Agente cobra mais de R$ 25 milhões do Atlético-MG na Justiça comum e CNRD
O Atlético-MG tem ido ao mercado da bola com a mala cheia de dinheiro e o resultado disso passa por contratações de peso, como o atacante Hulk e o meia argentino Nacho Fernández. Mas, apesar dessa realidade que hoje conta com o aporte de mecenas — empresários que já injetaram algo em torno de R$ 300 milhões no clube em um ano —, o Galo ainda convive com problemas antigos, como o não pagamento de dívidas que geram ações na Justiça. Como fez um dos empresários mais influentes no Brasil, André Cury, que cobra mais de R$ 25 milhões do Alvinegro.
Segundo apurou o UOL Esporte, Cury cobra dívidas do Atlético-MG em diferentes instâncias, na Justiça comum e na Câmara Nacional de Resoluções e Disputas (CNRD). O agente quer receber comissões de transferências de atletas que não foram pagas ao longo dos últimos anos. As ações foram geradas nesta semana e a reportagem confirmou 14 processos, dez no órgão ligado à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e outros quatro que tramitam em varas cíveis de Belo Horizonte.
A reportagem ouviu membros do staff do empresário, que confirmaram as pendências financeiras do Atlético-MG e o valor milionário cobrado. Dentre as cobranças estão ações pelas transferências do atacante Luan, do lateral esquerdo Mansur, do zagueiro equatoriano Erazo, do meia Otero, do atacante argentino Lucas Pratto, do meia Maicosuel, do lateral esquerdo Guilherme Arana, do também lateral Douglas Santos e Emerson, outro lateral, e do meia Vina, atletas que passaram pelo clube há alguns anos. Alguns, somados, renderam cerca de R$ 240 milhões em vendas feitas pelo empresário com anuência do Alvinegro. Além de um acordo de confissão de dívida que não foi cumprido por diretorias anteriores e também está no "combo de processos".
Em relação aos processos que tramitam na Justiça mineira o UOL teve acesso a quatro. Juntos eles somam R$ 3.611.306,10. Chama a atenção que algumas dívidas têm mais de cinco anos e mesmo assim não foram integralmente pagas. Portanto, há outros processos na CNRD que superam R$ 21 milhões em dívidas do Atlético-MG com o agente.
Lucas Pratto, Arana Douglas Santos e Emerson
Alguns jogadores que bastante destaque no Atlético-MG e que renderam uma boa quantia em dinheiro aos cofres do clube são motivos de discussões de André Cury na CNRD. Negociações que envolveram o atacante Lucas Pratto, os laterais esquerdo Guilherme Arana e Douglas Santos, e o lateral direito Emerson tiveram o agente como intermediário, mas o clube não pagou os valores devidos pelas transações.
Luan
O Galo fechou em 2013 a contratação do atacante Luan e combinou pagamento a André Cury no valor de R$ 400 mil divididos em cinco prestações de R$ 80 mil. Entretanto, apenas duas parcelas foram pagas, contabilizando dívida de R$ 240 mil.
"Ressalte-se que as partes sempre negociaram o referido débito, porém, diante das dificuldades atravessadas pelo Réu, a Autora sempre concedeu mais prazos, inclusive o Réu assinou documentos para afastar a prescrição, em razão do bom relacionamento dos envolvidos (...) Ocorre que diante da impossibilidade de honrar com os pagamentos e nem tão pouco apresentar proposta efetiva para cumprir com sua obrigação, não vê a Autora outra alternativa senão a propositura da presente ação de cobrança para ver seu crédito satisfeito", relata parte da petição de cobrança.
Esse processo segue na 34ª Vara Cível de Belo Horizonte.
Erazo
André Cury foi o responsável por intermediar a contratação do zagueiro equatoriano Frickson Erazo em 2016. Por essa aquisição ficou acordado que o Galo pagaria ao empresário US$ 272 mil em duas parcelas, uma de US$ 150 mil [em 17/04/2016] e outra de US$ 122 mil [em 01/06/2016]. No entanto, de acordo com o processo, faltou a quitação de US$ 77 mil.
O processo corre na 20ª Vara Cível de Belo Horizonte e a cobrança total contra o Atlético-MG é de R$ 417.201,40.
"Até a presente data o Réu não se posicionou em relação ao pagamento do saldo remanescente, que se encontra atrasado há quase 5 anos, nem tão pouco apresentou nova proposta para pagamento, motivo pelo qual não restou outra alternativa senão a propositura da presente ação", diz parte da petição
Mansur
Dentre as ações que correm na justiça de Minas Gerais a que envolve o lateral esquerdo Mansur é a de mais alto valor. André Cury cobra do Atlético-MG pelos serviços de agenciamento e comissionamento na negociação do jogador.
"Em razão da especificidade da atuação das partes, as mesmas firmaram em 30 de setembro de 2015, o intitulado "Instrumento Particular de Ratificação de Ajustes e Outras Avenças" (DOC.01), posteriormente aditado em 23/03/2016 (DOC.02) tão somente para corrigir um erro material, conforme cópias anexas, no qual estabeleceram condições de pagamento ao Autor em relação ao percentual de direito econômico devido ao mesmo, pactuando para tanto o valor total de R$3.100.000,00 (três milhões e cem mil reais)", diz a petição dos advogados de Cury.
Desse valor, de acordo com o que está escrito na petição, o clube alvinegro pagou apenas a primeira parcela no valor de R$ 750 mil, ficando pendentes R$ 2.350.000,00. Ficaram sem quitação uma parcela de R$ 750 mil [vencida em 15 de agosto de 2016], duas parcelas de R$ 300 mil [vencidas em 15 de dezembro de 2016 e 15 de dezembro de 2017], e outras duas parcelas de R$ 500 mil [que venceram em 15 de fevereiro de 2017 e 15 de agosto de 2017].
Esse processo corre na 24ª Vara Cível de Belo Horizonte e a cobrança total, já somando juros e correções, é de R$ 2.731.860,00.
Execução de título extrajudicial
Na 21ª Vara Cível de Belo Horizonte também corre um processo para execução de título extrajudicial no valor de R$ 222.244,70. Esse montante, de acordo com a ação, se refere a uma confissão de dívida acordada entre Atlético-MG e André Cury. A pendência em si foi contraída em 2012, mas acordos posteriores entre as partes postergaram pagamentos para 2017. E mesmo assim essas quitações não foram realizadas.
"No referido termo, restou pactuado que o Executado pagaria à Exequente o valor total bruto de R$1.600.000,00 (um milhão e seiscentos mil
reais) em 16 (dezesseis) parcelas de R$100.000,00 (cem mil reais) cada. Ocorre que o Executado não honrou com o pagamento das duas
últimas parcelas do acordo, as quais venceram nos dias 15/08/2018 e 15/09/2018, razão pela qual, superadas as tratativas extrajudiciais", aponta o advogado do empresário.
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