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"Protocolo não é vacina", diz pesquisadora da Fiocruz sobre manter futebol

Protocolos seguidos pela CBF não evitaram surtos de covid - Lucas Figueiredo / CBF / Fotos Públicas
Protocolos seguidos pela CBF não evitaram surtos de covid Imagem: Lucas Figueiredo / CBF / Fotos Públicas

Bruno Fernandes e Josué Seixas

Colaboração para o UOL, em Maceió (AL)

11/03/2021 15h44

A decisão do governo de São Paulo de paralisar o Campeonato Paulista colocou em xeque a continuidade de outras competições regionais, incluindo a Copa do Nordeste, que acontece em meio a estados que apresentam mais de 80% da capacidade de UTIs dedicadas a pacientes com coronavírus ocupadas.

Em decisão tomada na tarde de quarta-feira (10), a CBF, as Federações Estaduais e os Clubes ratificaram por unanimidade a decisão de manter a disputa das competições estaduais e nacionais. Caso os estados adotem medidas que interrompam os campeonatos coordenados pela CBF, a alternativa para a entidade será a transferência de partidas para outros estados.

Embora a CBF afirme que segue à risca os protocolos para evitar a disseminação do novo coronavírus, a médica epidemiologista e pesquisadora da Fiocruz Pernambuco, Ana Brito, rebateu a entidade, em entrevista ao UOL, ao esclarecer que "protocolo não é vacina e que chegou a hora do futebol parar, pelo menos por um tempo".

"É hora de parar um pouco. Qualquer atividade que promova aglomeração deve ser evitada. Mesmo que não tenha torcida dentro do estádio, os torcedores estão se reunindo fora dele durante a chegada dos times ou durante as partidas, como podemos ver na TV. Até bares e esquinas ficam cheias", afirma a especialista.

Para a epidemiologista, é natural o torcedor aglomerar já que o futebol é um grande provedor de entretenimento, "mas chegamos em um momento em que precisamos parar um pouco e pensar no futuro. Nós ainda não temos vacinas para todos, muito menos leitos suficientes", completou.

Sobre a decisão da CBF de manter as competições com base em dados científicos apresentados pela Comissão Médica Especial em relação à temporada 2020, a pesquisadora afirma que deve existir alguma falha nos procedimentos adotados pela entidade.

"É evidente que existem falhas no protocolo seguido pela CBF. Se não tivesse falhas, não teríamos tantos jogadores infectados como aconteceu. Precisamos proteger os torcedores e os nossos jogadores".

Saúde nordestina em colapso

Dados divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde nesta quinta-feira (11) revelam que pelo menos quatro estados do Nordeste estão em colapso por ultrapassarem a faixa dos 90% de ocupação. São eles Pernambuco (95%), Ceará (90,1%), Rio Grande do Norte (91%) e Piauí (90,4%).

Além dos quatro em pior situação, a região tem ainda outros cinco estados com taxas de ocupação que ultrapassam 80%, mas em situação mais controlada, ou em queda. São eles: Bahia (88%) Maranhão (85,3%), Paraíba (80%), Sergipe (82,4%) e Alagoas (80%).

São Paulo freia o futebol

A decisão de restringir completamente atividades esportivas coletivas, incluindo partidas de futebol, no estado foi anunciada pelo governo de São Paulo durante coletiva na tarde de quinta.

A medida faz parte da fase emergencial do Plano São Paulo, com mais restrições no combate à pandemia da covid-19. Desta forma, o Paulistão será paralisado a partir da próxima segunda-feira (15). A fase emergencial vai de 15 a 30 de março.