Paulista recebe por engano R$ 750 mil que iriam para ex-atleta do Santos
Poucos meses após retornar dos EUA para o Brasil para cuidar da avó, de 90 anos, o gerente Cleber Moraes Cunha Junior, de 36 anos, se deparou com uma situação inusitada: R$ 750 mil foram depositados em sua conta, na semana passada, relativos a um processo trabalhista envolvendo o Santos e um ex-jogador - um processo do qual ele nunca fez parte. Este ex-jogador, que não foi identificado, teria de receber o valor, e houve um erro de digitação que gerou a confusão.
"Tomei um susto na quarta-feira (24). Estava relaxando em casa, tomando um vinho, fazia tempo que não checava a conta e precisei fazer um pix. Foi quando eu vi o depósito de R$ 750 mil no meu nome, na minha conta. Eu tenho alguns investimentos, mas não nessa conta em específico. Essa eu usava para pagar as despesas do dia a dia. Então eu na hora soube que esse dinheiro não me pertencia", contou o paulista da cidade de Santos, ao UOL.
Sem entender o que havia acontecido, sua primeira ideia foi contatar a agência bancária. Ele estava preocupado com a origem do depósito e chegou a pensar que ele poderia estar conectado a um processo de lavagem de dinheiro ou outro tipo de ilegalidade.
Cleber então telefonou na mesma hora para o Banco do Brasil para obter informações sobre a conta, que está em seu nome há pelo menos 25 anos. Mas nem o gerente foi capaz de ajudá-lo naquele momento. Outros funcionários também não souberam explicar o que havia acontecido.
Após insistir, ele descobriu que o dinheiro era referente a um processo trabalhista envolvendo o Santos Futebol Clube e um ex-jogador, que não teve sua identidade divulgada e que atuou no clube de 2005 a 2010. "De início, tentei contato com ele, mas não tive sucesso. Só consegui falar com a advogada dele, após achar o documento do processo na internet".
Foi descoberto então que os números das contas do ex-gerente e do ex-jogador eram quase idênticos, com apenas um dígito diferente. Outra semelhança é que a os dois nasceram quase no mesmo dia, mês e ano. Cleber nasceu em 24 de julho de 1984 e o ex-jogador do Santos em 25 de julho do mesmo ano.
Cleber conseguiu contato com a advogada do ex-atleta, com quem se comprometeu a devolver o valor. No entanto, ele estava preocupado em ter que arcar com algum tipo de taxa bancária, multa ou custa processual.
Mas, antes mesmo que tivesse que tomar alguma providência, Cleber foi informado pelo gerente do banco que o Fórum havia identificado o erro e estornado o valor na conta do ex-jogador.
Segundo o Santos, o erro do depósito não foi do clube, uma vez que, por conta do processo judicial, a movimentação seria feita diretamente entre a Justiça e a conta do ex-jogador santista.
Avô como inspiração
Cleber possui dupla cidadania e viveu parte de sua vida no Brasil, parte nos EUA. Seu último trabalho no país norte-americano foi como gerente da rede de restaurantes Dexter's, em Orlando, na Flórida.
Com a pandemia do novo coronavírus, quatro das cinco unidades do restaurante foram fechadas. Ao mesmo tempo, soube que a avó, Alair, de 90 anos, estava precisando de cuidados. Ele então aguardou o término das eleições presidenciais nos EUA e retornou para o Brasil.
Ele diz se inspira na honestidade do avô, Haroldo Cunha, que era promotor de Justiça. Ele conta que ficou surpreso com a repercussão do caso envolvendo o dinheiro e ainda mais confuso e curioso ao saber que as pessoas no Brasil, ao saberem da história, ficavam surpresas com a sua atitude.
"Pense que essa pessoa pode estar precisando muito desse dinheiro. Além disso, ele trabalhou para consegui-lo, é um direito exclusivo dessa pessoa. Fico feliz que tudo tenha acabado bem", concluiu.
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