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Alexandre Mattos: O Palmeiras não era a primeira opção de mercado, hoje é

Do UOL, em São Paulo

25/03/2021 15h53

Executivo de futebol que conquistou títulos mas também ficou marcado pela quantidade de contratações em seus trabalhos em clubes como Cruzeiro, Palmeiras e Atlético-MG, além do América-MG, Alexandre Mattos explica em entrevista a Mauro Cezar Pereira, no programa Dividida, do UOL Esporte, a sua função, as estratégias utilizadas em negociações, se defende das críticas pela fama de gastar muito e ressalta a mudança do patamar palmeirense desde a sua passagem em relação ao mercado da bola.

Mattos explica que muitas vezes fez contratações pensando no futuro do clube, citando as críticas que recebeu pelos negócios de Zé Rafael e Raphael Veiga, que foram importantes na campanha na qual o Palmeiras conquistou a Libertadores e cita como legado o fato de hoje o Palmeiras ser a primeira opção de mercado para os jogadores, o que não ocorria quando chegou ao clube, ao final de 2014.

"No Palmeiras, várias vezes eu citei em entrevistas e algumas vezes não fui compreendido, que as pessoas queriam o momento, não estavam preocupados com o futuro, quando eu vou e contrato o Zé Rafael e o Veiga, que hoje foram titulares do Palmeiras na Libertadores. Por quê? Porque via o potencial e ao mesmo tempo eu sabia que se precisasse sair vender, recuperar o dinheiro, era uma coisa iminente, porque um tem passaporte europeu, o outro tem um perfil da Europa", diz Mattos.

"É o que você precisa fazer, mas você precisa ser a primeira opção, é isso o que o Palmeiras hoje é e não era, o Palmeiras hoje precisava ser e é a primeira opção de mercado, você precisa ter o leque na mão e baseado na questão técnica, autorizado pelo financeiro, autorizado pelo presidente, fazer acontecer", completa.

Aposta em Weverton e proposta milionária por Richarlisson

O dirigente conta ainda que chegou a oferecer 12 milhões de euros ao Fluminense pela contratação do atacante Richarlisson, hoje no Everton, da Inglaterra, e justifica o pagamento feito pelo goleiro Weverton quando o clube poderia ter esperado para contratá-lo sem custos, outra reclamação feita por parte de torcedores na época.

"Weverton veio para o Palmeiras e um dia depois eu apresentei para o Maurício Galiotte uma proposta de 1,5 milhão de euros do time do Marcelo Grohe. As pessoas não compreenderam por que pagou R$ 2 milhões. Pagou porque ele ia para o time do Marcelo Grohe, o Al Ittihad não queria o Marcelo Grohe, queria o Weverton, e isso, mesmo depois de ele vir para o Palmeiras, eu apresentei 'Mauricio, você quer fazer dinheiro aqui? Está aqui 1,5 milhão de euros'. Então é assim, você tem que entender", diz Mattos.

"Eu lembro uma situação emblemática, eu cheguei a oferecer 12 milhões de euros para o Fluminense pelo Richarlisson, 12 milhões de euros, autorizado pelo presidente, autorizado pelos patrocinadores, e o Fluminense não quis vender para o Brasil. Mas por que aquilo? Porque eu já tinha um documento do Chelsea dizendo que esse jogador eles iriam comprar pelo dobro do preço, acabou que nem foi para o Chelsea, o Fluminense vendeu para outro, o Watford, se não em engano", completa.

Mattos diz que jamais estourou orçamento dos clubes nos quais trabalhou para fazer as contratações e que no Palmeiras sempre contou com o respaldo dentro do clube para concretizar negociações. Ele ainda cita um gol evitado pelo zagueiro Emerson Santos, outro contratado em sua gestão e que rendeu reclamações por parte dos palmeirenses na época.

"Muitas vezes você contrata, não há a necessidade, mas o clube tem o orçamento, o clube tem um planejamento financeiro, o clube é autorizado pelo presidente, é avaliado pela questão técnica, e você traz preparando ele para um, dois, três anos no futuro, e isso foi feito com o Veiga, isso foi feito com o Zé Rafael e tantos outros que a gente pode citar aqui, eu vi o Emerson Santos tirando a bola em cima da linha contra o River, se aquela bola entra, o River poderia passar. O Emerson Santos, que foi feito assim também e vai virar receita agora", afirma.

O dirigente destaca o legado que deixou no Palmeiras com títulos, profissionais que foram contratados em sua gestão e a diferença do clube hoje em comparação ao momento de sua chegada.

"O maior orgulho que eu tenho são os títulos, o resgate do Palmeiras, do orgulho do torcedor, mas de deixar um legado, que eu sabia que era absolutamente com potencial de manter a metodologia implementada desde 2015, de elenco, de base e de profissionais. Você tem lá o Cícero, que eu tenho orgulho de ter levado para o Palmeiras, você tem o João Paulo, que eu tenho orgulho de ter levado para o Palmeiras, você tem a área de saúde do Palmeiras, que estava com uma dificuldade enorme, (...) era importante que acontecesse isso e estou muito feliz mesmo com tudo o que vem acontecendo", conclui.

Mattos também fala sobre as contratações que deram errado, a importância da contratação de Dudu para o Palmeiras e o fracasso em outra negociação que levou a uma mudança na postura no mercado, a contratação de Mano Menezes no clube em 2019, além da montagem do Cruzeiro campeão brasileiro em 2013 e 2014, a passagem pelo Atlético-MG, o trabalho com Jorge Sampaoli e os motivos de sua saída.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.