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São Paulo prometeu economia e investe alto; veja plano para fechar contas

Elenco do São Paulo terá que sofrer modificações em 2021 para que o clube feche as contas no azul - Divulgação/São Paulo FC
Elenco do São Paulo terá que sofrer modificações em 2021 para que o clube feche as contas no azul Imagem: Divulgação/São Paulo FC

Thiago Fernandes

Do UOL, em São Paulo

19/03/2021 04h00

A gestão do presidente Julio Casares adotou um discurso de austeridade financeira ao assumir o comando do São Paulo, em dezembro passado. Três meses após a eleição, o clube investe pesado em contratações e busca atletas renomados no mercado da bola, como o zagueiro Miranda e o atacante Éder. Entretanto, de acordo com a atual administração, as ações são tratadas com responsabilidade.

O departamento de futebol tenta o que é chamado internamente de uma "equação orçamentária". Portanto, em que pese a chegada de atletas com alto salário, outros nomes deixaram e deixarão o Morumbi, dando a chance para o clube ter saldo positivo ou no mínimo equiparar o que era gasto anteriormente. Um exemplo é a saída de Juanfran. O valor pago mensalmente ao lateral direito — cerca de R$ 1 milhão — é o equivalente ao que receberão Miranda e Éder, atletas que terão os maiores salários dentre os reforços contratados.

Na prática, o clube viu um aumento de 4% do planejado para 2021 no início do trabalho. A diretoria, contudo, já esperava que os primeiros meses exigissem um aumento dos custos por ser um período de mudanças no futebol e pelo fato de que parte dos salários de 2020 será paga a partir de agora, conforme acordo feito pelo presidente anterior (Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco) com os atletas durante a paralisação das competições devido à pandemia da covid-19. Com a já esperada elevação dos gastos, pretende compensar este fato com uma redução maior ao fim da temporada, no período fora do mercado da bola.

Em dificuldade financeira, a cúpula aproveita o valor arrecadado com a venda de Brenner — US$ 15 milhões (cerca de R$ 81,6 milhões à época) — para honrar os compromissos.

Miranda foi um dos reforços do São Paulo no mercado da bola - Divulgação/SPFC - Divulgação/SPFC
Miranda foi um dos reforços do São Paulo no mercado da bola
Imagem: Divulgação/SPFC

Mesmo com os problemas econômicos e a necessidade de manter as contas em dia, a maioria dos reforços para a temporada — o lateral Orejuela, o zagueiro Miranda, os meio-campistas William e Martín Benítez e os atacantes Bruno Rodrigues e Éder — já chegou ao CT da Barra Funda.

Em contrapartida, nem todos os atletas que estão fora dos planos deixaram o elenco comandado por Hernán Crespo, casos de Santiago Tréllez, Gonzalo Carneiro, Jean e Everton Felipe. Juntos, eles são responsáveis por um gasto anual de R$ 11,6 milhões, entre salários na CLT (Consolidações das Leis Trabalhistas) e direitos de imagem. A diretoria planeja saídas que podem aliviar as contas em mais de R$ 25 milhões por ano, conforme publicado recentemente pelo UOL Esporte.

A queda nos valores gastos, inclusive, faz parte de um pedido do presidente Julio Casares no início de seu mandato. Há um planejamento para que cada setor do clube diminua as despesas em até 10%. A solicitação inclui o departamento de futebol, liderado por Carlos Belmonte Sobrinho. O diretor da área, com isso, terá que cortar custos e diminuir a folha salarial de R$ 15 milhões mensais, valor gasto pela gestão passada, para algo perto de R$ 13,5 milhões por mês.

Em meio à tentativa de sanear as finanças e com uma dívida estimada de R$ 575 milhões, o clube tenta colocar em prática o que foi prometido durante e até após a campanha eleitoral de Casares. Com um discurso de que seguirá à risca a proposta orçamentária elaborada para 2021, o clube teve que frear as despesas ao pagar taxa de transferência por atletas — são previstos gastos de R$ 25 milhões neste quesito após a contratação da comissão técnica de Hernán Crespo, avaliada em R$ 1 milhão por mês.

A maior aquisição na janela de transferências foi a de Orejuela — contratado por 2 milhões de euros (R$ 13,25 milhões na cotação atual). O valor, contudo, será dividido em duas parcelas idênticas, sendo a primeira quitada em 2021 e a segunda apenas no próximo ano. Portanto, o valor declarado como gasto em 2021 será de 1 milhão de euros (R$ 6,63 milhões na cotação atual).

O zagueiro Miranda, o meio-campista William e o centroavante Éder chegaram de forma gratuita ao clube, sendo que o segundo nem sequer teve intermediário nas tratativas. A eliminação de um agente para conduzir as conversas entre São Paulo e estafe do atleta evitaram que o clube pagasse um valor considerável de comissão — o montante costuma variar entre 5% e 10% do total do contrato.

Martín Benítez e Bruno Rodrigues chegaram ao São Paulo por empréstimo. O argentino custará cerca de R$ 1 milhão aos cofres do clube. O valor também será parcelado para evitar que tudo esteja inserido no orçamento de 2021. Já o atacante que pertence ao Tombense-MG custou R$ 200 mil aos paulistas. Ambos terão os direitos fixados ao fim do contrato. Caberá ao departamento de futebol decidir pela manutenção da dupla.

Paulinho Boia é um dos jogadores formados em Cotia no elenco do São Paulo em 2021 - Divulgação/São Paulo - Divulgação/São Paulo
Paulinho Boia é um dos jogadores formados em Cotia no elenco do São Paulo em 2021
Imagem: Divulgação/São Paulo

As divisões de base também foram tratadas como prioridade no discurso do presidente Julio Casares após a sua cerimônia de posse. Ele informou que apostaria nas promessas formadas em Cotia para assumir o protagonismo do clube. A ideia é que estes jovens componham o time principal em vez de acertar contratações de atletas considerados reservas para o plantel.

Hoje, o elenco comandado por Crespo conta com 13 jogadores revelados no Tricolor paulista: são os goleiros Lucas Perri e Thiago Couto, os zagueiros Diego Costa, Rodrigo e Walce, o lateral esquerdo Wellington, os volantes Luan, Liziero e Rodrigo Nestor, os meias Igor Gomes e Gabriel Sara, os atacantes Galeano e Paulinho Boia.

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