Ele treinou com Jesus. Hoje é funkeiro e homenageia mãe de Ronaldinho
MC Hariel é um dos principais nomes do funk nacional. Aos 23 anos, já emplacou músicas com milhares de visualizações e reproduções em diversas plataformas de streaming, como "Maçã Verde", "Ilusão (Cracolândia)" e "Vou Buscar". A próxima faixa do cantor e compositor será uma homenagem a Dona Miguelina, mãe de Ronaldinho Gaúcho, que morreu em 20 de fevereiro em decorrência de complicações da covid-19.
Em entrevista ao UOL Esporte, Hariel afirmou que é uma "satisfação muito grande" poder homenagear a mãe de alguém do tamanho do craque brasileiro. Além disso, o jovem relembrou como foi acompanhar R10 durante a infância.
"Ele [Ronaldinho Gaúcho] sempre foi um monstro nos clubes, revolucionou a forma que a gente assiste o futebol europeu. Acho que o pessoal começou a assistir por causa dele. Foi uma satisfação muito grande. Eu sou um nome pequeno perto do dele, tenho só 23 anos, vi ele jogar no auge por 6 ou 7 anos. É uma sensação muito diferente pra mim, não é igual fazer uma homenagem e representar qualquer outro cara, o Ronaldinho é outro cacife", afirmou.
A ligação do MC com o futebol vai muito além da música para Dona Miguelina. Hariel é corintiano roxo, sempre acompanha os jogos do Corinthians e o próprio músico diz que, se há um jogo importante no dia ou um clássico contra o Palmeiras, pede para desmarcar o evento porque quer assistir ao time de coração na Neo Química Arena.
"Quando tem jogo muito importante e que quero ir, pode ter casamento, show, ou qualquer outra coisa, eu não quero nem saber. Corinthians x Palmeiras, então, nem se fala", contou.
O time alviverde também cruzou o caminho do cantor de certa forma. Ele treinou e jogou com Gabriel Jesus —atacante que brilhou com a camisa do Palmeiras e atualmente defende o Manchester City— há 10 anos, no clube amador Pequeninos do Meio Ambiente.
"Hoje em dia, eu não sou tão bom [jogando futebol], mas na infância eu era bem melhor. Eu cheguei a treinar com o Gabriel Jesus no Pequeninos do Meio Ambiente, clube amador. Ele já era craque na época, era muito acima de qualquer outro moleque que jogava com a gente por lá. A gente acabou se conhecendo nessa época, treinávamos juntos", lembrou.
Hariel ainda tem um time de várzea, que se chama Boca de Xaolin, da Vila Aurora (zona norte de São Paulo). O nome um pouco fora do habitual se justifica pelas vivências do cantor na quebrada onde cresceu, e ele explica.
"Tenho um time de várzea que se chama Boca de Xaolin. A gente deu esse nome porque na quebrada onde eu cresci existe uma gíria que significa algo perigoso, por exemplo: 'você vai andar com esse cara? ele é boca de xaolin'", disse.
"A gente que colocou o time para frente, assim como a minha produtora que se chama Xaolin Records, pra dar oportunidade para os moleques de lá. Eu quis colocar o time por lá porque gostava de jogar, inclusive, um primo do Gabriel Jesus joga com a gente, o uniforme é parecido com o Boca Juniors, mas com elementos da quebrada", concluiu.
Confira outros trechos da entrevista:
UOL Esporte: Qual foi o jogador de futebol que entrou em contato contigo e mais te impressionou?
MC Hariel: Com certeza foi o Neymar. Querendo ou não, ele é um moleque que a nossa geração se inspirou muito. Todo moleque que viu o Neymar crescer no Santos queria jogar igual ele, ou ter o cabelo igual o dele. Até ele sendo um pouco mais velho, é alguém que se aproxima muito de nós. Eu disse para ele que o jeito dele parece muito com todos nós. A gente erra e acerta igual ele, é muito ser humano. Ele fala o que pensa, e isso aproxima a gente.
UOL Esporte: Você tem algum sonho relacionado ao futebol?
MC Hariel: Eu estava pensando esses dias em escrever uma música e toda a torcida do Corinthians fazer uma paródia dela e cantar no estádio, como fizeram com o som do Tim Maia. Imagina que loucura, todas as organizadas do Corinthians cantando sua música, eu ficaria louco, zeraria o jogo.
UOL Esporte: Você acha que o futebol e a música caminham lado a lado na periferia por ser o sonho de muita gente?
MC Hariel: O futebol e a música caminham lado a lado por serem duas coisas que a gente não precisa de muita coisa para virar, qualquer recurso já é alguma coisa. Quem é da favela sabe que tem que viver com pouco, uma bola, uma rima, uma história de superação pode ser sua válvula de escape... A gente sabe da dificuldade pra quem vem da favela que é virar um doutor, um professor ou um advogado. É diferente de quem vem de baixo pra quem tem condições de pagar uma faculdade.
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