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Ex-Inter quase estreou em Gre-Nal, e construiu carreira fora do país

Zagueiro Igor Rossi em ação pelo Al-Faisaly, da Arábia Saudita - Divulgação/Al-Faisaly
Zagueiro Igor Rossi em ação pelo Al-Faisaly, da Arábia Saudita Imagem: Divulgação/Al-Faisaly

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

20/03/2021 04h00

Igor Rossi não é um nome ou tem um rosto muito conhecido entre os torcedores do Internacional. Mas tudo poderia ser diferente. O zagueiro de 32 anos era elogiado e começava a receber oportunidades do técnico Mário Sérgio em 2009. Ele poderia ter estreado no clássico Gre-Nal do Brasileirão, mas foi impedido por uma torção no tornozelo. Depois de recuperado, acabou jogando pouco pelo Colorado, mas isso não o impediu de construir carreira fora do Brasil. Atualmente, ele defende o Al-Faisaly Harmah, da Arábia Saudita.

"Quando eu subi para o profissional foi meio que inesperado, eu fui completar um coletivo no time profissional, na época era o Mário Sérgio treinador [2009], acabei indo bem no coletivo e, quando fui jantar, meu telefone tocou. Era meu treinador na época, o Osmar Loss, me ligando e dizendo que o Mario Sérgio tinha gostado do meu treino. Era para eu me apresentar no dia seguinte na equipe profissional que eu já iria concentrar para o jogo do Campeonato Brasileiro, na época era contra o Athletico Paranaense. Foi tudo muito rápido, acabei indo para os jogos no banco e, na semana do Gre-Nal, eu tive um torção de tornozelo grave que me deixou fora por quase dois meses", contou em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"E nessa semana o auxiliar do Mário Sérgio me chamou para conversar e disse que ele estava pensando em me utilizar no Gre-Nal. Foi muito frustrante saber que minha estreia poderia acontecer em um clássico e eu acabei me lesionando. Depois, quando voltei a treinar, já estava na reta final do Campeonato Brasileiro, foi quando o Inter foi vice-campeão [o Flamengo ficou com título à época]. Daí, eu desci para ajudar o Inter B, que na época estava disputando as finais da Copa RS, e fomos campeões", completou.

Foram apenas três jogos no time principal depois disso, todos no ano seguinte, quando Igor esteve na equipe reserva comandada por Enderson Moreira, que iniciou o Gauchão. Logo em seguida, foi emprestado ao Náutico e depois partiu para o Marítimo, de Portugal, começando longa carreira fora do Brasil. Além do clube lusitano, esteve no Hearts (Escócia) e agora defende o Al-Faisaly, da Arábia Saudita, há cinco temporadas.

"Em Portugal foram cinco anos, foi um período muito bom onde eu pude aprender sobre futebol europeu, obediência tática e intensidade, jogar contra grandes jogadores e poder disputar um fase de grupos da Liga Europa. Na Escócia, foi onde eu pude encontrar um grande momento dentro das quatro linhas, fui para um clube de muita torcida, os escoceses são muito fanáticos e minha adaptação foi muito rápida em um futebol muito físico. Fiz uma temporada excelente atuando de lateral esquerdo e zagueiro. Estive na seleção do campeonato, fui eleito o melhor jogador da temporada no meu time. Uma temporada que eu lembro com muito carinho", recordou.

Totalmente adaptado ao país asiático, Igor terá pela frente a semifinal da Copa do Rei Saudita. Sua equipe, que é treinada pelo brasileiro Péricles Chamusca, bateu o Al-Baten por 2 a 1 e garantiu vaga para encarar o Al-Nassr. O confronto está marcado para 4 de abril.

"Já estou há cinco temporadas aqui na Arábia Saudita, estou sim totalmente adaptado, é uma país que eu gosto e minha família se adaptou muito bem que é muito importante você saber que sua família está feliz", contou. "Conseguimos chegar pela terceira vez na semifinal da Copa do Rei na história do clube, e eu fico feliz em poder ter contribuído nas três. E agora temos um adversário difícil, o Al-Nassr, mas temos condições de chegar a final com certeza, nós sabemos o que precisamos fazer para poder ganhar do Nassr", acrescentou.

Lembranças do Inter e retorno ao Brasil

Igor mostra maturidade ao avaliar o que aconteceu no Colorado. Não foi apenas o infortúnio quando estava prestes a ser utilizado que reduziu suas chances na equipe, mas uma concorrência dura com atletas mais experientes à época, além de Juan Jesus, que hoje defende a Roma.

"A disputa no Inter foi sempre muito acirrada com muitos bons zagueiros. Na época, eu e Juan [Jesus] disputávamos posição no elenco profissional que já contava com o Índio, Bolívar, Danny Moraes, Fabiano Eller, Sorondo... O Juan era destaque na seleção de base com muitas convocações e um pouco mais novo que eu. Quando o [treinador Jorge] Fossati assumiu, resolveu dar mais oportunidades para o Juan. Como eu tinha acabado de iniciar o Gauchão jogando, queria dar continuidade, então fui para o Náutico jogar o Estadual", disse.

"Guardo apenas boas lembranças do Inter. Foi onde cheguei para fazer teste com contrato de três meses, conquistei títulos e joguei profissionalmente. Tive um crescimento muito grande, além de fazer grandes amizades", elogiou.

Voltar ao Brasil é um sonho, mas ainda distante. Segundo Igor, o projeto é seguir no futebol da Arábia Saudita mais alguns anos, antes de buscar a chance de disputar uma Série A do Brasileiro.

"Eu tenho planos, só que mais para frente. Tenho ainda mais uma temporada e meia de contrato aqui, estou feliz e sou reconhecido pelo meu trabalho. Ainda quero permanecer nesse mercado árabe por mais alguns anos. Tenho, sim, o sonho de poder voltar ao Brasil para jogar uma Série A, perto dos meus familiares e amigos. Seria uma coisa muito importante para mim, já que eu estou fora do Brasil jogando há mais de dez anos", finalizou.

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