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Interior de SP vive colapso nas UTIs, enquanto FPF doa respiradores ao RJ

UTI destinada a pacientes com covid-19 no hospital Emílio Ribas, em São Paulo - Reinaldo Canato/UOL
UTI destinada a pacientes com covid-19 no hospital Emílio Ribas, em São Paulo Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Arthur Sandes, Gabriel Carneiro e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

24/03/2021 04h00

Quatro das 13 cidades que têm times na elite do futebol paulista registraram em seus últimos boletins informativos sobre a covid-19 que têm 100% dos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) ocupados. Isso acontece no mesmo momento em que a Federação Paulista de Futebol (FPF) fez doação de dez respiradores e monitores para a criação de novos leitos na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

O município do Estado vizinho de São Paulo aceitou receber as partidas entre Corinthians e Mirassol, ontem à noite, e São Bento x Palmeiras, hoje (24), no estádio Raulino de Oliveira, após negociações com a FPF. A Prefeitura de Volta Redonda usou o termo "contrapartida" em comunicado, enquanto a entidade paulista alega que foi feito um pedido, não uma imposição.

Em São Paulo, as cidades de Bragança Paulista, Campinas, Limeira e Novo Horizonte informam 100% de ocupação de UTIs na rede pública e lista de espera de pacientes para atendimento. O total do Estado de acordo com último boletim do Governo é de 92,3% de ocupação em UTI e 82,3% em enfermarias, o que significa que o sistema de saúde já entrou em colapso.

A situação das outras nove cidades com times na elite do Paulistão não é muito mais confortável e mostra índices de ocupação das UTIs como 98,6% (Sorocaba), 95,8% (Ribeirão Preto) ou 94% (São Caetano do Sul). O menor número é 82% de lotação na cidade de Santos — veja tabela abaixo com as últimas taxas disponibilizadas. Mirassol não possui leitos de UTI, utiliza o Hospital de Base de São José do Rio Preto, que é regional.

Doria - Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo - Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo
Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo enviou ontem (23) proposta ao governador João Doria (PSDB) de estender a fase emergencial por mais 15 dias
Imagem: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

A FPF não fez doações de respiradores e monitores para cidades paulistas e, segundo fontes internas do UOL, também não recebeu pedidos. A reportagem fez contato com departamentos de comunicação das Prefeituras de algumas das 13 cidades e o texto será atualizado tão logo enviem posicionamentos. A primeira reação de parte delas foi de surpresa ou desconhecimento sobre a notícia.

O UOL também questionou a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo de São Paulo sobre sua posição a respeito do fato de uma entidade esportiva paulista ter prestado auxílio a um município de outro Estado que recebe sua competição sem ter oferecido a mesma ajuda para cidades paulistas que recebem seus jogos.

"Os critérios do Governo de São Paulo para avaliar a suspensão de atividades são estritamente técnicos, sem nenhum tipo de exigência de doações para o Poder Público. O Centro de Contingência, formado por 20 especialistas, vem se amparando há mais de um ano em dados científicos para a tomada das decisões anunciadas para todo o estado. O Plano São Paulo é respaldado por análises e pareceres do Centro de Contingência para permitir, de forma consciente e gradual, a retomada das atividades econômicas dos setores. O Governo de SP reitera o seu compromisso de proteger a vida dos seus cidadãos e tomará todas as medidas cabíveis dentro do escopo do Plano São Paulo para cumprir a sua missão", disse.

A procura por jogos no Rio de Janeiro deve-se ao decreto que colocou em vigor entre os dias 15 e 31 a fase emergencial do Plano São Paulo, com regras rígidas de restrição com o objetivo de conter a pandemia de covid-19. Partidas de futebol foram proibidas no Estado, daí a busca da FPF por outros locais.

Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda - Arquivo/Secom Volta Redonda - Arquivo/Secom Volta Redonda
Estádio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, é a "casa" do futebol paulista por dois dias
Imagem: Arquivo/Secom Volta Redonda

Veja taxas de ocupação de leitos de UTI na rede pública de cidades com times na elite do futebol paulista, segundo os últimos dados divulgados pelas Prefeituras:

Araraquara - 89%
Bragança Paulista - 100%
Campinas - 100%
Itu - 87,5%
Limeira - 100%
Mirassol - não tem leitos
Novo Horizonte - 100%
Ribeirão Preto - 95,8%
Santos - 82%
Santo André - 90%
São Caetano do Sul - 94%
São Paulo - 88%
Sorocaba - 98,6%