Robinho encerra sua quarta passagem pelo Santos sem jogos e banido
Chega ao fim hoje (28) a quarta passagem do atacante Robinho pelo Santos. Desta vez, sem títulos ou sequer jogos, mas com inúmeros problemas. O vínculo estava suspenso de comum acordo desde o dia 16 de outubro. Robinho foi condenado em segunda instância a nove anos de prisão por estupro coletivo. Sua defesa recorre à Corte de Cassação, terceira instância na Itália.
Sob a gestão do ex-presidente Orlando Rollo, o Peixe contratou o jogador já condenado em primeira instância no dia 10 de outubro. Mas a repercussão negativa e um ultimato dado pela maioria dos patrocinadores fizeram com que o clube suspendesse o contrato. As empresas ameaçaram encerrar a relação com o Santos caso o atleta seguisse no clube.
Robinho assinou vínculo válido até hoje (28) e receberia apenas R$ 1.500,00 até dezembro. A partir daí, investidores arcariam com os salários de janeiro e fevereiro. O contrato tinha cláusula de renovação até o fim de 2022 com salário perto dos R$ 500 mil mensais, valor que já incluía parcelas de uma dívida que o Peixe com o camisa 7.
Quando Andres Rueda venceu a eleição e assumiu a presidência, a ideia era rescindir imediatamente o vínculo. No entanto, a operação teria um valor alto e que o clube não poderia pagar naquele momento. Decidiu-se, então, aguardar pelo fim do vínculo e renegociar a dívida que seria paga ao longo do novo contrato.
A nova diretoria conseguiu adiar uma parcela de R$ 900 mil que o clube pagaria ao atleta neste mês. O pagamento ficou para setembro e, a partir daí, as parcelas mensais que devem quitar os R$ 1,1 milhão restantes da dívida.
Sentença: nove anos de prisão
A corte de apelação da Justiça italiana reafirmou a condenação em segunda instância de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco a nove anos de prisão por estupro coletivo de uma jovem albanesa de 23 anos na madrugada de 22 a 23 de janeiro de 2013, em uma boate de Milão chamada Sio Café - na época, o brasileiro atuava pelo Milan. A defesa do brasileiro, então, apelaria à Corte de Cassação, a terceira instância italiana.
"[Foi] Uma investigação bem feita, de modo sério, com uma sentença de primeiro grau correta. Profissionalmente, estou muito satisfeito, principalmente pela vítima", disse Cuno Tarfusser, procurador do Ministério Público que atuou no caso em segunda instância.
Em novembro do ano passado, antes da condenação em segunda instância, o UOL Esporte entrevistou o atacante por 40 minutos, e ele afirmou à reportagem que não estava presente para testemunhar a ação pela qual é condenado. Robinho afirmou que ficou sabendo do ocorrido apenas no dia seguinte.
"Meus amigos me contaram no outro dia que, com consentimento da garota, ficaram com ela, se relacionaram sexualmente porque ela quis. E que eles saíram daquela discoteca junto com a mesma garota e foram para outra discoteca", disse.
Franco Moretti, advogado italiano do atacante, disse que não existem provas de que a vítima estava em condição de inferioridade psíquica e física. A defesa do brasileiro apelou também para o fato de que traduções de conversas interceptadas pela polícia, as principais provas reunidas nos autos, teriam sido feitas de modo incorreto.
Já o procurador Cuno Tarfusser disse que os fatos são indiscutíveis: que três garotas foram a uma casa noturna em Milão e, quando chegaram, se juntaram aos brasileiros, que certamente a garota bebeu, que duas delas deixaram o local e a vítima ficou sozinha; que entre 40 e 50 minutos os brasileiros tiveram relação sexual com essa garota e que essa relação aconteceu no camarim da boate.
Antes da condenação, vida quase normal
Na véspera do julgamento de segunda instância que condenou o jogador a nove anos de prisão por estupro coletivo, em Milão (ITA), Robinho esteve no CT do Santos para "bater uma bola" com os amigos.
No dia, estiveram no local os ex-jogadores santistas Adiel, Alex, Giovanni, Rodrigão, William Batoré e Léo, além dos hoje funcionários do clube Edinho, Renato e Marcelo Passos. Robinho evitou sair nas fotos na tentativa de manter uma rotina mais discreta desde a suspensão de seu contrato.
No entanto, o atacante apareceu em vídeo postado por Jorge Roxo, ex-gerente de CT contratado por Orlando Rollo e demitido por Rueda, ao lado de William mandando um recado para o filho do gestor.
A atividade já era comum para Robinho, mesmo antes de ser contratado pelo Santos, em outubro. Morando na cidade durante a primeira onda da pandemia do coronavírus, o atleta solicitou ao Peixe autorização para jogar futevôlei nas dependências do CT Rei Pelé, uma vez que as praias estavam fechadas.
O clube autorizou e começou a estreitar laços com o jogador. Robinho não se furtava de postar stories no Instagram na quadra de areia do CT. As postagens, no entanto, cessaram após a repercussão negativa de sua contratação por parte do Santos.
Passagens anteriores tiveram títulos
Revelado pelo Santos, Robinho sempre foi um ídolo na Vila Belmiro. Em 2002, foi o principal responsável por tirar o Santos de uma fila de 18 anos sem títulos importantes ao vencer o Corinthians final do Campeonato Brasileiro. Dois anos depois conquistaria o bicampeonato nacional pela equipe e seguiria rumo ao Real Madrid (ESP).
Em 2010, em baixa no Manchester City (ING), voltou ao Peixe por empréstimo para garantir sua vaga na seleção brasileira que disputaria a Copa do Mundo daquele ano. Mais experiente, conduziu o início da geração de Neymar e Ganso, conquistando o Paulistão e a Copa do Brasil naquela temporada.
Em 2014, já após o episódio do estupro coletivo na Itália, deixou o Milan para atuar pelo Peixe e ficou no clube até 2015, quando faturou o Campeonato Paulista. Foi à China atuar pelo Guangzhou Evergrande e, quando voltou ao Brasil, rejeitou o Santos para atuar pelo Atlético-MG. Ficou no Galo até 2017, quando partiu rumo à Turquia, passando por Sivasspor e Basaksehir.
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