Parada no Mineiro preocupa Atlético-MG por maratona, mas Cruzeiro 'respira'

Os rivais Atlético-MG e Cruzeiro vivem situações bem distintas em 2021, tanto no aspecto desportivo — o Galo está na Série A do Brasileirão e a Raposa segue na Série B —, quanto no quesito financeiro. Do lado alvinegro, empresários têm bancado o clube com aportes milionários que já ultrapassaram a casa de R$ 300 milhões. Já no time celeste há dificuldades maiores para honrar compromissos básicos, como salários, por exemplo. Isso, mesmo com colaboração de parceiros, consideravelmente mais baixo do que o rival.

As diferenças não param por aí, uma vez que na tabela de classificação do Campeonato Mineiro o Galo é líder e a Raposa não figura nem no G-4.

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Além de todos esses detalhes mencionados, o Atlético-MG terá uma temporada bem mais recheada de jogos com partidas do Estadual, Copa Libertadores, Copa do Brasil e Brasileiro. O arquirrival tem apenas as competições nacionais no seu calendário, além do Mineiro. Por isso, e pela condição atual dos clubes, a parada obrigatória e forçada a partir de ontem (22) — por determinação governamental até 31 de março — será sentida de forma diferente por cada um.

Atlético-MG

O pensamento no Atlético-MG, pelo viés do técnico Cuca, que assumiu o comando do time pela segunda vez ao ser apresentado na última semana, é que a parada pode ser prejudicial em detrimento do calendário internacional pelos jogos da Copa Libertadores. Como aconteceu em 2021 com as equipes da Argentina.

"Ano passado, nossos hermanos [equipes da Argentina] começaram a Libertadores sem ter jogos locais e tiveram a dificuldade que todos viram. Daqui um mês tem jogo pela Libertadores. Se tiver que parar, que seja o mínimo possível. Precisa de uma conscientização total, que a gente não sofra tanto. A gente não fala só do futebol, fala da vida do ser humano", pontuou Cuca.

O treinador mostra tal preocupação pelo momento de alta dos números da Covid-19 em todo o país, e sentiu na pele os impactos da doença, já que foi internado no ano passado. Mais do que isso, passa atualmente por problemas familiares, pois a sua mãe, Nilde Stival, de quase 80 anos, está internada se tratando do coronavírus.

"É muito difícil para mim, como pessoa, que tem a mãe na UTI, num respirador, intubada. Tem de medir tudo. Futebol é mais seguro. Mas se estão fazendo isso é por necessidade", disse o treinador.

Mesmo com a paralisação do calendário de jogos em Minas Gerais, o Galo manterá sua programação de treinos. Como o jogo contra a Caldense que aconteceria amanhã (24) só será realizado em 1° de abril, Cuca terá a semana livre para treinar o time.

Após reestrear à frente da equipe, na vitória por 3 a 0 sobre o Coimbra, o treinador teve sua primeira experiência com os atletas no gramado e em uma partida oficial. O Atlético-MG é o líder isolado do Mineiro com 100% de aproveitamento — 15 pontos em cinco jogos —, com 15 gols anotados e apenas dois sofridos. Os times que aparecem na sequência com mais gols têm três vezes menos bolas na rede do que o Galo.

Segundo a assessoria de imprensa do clube, o preparador físico Cristiano Nunes concederá hoje (23) pela manhã entrevista coletiva para esclarecer detalhes sobre o planejamento do trabalho do elenco atleticano sem a realização de jogos nos próximos dias.

Cruzeiro

Pelo lado do Cruzeiro, a parada é vista como benéfica pelo técnico Felipe Conceição. Com muitos problemas para resolver, já que a equipe ainda não conseguiu se encontrar na temporada e ocupa apenas o quinto lugar (sete pontos) no Campeonato Mineiro.

"Sobre a parada, será benéfica para nós. Tivemos uma pequena pré-temporada, e mais esse tempo será importante pra gente acertar o trabalho, dar sequência nele, fortalecer algumas questões que precisam enraizar ainda dentro da equipe. Vamos aproveitar bem esse período para crescer e trabalhar bem essas questões", frisou logo após a derrota no clássico para o América-MG, no último domingo (21).

Mesmo dizendo que a parada será importante para a Raposa, o treinador ficou em cima do muro quando perguntado se era a favor ou contra a paralisação do calendário por causa do aumento exponencial dos números da Covid-19 no Estado. Conceição jogou a responsabilidade no colo das autoridades.

"Isso não me cabe, é [problema e decisão] das autoridades, Eu só aproveito esse momento para fazer a pré-temporada, que para nós foi muito curta. É um tempo que é benéfico para nós, e vamos aproveitá-lo da melhor maneira possível", garantiu.

O treinador não esconde que usará o tempo que terá sem jogos para tentar garantir que os atletas assimilem melhor o seu esquema de jogo. Por que de acordo com o comandante, só mesmo o próprio tempo para fazer os atletas conseguirem entender a proposta do trabalho.

"O tempo certo depende do processo diário, do empenho dos atletas, das lições que temos nas partidas para que possamos crescer mais a cada dia. E isso estamos buscando, seja com comentários, pós-jogo, com vídeos, treinamentos. Tem situações que estamos ajustando, melhorando. Tudo tem uma evolução, se entrarmos na área técnica, tem sim evoluções. Infelizmente, nos resultados nem tanto", comentou.