Inter: Estreia de time principal mostra que novo modelo requer compreensão
Ainda sem Miguel Ángel Ramírez no reservado, o Inter estreou seu time principal com vitória por 4 a 2 contra o Ypiranga, ontem (14), no Beira-Rio. Além dos três pontos, que colocam o time em terceiro na classificação, o campo mostrou um novo modelo de jogo, mas que precisa de tempo para ser compreendido.
Diferente do time recuado, com linhas defensivas próximas da meta e explorando o contra-ataque, que levou o Inter ao vice-campeonato brasileiro sob comando de Abel Braga, a equipe de Ramírez é muito ofensiva.
Desde o primeiro minuto foram três atacantes quase alinhados. Yuri centralizado, Peglow e Marcos Guilherme abertos. No segundo tempo, independentemente das trocas, o sistema seguiu.
Como o auxiliar Martín Anselmi explicou na entrevista coletiva, Edenilson atuou como primeiro jogador de meio-campo em razão das avaliações físicas. Lindoso não tinha condições para 90 minutos e Dourado se apresentou com um desconforto. E o recuo do meio-campista empurrou o time ainda mais para frente.
O Inter mostrou sinais de compreensão na fase ofensiva. Conseguiu manter a posse de bola e até criar algumas movimentações de "vantagem", pilar do "jogo de posição" proposto pelo espanhol. No entanto, cometeu muitas falhas na saída de bola e na transição defensiva.
Quando perdeu a posse, o Colorado arrancou elogios do comando técnico ao pressionar, mas na hora de voltar para a defesa errou. E principalmente cometeu equívocos repetidos na saída de bola, sempre com troca de passes curtos, evitando "rifar" a posse ao ataque.
"Nosso modelo de jogo é posicional. Queremos ir avançando no terreno através de vantagens, que podem ser em espaço ou com homens livres. A ideia é que os jogadores vão interpretando mais rapidamente o que pede cada ação, com o tempo. Quando um jogador tem a bola, provavelmente um rival irá pressionar. Então, precisa ter a interpretação de quem é o home livre que irá procurar, dependendo da zona do campo em que estiver. E este homem livre precisa interpretar que deve receber a bola e buscar o jogo", explicou Anselmi.
O auxiliar disse que a comissão técnica tem recebido um retorno muito positivo do grupo de atletas e, com tempo, a compreensão da nova forma de atuar será total. Até agora, foram apenas cinco treinamentos.
"Hoje tivemos algumas inseguranças, que são normais. É algo que não vinham fazendo, é novo, estão aprendendo. Nosso objetivo é que jogo após jogo isso melhore e que se possa dar a fluidez que estamos buscando ao time", afirmou.
A pressão no campo do adversário, que até gerou algumas retomadas ofensivas, já estava presente no DNA do grupo pelo trabalho de Eduardo Coudet no início do ano passado. Assim, foi mais fácil de ser reativada e recebeu elogios do representante do treinador.
"As pressões foram muito boas. Ficamos contentes com a intensidade, a agressividade, o desejo de ir pressionar, de impedir que o rival jogue, de recuperar a bola. Com isso, saímos muito contentes", comentou.
Direção aprova primeiros movimentos
A direção do clube aprovou. Paulo Bracks, executivo de futebol, se manifestou após Anselmi e disse que a primeira impressão deixada em campo gera otimismo para o futuro do Colorado.
"Esta foi a primeira amostra de um modelo diferente, de uma estratégia diferente. Nós, a torcida, temos que nos adaptar a este novo modelo. Os jogadores estão assimilando este conteúdo. Foram cinco treinamentos de campo, muita conversa e vídeo. Teremos uma temporada de muito equilíbrio e uma nova cara no Inter. Tivemos um pouco dessa nova cara hoje. De posse de bola, de sempre ser agressivo com ela, e será nossa identidade em 2021", afirmou o dirigente.
Até o próximo domingo (21), quando voltará a campo, o Colorado terá mais tempo e treinamentos para compreender totalmente os pedidos do comando técnico. E, como disse o representante de Ramírez, irá "melhorando jogo após jogo".
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