Palmeiras vai atrás de Ademir para resolver carência detectada por Abel
Ademir, do América-MG, entrou na mira do Palmeiras para preencher uma lacuna detectada pelo técnico Abel Ferreira no elenco. Embora tenha velocistas no ataque, não há no grupo um ponta canhoto, como o jogador do time mineiro, que vive momento complicado após se recusar a jogar na Copa do Brasil.
Autor de oito gols e três assistências na última Série B do Brasileirão, Ademir atua majoritariamente pelo lado direito do ataque. Breno Lopes, Wesley, Gabriel Veron e Willian, atacantes de beirada do elenco, são destros.
A diretoria vê uma boa opção de negócio, mas ainda avalia uma investida. O Athletico-PR é outro interessado no atleta de 26 anos, que fez gol inclusive contra o Palmeiras, no duelo da semifinal da última Copa do Brasil, no Allianz Parque.
O interesse em Ademir, portanto, não tem relação com a desistência por Santos Borré, já que os atletas têm funções diferentes. O Verdão tenta encontrar opções no mercado da bola para reforçar o elenco de Abel Ferreira sem prejudicar as finanças, diante do temor de mais um ano complicado pelos efeitos da pandemia do novo coronavírus.
Jogador explica por que não atuou
Alencar da Silveira Júnior, presidente do América-MG, chegou a chamar Ademir de "moleque", depois de o atacante se recusar a atuar na partida contra o Treze-PB, pela Copa do Brasil. O jogador se justificou nas redes, mas há um desgaste na relação com o clube — seu contrato é válido até dezembro.
Pessoas envolvidas no imbróglio argumentam que a decisão de não jogar poderia ter relação com o fato de o regulamento da Copa do Brasil impedir um atleta de atuar por duas diferentes equipes. Isto o inviabilizaria de defender Palmeiras ou Athletico-PR, caso uma negociação acontecesse.
O atacante, por sua vez, disse na, quarta-feira (17), que foi avisado pela diretoria de que o América-MG tinha aceitado uma oferta para negociá-lo. Segundo ele, o discurso mudou no dia seguinte, e a direção o informou de que não havia uma proposta e ele teria de atuar.
Veja o texto publicado por Ademir:
"Gostaria de tornar público a minha versão dos fatos acontecidos no dia de ontem, antes da partida contra o Treze-PB. Em respeito ao América FC e sua torcida, que sempre me apoiou nestes quase três anos vestindo essa camisa, seja em momentos difíceis, de muita luta e trabalho, ou de muita alegria também. Antes de qualquer coisa, quero expressar minha gratidão ao clube que me proporcionou realizar grandes sonhos e me concedeu oportunidades, mas, naturalmente, o torcedor me atacou sem escutar o outro lado da história.
Na quarta-feira à tarde fui informado, pelo clube, pouco antes do treino, que não iria entrar em campo no dia seguinte, pois o América teria aceitado uma proposta e iria me negociar. A partir desse momento, fui colocado para treinar no time reserva e automaticamente já não mais me preparei para o jogo no dia seguinte.
Ontem [quinta], por volta das 11 horas, fui informado também por pessoas do clube, de que não havia proposta e que eu teria que jogar. Entendo o lado do clube, mas e o meu lado?
Se teve alguma mudança relacionada a liberar ou não, poderia ter sido avisado no mesmo dia que fui informado que não iria jogar, automaticamente iria me recompor de toda a situação, buscaria entender o porquê da mudança e me prepararia para a partida. Mas com poucas horas de antecedência isso me foi passado, não achei viável e honesto da minha parte entrar em campo sem ter me preparado, principalmente psicologicamente, pois senti que não iria render o que eu posso render, por toda a situação que foi criada e poderia prejudicar a equipe ao invés de ajudar.
Honestamente, estou sendo rotulado de ingrato, de desonesto, de mercenário, e de muitas outras coisas. Entendo que quando se escuta somente uma parte da história, as emoções vêm à flor da pele.
Peço, novamente, desculpas a todos, à instituição América Futebol Clube, sua torcida apaixonada que é, que sempre me apoiou, mas espero que entendam toda a situação.
O que a torcida até agora não sabe e é um exemplo do meu compromisso com o clube, foi a renovação de contrato que fiz no final do ano 2020, faltando dois meses para o término. Poderia muito bem ter saído de graça e prejudicado a instituição, mas fiz o que muitos não fariam. Tive várias propostas bem melhores, financeiramente falando, para sair, mas preferi que o clube tivesse um retorno pelo fato de terem apostado em mim durante esses anos e renovei.
Não irei comentar os ataques pessoais sofridos nas declarações, primeiro por entender que este assunto deveria ter sido tratado internamente e também venho de uma família humilde, porém educada e de modo algum irei me rebaixar ao mesmo teor das falas proferidas.
Fui o mais honesto possível, para não prejudicar o América FC, mas o clube não está sendo honesto como deveria. Sei muito bem da grandeza deste clube e reconheço que nenhum atleta, funcionário ou dirigente é maior do que a instituição.
Estou à disposição da comissão técnica para ajudar a equipe como sempre fiz.
Ademir
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