Atacante que frustrou estreia de Crespo teve carreira ameaçada aos 13 anos
Dois minutos. Esse foi o tempo que o atacante Dudu Hatamoto, de apenas 17 anos, precisou para frustrar o início da trajetória do técnico Hernán Crespo no comando do São Paulo, ontem (28), no Morumbi. O empate em 1 a 1 teve valor especial para o jovem jogador do Botafogo-SP que já teve carreira ameaçada por causa de uma delicada cirurgia no coração.
Natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Dudu deu os primeiros passos no futebol em um clube local, o Olé Brasil Futebol Clube, aos sete anos. Permaneceu lá até os dez, quando então foi observado por um olheiro do Palmeiras. E, no Verdão, o seu futuro nos gramados foi colocado em xeque.
Isso aconteceu porque, aos 13, Dudu passou por três diferentes intervenções cirúrgicas em menos de ano. Primeiro, precisou operar o joelho direito por causa de um desgaste da cartilagem. Pouco tempo depois, foi comunicado pelo médico do Palmeiras que deveria realizar uma cirurgia no coração, pois —do contrário— não poderia seguir atuando, já que o risco de um mal súbito era grande. E, por fim, operou o apêndice.
Carlos Hatamoto, pai de Dudu, relembra da fase difícil e, hoje, se emociona ao ver o filho disputando um campeonato com grande nível de competitividade e visibilidade.
"Ele precisou implantar a cartilagem no joelho, porque havia rompido. A cartilagem veio direto dos Estados Unidos, e o Dudu precisou ficar um ano parado para se recuperar. Depois de realizar o tratamento, voltou a treinar e foi comunicado pelo médico do Palmeiras que tinha uma veia no coração que jorrava sangue. Pensamos bem e resolvemos operar. E, na sequência, apareceu o problema num apêndice. Ele se recuperou em 30 dias, mas com poucas chances no time, pediu dispensa do Palmeiras. Eu que sempre corri com ele no futebol, senti uma emoção grande por vê-lo jogar em alto nível", contou em entrevista ao UOL Esporte.
Atacante se inspira em Neymar
Depois de pedir dispensa do Palmeiras, Dudu ainda passou pelo Comercial até ser contratado pelo Botafogo - o vínculo dele vai até o fim de 2023. No Pantera, foi promovido pelo técnico Claudinei Oliveira no fim do ano passado e disputou alguns jogos da Copa Paulista e Série B do Campeonato Brasileiro. Agora, com o técnico Alexandre Gallo, o atacante foi acionado no intervalo da partida contra o São Paulo e não decepcionou. Uma grande oportunidade para o menino que tem em Neymar, um dos seus ídolos no futebol, sua inspiração.
"Fiquei muito feliz pela oportunidade de estrear no Paulistão e mais feliz ainda por entrar e fazer o gol da equipe. Foi muito importante para mim ver toda minha trajetória difícil que passei até chegar neste momento é marcar um gol no Morumbi diante do São Paulo. No ano passado, ganhei algumas oportunidades na Série B e na Copa Paulista, mas este foi o jogo mais importante da minha vida", contou o jogador à reportagem.
"Sou um jogador veloz, jogo pelas pontas do campo. Eu me espelho muito no Neymar, tenho ele com um ídolo, por termos quase as mesmas características de velocidade e habilidade", completou.
Dudu também fez um balanço sobre este começo da carreira depois de superar o momento conturbado: "Foi um período muito difícil, muito conturbado e de superação, onde passei por momentos difíceis. Pensei em deixar de jogar futebol, fiz cirurgia no joelho, apêndice e no coração para um procedimento de cauterizar uma veia. Fiquei um ano e seis meses quase sem jogar. Foi o pior momento da minha vida, porque não podia fazer o que eu mais gostava. Graças a Deus, aos meus pais e familiares, pude me manter motivado na recuperação, então sou muito grato de estar jogando".
Tietando do Hernanes
Após o apito final no Morumbi, Dudu Hatamoto demorou para dar entrevista à TV que fazia a transmissão porque queria trocar a camisa com o meio-campista Hernanes, do São Paulo. De pronto, o jogador do Tricolor aceitou a fazê-la. Na hora da troca, Dudu, por sua vez, pediu para ficar também com a camisa do Botafogo-SP, porque tinha sido com ela que havia feito o gol. Acabou com as duas camisas!
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