Atlético-MG estuda venda de sedes e shopping para quitar dívida bilionária
O Atlético-MG prevê para o próximo mês a divulgação do balanço patrimonial referente ao ano de 2020, documento, segundo apurou o UOL Esporte, produzido pela Mattoso & Mendes, empresa de auditoria independente. Os auditores terceirizados registraram as movimentações financeiras do Galo no ano passado apontando dívida global superior a R$ 1 bilhão. Por causa do enorme déficit, há uma ala no clube que pretende propor a venda de imóveis para diminuir o rombo.
O valor da dívida se tornará público em breve, mas que já é extremamente comentado em todo o Brasil. Apesar dessa pendência estratosférica que ultrapassa os dez dígitos, o montante é visto nos bastidores como "pagável".
"Tudo será tratado no Galo Business Day. Temos que modernizar o estatuto, temos que amarrar o clube para não repetir os erros. O Atlético-MG será exemplo", garantiu o empresário Rubens Menin, mecenas e credor que já investiu algo em torno de R$ 300 milhões no Alvinegro, em entrevista ao site Fala Galo.
Citado por Menin, o "Galo Business Day" será um evento onde a atual diretoria do Atlético-MG apresentará plano estratégico para os próximos anos e esse planejamento contemplará a amortização de boa parte da dívida urgente do clube, atualmente na casa dos R$ 600 milhões. Por isso, mesmo com toda polêmica e por precisar no futuro do crivo do Conselho Deliberativo em Assembleia Geral, há uma ala dentro do Atlético-MG que vai propor a venda de imóveis importantes para diminuir o montante bilionário dessa dívida.
Venda de shopping e sede
Segundo apurou o UOL, alguns dirigentes e até ex-dirigentes entendem que "passou da hora" de o Atlético-MG vender os 49,9% que ainda detém do Diamond Mall, shopping center do grupo Multiplan, e que está localizado ao lado da sede administrativa atleticana, no bairro de Lourdes, região nobre de Belo Horizonte.
Uma das fontes chegou a cogitar que o coração administrativo fosse mudado para as dependências da Arena MRV, futuro estádio do Galo, e que deve ser inaugurado em 2022.
Essa nova casa do Atlético-MG está sendo construída com parte do dinheiro da venda de 50,1% das ações do shopping, aprovada em 2017 no Conselho Administrativo do clube, e consolidada no ano passado. Tal negócio gerou aos cofres atleticanos quase R$ 400 milhões entre o valor real da venda (R$ 300 milhões) e atualizações por juros e correções bancárias.
É certo que o Diamond Mall gera lucros para o Galo, mas tais valores — pouco mais de R$ 8 milhões — não ficam nem próximos ao que o clube paga hoje só de juros pelas dívidas urgentes. Por ano, aproximadamente, de acordo com informações obtidas pela reportagem do UOL, são quase R$ 70 milhões pagos aos bancos por empréstimos e negociatas.
"Eu gosto muito de conta, números, parte de financeira me atrai. O Atlético gasta um valor cinco, seis vezes maior com juros em relação ao que ele recebe de dividendos do Diamond. É uma coisa que incomoda. Vender patrimônio nunca gostei. Estamos esperando fechar os resultados do ano passado, vamos fazer esse planejamento nosso, estratégico. E aí, sim, iremos ver se precisa propor isso ao Conselho. Mas precisamos de estar com os números fechados para falar com propriedade", analisou o presidente Sérgio Coelho, em entrevista à Rádio Itatiaia, na última semana.
"Teremos alternativas e essas contas ruins dos juros deverão parar de existir" disse ainda Menin.
Outras alternativas
Alguns conselheiros mais liberais do Atlético-MG acreditam também que outros imóveis de propriedade do Galo poderiam ser aproveitados de outra forma para gerar ainda mais dinheiro, como a Vila Olímpica, onde já existe um projeto para construção de um mini shopping, com preservação da área de clube.
Sobre a preocupação dos atleticanos quanto ao valor alto da dívida, Rubens Menin também comentou sobre o assunto. O empresário diz que o Atlético-MG "incomoda" e ainda alfinetou o rival Cruzeiro, que também vive situação difícil com dívidas superiores a R$ 1 bilhão.
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