um momento difícil da história do clube. Como treinador, tive a oportunidade — também em um momento de bastante dificuldade — de conseguir fazer um bom trabalho. Isso me deixa muito feliz e orgulhoso. Tenho certeza de que as portas ficaram abertas para uma nova oportunidade. E com certeza, eu sempre falo, que para qualquer profissional trabalhar no Fluminense é motivo de orgulho e honra", declarou o técnico ao UOL Esporte.
Em conversa exclusiva, o "Papito" recordou momentos de sua passagem marcante pelo Flu. Após seguidas campanhas de luta contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o Tricolor passou toda a competição parte de cima da tabela em uma temporada atípica por conta da pandemia de coronavírus. E mesmo em meio às dificuldades impostas, o treinador sempre acreditou no sucesso do trabalho.
"O jogo a jogo é sempre muito importante para você ter objetivos curtos. No macro eu sempre disse, desde o início, que o nosso trabalho seria para fazer um Brasileiro diferente dos outros anos. Para isso, precisávamos fazer um início muito bom, manter a regularidade e dentro da competição ir crescendo e ganhando confiança para buscar as melhores colocações possíveis", afirmou.
Sob o comando de Odair Hellmann, o Fluminense disputou 48 jogos, com 23 vitórias, 11 empates e 14 derrotas. O aproveitamento do clube foi de 55,5% — venceu a Taça Rio sobre o Flamengo, foi vice-campeão carioca e passou todo o Brasileirão no G6. Nada que, para o treinador, seja distante da realidade histórica do Tricolor mesmo na difícil fase atual.
"Quando você trabalha em um clube grande como o Fluminense não pode colocar limite para as primeiras colocações, para o melhor, mesmo sabendo de todas as dificuldades que a gente tinha e que iríamos enfrentar, antes mesmo da pandemia", destacou o técnico que foi eleito o melhor do Estadual e brigava pela liderança da Bola de Prata, premiação da ESPN Brasil para o Brasileiro, dentre os treinadores.
Para além das questões que atrapalharam a todos no difícil 2020, o Fluminense de Odair Hellmann também precisou lidar com outra dura realidade: as dificuldades financeiras vividas pelo clube. Ciente do desafio, entretanto, o treinador contou com suas próprias experiências e com o respaldo de diretoria e elenco para desenvolver o que considera um grande trabalho.
"Sabia das limitações financeiras desde o primeiro dia. Quais eram as situações e condições, porque o presidente e o Paulo Angioni sempre me deixaram bem claro. No Internacional, em 2018, também foi assim, com dificuldade financeira. Mas conseguimos montar um grupo, mesmo perdendo jogadores de um ano para outro e durante a competição, com qualidades técnica, com experiência e juventude e com muita competitividade. Com jogadores extremamente imbuídos do objetivo do clube. Isso foi um facilitador durante todo o processo e por isso que as coisas acontecem. Porque todos colocam a sua individualidade em prol do Fluminense. E foi isso que aconteceu durante o trabalho que eu fiz", opinou.
Hoje nos Emirados Árabes, Odair vive grande fase no comando do Al-Wasl. Após alguns resultados adversos no início, ainda em adaptação, sua equipe acumulou sete jogos de invencibilidade e venceu seu maior rival, o Al-Nasr.
"A adaptação foi rápida. Tivemos um bom tempo de invencibilidade e isso gera bastante confiança. Ganhamos o clássico, que a gente sabe a importância que tem no mundo todo vencer um, como Fla-Flu, Gre-Nal e que em termos de tabela soma os mesmos três pontos, mas a gente sabe que clássico tem algo mais, a importância é maior. Estou feliz, mas futebol é 24 horas para chorar ou sorrir e, a partir daí, é trabalhar para conseguir no próximo jogo o mesmo objetivo, evoluir como performance e conseguir o resultado para continuar subindo na tabela de classificação. No próximo jogo temos a semifinal da Copa [Etisalat] e o objetivo é ir para a final", contou.
Confira outro trecho da entrevista com Odair Hellmann:
UOL Esporte: Como foi possível tornar tão competitivo um time com limitações técnicas num clube com limitação financeira?
Odair Hellmann: Penso que qualidade e competitividade não são características que possam estar separadas dentro de um processo. No esporte é assim. Você não ganha só com talento, porque os times mais talentosos competiam muito, muito forte. Os principais esportistas do mundo eram qualificadíssimos em termos técnicos em seus esportes, mas eram e são muito competitivos. Então, são características que precisam estar juntas, agregadas. Essa foi uma característica minha como jogador e é como treinador. Eu gosto da qualidade técnica que conjugue a competitividade dentro de um mesmo processo.
Quais foram os maiores acertos do trabalho em termos técnicos?
Nisso trabalhamos todos os dias. Penso que o grupo do Fluminense é qualificado, com uma mescla bastante interessante de jogadores experientes e jovens. Jovens que conseguimos oportunizar desde o início do ano, dentro do projeto sub-23 agregado ao profissional.
A maior dificuldade foi dar a volta por cima após as eliminações em mata-mata? Ou houve outro episódio? Em algum momento acreditou que o trabalho seria interrompido?
Em nenhum momento eu senti que o trabalho seria interrompido, até porque sempre tive o respaldo do presidente Mário e do Paulo Angioni. Eles observaram o trabalho desde o início, todos os dias, sabiam tudo o que estava acontecendo e quais eram nossas dificuldades, e acreditavam no trabalho. Quando você tem um presidente e um dirigente que, mesmo com algumas situações de derrota e dificuldades, acreditam no trabalho, certamente ali na frente você vai colher os frutos.
Quero agradecer publicamente por todo o respaldo, respeito e confiança que tive no Fluminense. Talvez, externamente, o momento de dificuldade tenha sido após a desclassificação na Copa do Brasil. Logo em seguida, três ou quatro dias depois, com praticamente dez jogadores com Covid-19, tínhamos uma partida pelo Campeonato Brasileiro; se você tem uma derrota, a pressão externa aumenta. Mesmo assim, eu tinha certeza da continuidade do trabalho, por toda a minha relação com o presidente e o Paulo Angioni. Por toda a leitura do processo de trabalho que estávamos fazendo.
De que maneira avalia a contratação de Roger Machado, que será o técnico do Fluminense em 2021?
Não tenho que avaliar contratação de treinador. O que eu posso dizer é que o Roger é um grande treinador. Teve uma passagem como jogador no clube muito importante. Tem identificação. É um grande treinador e tem toda a capacidade de fazer um grande trabalho. Desejo a ele a maior sorte do mundo e que ele possa ter a mesma felicidade de jogador agora como treinador.
Mas acredita que existem pontos em comum entre sua filosofia de trabalho e a dele?
Sim, existe ponto em comum nas duas filosofias. Nós dois queremos ganhar todos os jogos e ganhar todas as competições.
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