Ex-presidente do Fla relembra aliança com Inter em 87 e aposta em título
Rivais na tarde de hoje (21), às 16h, no Maracanã, Flamengo e Internacional já protagonizaram outros duelos dentro de campo, mas foram aliados fundamentais em um dos episódios mais controversos do futebol brasileiro. Finalistas da Copa União em 1987, rubro-negros e colorados se insurgiram contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que deixou a organização do Brasileiro daquele ano para o recém-fundado Clube dos 13.
Em 1986, a CBF alegou incapacidade financeira para colocar na rua o seu principal torneio, dando aos clubes a janela para a criação de um campeonato gerido por eles próprios em todos os aspectos. A edição de 87 quebrou paradigmas comerciais, escancarou a porta para a transmissão em TV aberta, mas rende polêmica mesmo após mais de 30 anos.
A entidade criou o cruzamento entre os finalistas do Módulo Verde (Copa União) e os do Módulo Amarelo (uma suposta Série B). Os times da principal competição recusaram a medida, mas viram o vascaíno Eurico Miranda, então representante do Clube dos 13 na CBF, aceitar o acordo. A partir daí, o imbróglio se formou e persiste. Colorados e rubro-negros se negaram a encarar Sport (campeão) e Guarani (vice), o que gerou uma batalha que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou os pernambucanos como os únicos campeões daquele ano.
Um dos principais entusiastas da Copa União e figura central na época de toda a polêmica, Márcio Braga, ex-presidente do Fla, recordou ao UOL Esporte a aliança do Fla com o clube gaúcho:
"Já estava decidido. Quem organizou o campeonato em 87, quem publicou o regulamento foi o Clube dos 13. Depois de iniciado o campeonato, a CBF resolveu publicar um outro regulamento, com outros clubes. Chamaram o nosso de Módulo Verde e o outro de Amarelo, que nada mais era que a segunda divisão. Queriam que cruzasse e os clubes já tinham decidido que não haveria. Flamengo e Inter jamais entraram em campo pensando em cruzar. Não fazia sentido e não era o que estava estabelecido".
A "prova material" de todo o enrosco que perdura é a Taça das Bolinhas, troféu que seria entregue em definitivo ao primeiro clube que vencesse o Brasileiro por cinco vezes ou de forma consecutiva por três vezes. O Fla reivindica ser o primeiro penta, mas o troféu foi para o São Paulo quando o Tricolor venceu em 2006, 2007 e 2008. Depois de batalhas jurídicas, a taça foi para um cofre da Caixa Econômica Federal e seguem sem destino certo.
A "final" de hoje
Os gaúchos chegam na penúltima rodada com um ponto de vantagem sobre os cariocas, que precisam vencer para abrir dois pontos na liderança. Presidente mais vitorioso da história rubro-negra, Márcio vê semelhanças com o troféu conquistado em 2009 e aposta todas suas fichas em um triunfo.
"Acredito que o Flamengo tenha uma equipe melhor que o Internacional. Se jogar como vem jogando, o Flamengo, em condições normais, acredito que ganhe. É por pontos corridos, mas é um jogo com ares de final, realmente muito importante. Nós estamos acostumados a essas dificuldades, a essas decisões. São sempre emocionantes. Acho que o Flamengo deve ganhar no Maracanã por 3 a 1", analisou o ex-mandatário.
A final de 1987
Com Zico, Andrade, Renato Gaúcho e outros, o Rubro-negro bateu o Inter por 1 a 0, com um gol de Bebeto. O ex-atacante lembra bem daquela noite chuvosa de dezembro e não esquece daquele esquadrão.
"A decisão foi no Maracanã e, apesar de ser um dia de chuva, a torcida foi em massa. Aquele jogo aconteceu em um dia chuvoso, mas o Maracanã estava lotado. Foi um dia especial. Fiz o gol, mas acho que todos foram muito importantes. Foi a realização de um sonho. Eu tinha sido campeão pelo Flamengo em 83, mas aquele título foi maravilhoso. Era um time muito forte. Depois, cinco foram tetracampeões do mundo: eu, Leonardo, Aldair, Zinho e Jorginho. Tínhamos um time forte, com linhas bem definidas, e tínhamos o Zico, meu ídolo", contou Bebeto.
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