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Sem atuar desde 2019, Maicosuel aguarda nova chance: "não me aposentei"

Maicosuel está sem clube desde que defendeu o Paraná, em 2020 - Gabriel Machado/AGIF
Maicosuel está sem clube desde que defendeu o Paraná, em 2020 Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Alexandre Araújo e Bernardo Gentile

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

26/03/2021 04h00

"Eu não me aposentei". Longe dos gramados desde junho de 2019, quando deixou o Paraná Clube, o meia Maicosuel aguarda uma nova oportunidade. Aos 34 anos, ele treina por conta própria, indica que ainda não pensa em pendurar as chuteiras e coloca à mesa a possibilidade de assinar um contrato por produtividade, caso apareça "alguma coisa que agrade".

Em conversa com o UOL Esporte, o jogador diz que já não acompanha mais futebol como antes e aponta que pensa em voltar a atuar "não pelo dinheiro, por fama", mas com o intuito de ajudar. Ele lamentou o rebaixamento do Botafogo, lembrou a passagem pelo Atlético-MG e afirmou ser grato a todos os clubes que defendeu.

"Estou treinando [em São Paulo, onde está morando], esperando acontecer alguma coisa, mas estou bem na minha. Estou jogando bola no final de semana com meus amigos, tendo uma vida normal. Estou treinando sozinho na academia. Corro na esteira e faço os 'treinozinhos' que fazia nos clubes", disse.

Maicosuel começou no Paraná e tem no currículo clubes como Cruzeiro, Palmeiras, Botafogo, Hoffenheim (ALE), Udinese (ITA), Atlético-MG, Al Sharjah (Emirados Árabes Unidos), São Paulo e Grêmio.

Maicosuel, meia-atacante do Atlético-MG - Bruno Cantini / Atlético-MG / Divulgação - Bruno Cantini / Atlético-MG / Divulgação
Imagem: Bruno Cantini / Atlético-MG / Divulgação

Desde a saída do Galo, em 2017, porém, conviveu com lesões e não conseguiu se firmar. A última partida disputada foi em fevereiro de 2019, quando, pelo Paraná, entrou no decorrer do duelo com o Londrina, pelo Campeonato Paranaense.

"Eu não me aposentei, mas também não estou procurando clube. Estou esperando aparecer alguma coisa. Estou tranquilo, se aparecer alguma coisa que agrade, vamos lá. O principal objetivo é poder ajudar o clube que vier a me contratar. Não quero estar lá só por dinheiro ou algo do tipo."

Apesar da vasta experiência, o jogador sabe que hoje, no mercado da bola, tem um status de "aposta".

"Não vou ajudar o clube tirando dinheiro e sem dar algo em troca. Sempre deixo isso claro, porque muita gente maldosa diz que só joguei por dinheiro. Eu carrego isso comigo, de querer ajudar, escrever nome na história do clube. Eu acho isso muito bonito e que preservo. Quero ajudar em campo, com minha experiência. Eu sei que hoje sou uma aposta e entendo perfeitamente a necessidade de um contrato de produtividade", apontou o meia, que completou:

"[Dinheiro] Não é o principal. Dinheiro todo mundo quer, é óbvio. Vou sair do meu Estado para um outro, tenho gasolina para pagar, escola das minhas filhas. Mas quero ir para ajudar, não pelo dinheiro. O clube vai me ajudar abrindo as portas e eu tenho que retribuir dentro de campo."

Maicosuel fez questão de demonstrar carinho pelas camisas que já vestiu ao longo da carreira, mas não esconde o sorriso ao lembrar do Botafogo e do Atlético-MG.

"Seria ingratidão falar de um clube só. Além do Botafogo, gostei bastante do que vivi no Atlético-MG. Ganhamos vários títulos, lá. O grupo era muito bom e era muito gostoso participar de tudo aquilo."

Maicosuel, pelo Botafogo, em 2012 - Fernando Soutello/AGIF - Fernando Soutello/AGIF
Maicosuel, pelo Botafogo, em 2012
Imagem: Fernando Soutello/AGIF

Sobre o Glorioso, inclusive, disse que é triste o time estar na Série B do Brasileiro e torce para que possa voltar à elite o mais rapidamente possível. Ele tem duas passagens por General Severiano, em 2009 e entre 2010 e 2012, períodos em que se destacou e caiu nas graças da torcida, ganhando o apelido de Magocruel.

"Eu acompanhei, sim [a campanha do rebaixamento]. Tenho amigos que jogam lá, Luiz Otávio é um deles. Falei com ele esses dias. Até brinquei com o Flavinho, fisioterapeuta que tratou da minha lesão em 2010. É triste porque o lugar de um grande clube como o Botafogo é na Série A do Brasileiro. Se caiu é porque fez por merecer, mas espero que volte tudo ao normal. É um clube que gosto muito e pelo qual tenho muito respeito."

Veja outros trechos da entrevista:

UOL Esporte: A pandemia atrapalhou um possível retorno aos gramados?

Maicosuel: Impactou não só no futebol, mas na vida de todo mundo, em todos os aspectos, em todos os sentidos, em todos os trabalhos. Essa pandemia atrasou o lado de muita gente. É complicado treinar sozinho, né? No clube você tem seus companheiros te incentivando, aí vai para uma academia normal, onde as pessoas não fazem o mesmo treino que você... Enfim, é complicado, difícil. É como se tivesse vivendo uma vida de sedentário, não de atleta. Isso incomoda, quero retomar minha rotina de trabalho.

UOL Esporte: Já pensou no que fazer após a aposentadoria? Pretende permanecer no futebol?

Maicosuel: Ainda não parei para pensar, mas não acho que vá querer fazer parte do futebol após encerrar. Treinador eu tenho certeza que não. Dirigente também não. Se puder ajudar indiretamente algum clube, sem querer nada em retorno. Vou querer é minha vida pacata e sossegada mesmo.

UOL Esporte: Ficou alguma mágoa?

Maicosuel: Não tenho mágoa de nenhum clube, sou muito grato a todos que abriram as portas para mim. Algumas pessoas? Talvez. Passei minha vida toda jogando futebol e sei que é um mundo escroto, depois que você conhece algumas coisas. Quando tem muita coisa envolvida, dinheiro, é ruim. Eu preferia não ter sabido de algumas coisas que aconteceram. As pessoas vão te amar e te odiar pelo mesmo motivo. Tem gente que não gosta de você e faz de tudo para te prejudicar, mas pelas costas. Isso é muito ruim. Não sou dono da verdade, mas tive portas fechadas em clubes por bater de frente com algumas dessas pessoas.

UOL Esporte: Você falou sobre o Botafogo...

Maicosuel: Sempre deixei bem claro que o Botafogo é um clube que amo. Sempre deixei bem claro isso pelo status que o clube me deu. Óbvio que é um lugar que quero estar, não tem a menor dúvida. Se eu puder ajudar, eu vou querer estar. Não só pelo dinheiro, por fama, por sucesso. Eu quero ajudar. Tenho saudades de jogar bola, da resenha com os amigos no vestiário. Botafogo é um clube que certamente eu voltaria, sem a menor dúvida.

UOL Esporte: O quanto sua família foi importante neste período?

Maicosuel: Minha família é meu pilar desde sempre. Fico mais preocupado com meus pais nesse período de pandemia, mas eles são tudo que tenho na minha vida, é algo que preservo muito, quero estar sempre junto. Voltei para minha cidade [Cosmópolis] para estar junto das pessoas que gosto, amigos.