Agente cobra R$ 800 mil do Atlético-MG por venda de Marcos Rocha em 2019
O pacote milionário da dívida que o Atlético-MG tem com o empresário André Cury teve mais um capítulo revelado na semana passada. No dia 16 de março, passou a correr na 30ª Vara Cível de Belo Horizonte mais uma ação de cobrança de um dos agentes mais influentes do futebol brasileiro contra o Galo. O processo diz respeito à venda do lateral direito Marcos Rocha ao Palmeiras, sacramentada em 2019. Cury deseja receber R$ 800 mil por comissão pela intermediação do negócio.
O UOL Esporte teve acesso a mais essa ação, que tem anexado contrato feito da seguinte forma entre as partes: se até o dia 5 de janeiro de 2019 fosse efetivada a transferência definitiva de Marcos Rocha do Atlético-MG para o Palmeiras, o Galo deveria pagar a André Cury 10% do valor líquido da transação, já deduzindo as contribuições às entidades desportivas ligadas aos atletas e até valores do mecanismo de solidariedade da Fifa.
A defesa de Cury alega na ação, com apresentação de documentos, que no dia 2 de janeiro de 2019 houve a transferência definitiva dos direitos econômicos de Marcos Rocha do Galo ao Palmeiras e que o valor dessa transação foi de "R$ 8 milhões e quatro centavos livres de retenções".
O contrato celebrado entre Atlético-MG e o Palmeiras previu 12 pagamentos por parte dos paulistas ao Galo no valor de R$ 666.666,67, parcelas que passaram a vencer a partir de fevereiro de 2019.
"Considerando a forma de pagamento estipulada, tem-se que o réu por certo já recebeu a integralidade dos valores negociados. (...) A autora notificou o réu no dia 08/03/2021 solicitando informações sobre o recebimento dos valores acordados com o Palmeiras, tendo em vista se tratar de condição para o recebimento dos valores por parte da autora. Ocorre que o réu se silenciou, operando desta forma a confissão em relação ao recebimento dos valores pactuados com o Palmeiras, o que de plano acarreta na inadimplência em relação aos valores devidos à autora", diz parte da ação de Cury contra o Atlético-MG.
"Portanto, não resta alternativa senão a propositura da presente lide para resguardar o direito da autora em receber o valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais)", cobra.
Os advogados de André Cury pleiteiam que a justiça defina, imediatamente, que o Atlético-MG disponibilize os R$ 800 mil sob pena de multa estipulada pelo próprio juízo. E que o clube seja o responsável pelo pagamento de "honorários de sucumbência, custas e despesas processuais arbitrados em 20% do valor do proveito econômico obtido".
O UOL também teve acesso ao contrato firmado entre Atlético-MG e André Cury quando da ida de Marcos Rocha por empréstimo ao Palmeiras. O acordo previa que, caso o time paulista não adquirisse o lateral, o Galo ainda assim deveria pagar R$ 300 mil pelo agente ter participado da negociação.
Como houve a negociação entre Atlético-MG e Palmeiras, essa cláusula não precisou ser cumprida, sendo suprimida pela que deu origem ao processo citado nesta matéria.
Por política do clube, o Atlético-MG não comenta ações em andamento.
Outras ações
Além desse processo que envolve o lateral Marcos Rocha, há cobranças também pelas transferências do zagueiro Erazo, dos laterais Mansur, Douglas Santos, Emerson e Guilherme Arana, dos meias Maicosuel, Vina e Otero e dos atacantes Lucas Pratto e Luan.Alguns destes jogadores passaram pelo clube há alguns anos e, somados, renderam cerca de R$ 240 milhões em vendas feitas pelo empresário com anuência do Alvinegro.
Dentre as ações que correm na Justiça de Minas Gerais, a que envolve o lateral esquerdo Mansur é a de mais alto valor. André Cury cobra do Atlético-MG pelos serviços de agenciamento e comissionamento na negociação do jogador a quantia de R$ 3,1 milhões.
O processo que envolve o atacante Luan é de R$ 240 mil. A transferência do zagueiro equatoriano Erazo também está na Justiça, e o agente quer receber R$ 417.201,40. Assim como o processo que envolve Otero, estipulado em R$ 1,4 milhão.
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