Ramírez chama goleiro, solta zagueiros e revoluciona saída de bola do Inter
Dentre todas as mudanças que Miguel Ángel Ramírez promove no Internacional, a principal delas está na saída de bola. Com aproximação do goleiro, liberdade para os zagueiros e uma participação fundamental do volante, a primeira construção passa por uma revolução que a reportagem do UOL Esporte explicará para você.
"Estamos revolucionando", disse o treinador em entrevista coletiva recente. "São situações que demandam tempo, porque os jogadores não estavam acostumados, estão aprendendo", disse logo em seus primeiros jogos.
E a série de alterações contempla deslocamentos com e sem a bola, participações, e traz exigências diferentes do que acontecia anteriormente no Beira-Rio.
Goleiros precisam participar
Um dos primeiros detalhes impostos por Ramírez na saída de bola é a participação efetiva dos goleiros. Não basta apenas ser alternativa ou preferir o toque ao invés do chutão, é saber onde se posicionar para formar um trio com outros dois jogadores que possa facilitar o passe.
Os goleiros devem encontrar um espaço no qual tenham condições de receber a bola ou atrair um adversário para liberar outro jogador na saída. Para isso, participam de treinamentos normais da semana e até aquecimento com os jogadores de linha antes dos jogos.
Uma vez que seja necessário receber a bola, o goleiro deve se comportar como um jogador de linha, livre para fazer seus movimentos, trazendo ao setor a "superioridade numérica" que embasa o modelo do "jogo de posição" preconizado por Ramírez. O chutão é apenas a última alternativa para evitar que a posse seja perdida.
Com o goleiro como opção atrás dos zagueiros, o volante alinha com os laterais mais à frente. Sendo assim, na maioria das vezes o Inter terá mais atletas para receber do que o adversário para marcar, sob pena de ficar desguarnecido atrás.
Zagueiros livres para avançar
O goleiro é opção de passe, mas os zagueiros são fundamentais. Não apenas para receber e dar sequência às jogadas, mas livres para avançar. Uma vez que o time comece a jogada, os defensores são livres para progredir com a bola ou tabelando, chegando, muitas vezes, até a intermediária ofensiva.
Por isso, jogadores como Zé Gabriel, Cuesta e Lucas Ribeiro tendem a ganhar sequência, pois possuem bom passe, noção de espaço e velocidade de progressão. Tal situação já tem sido implantada e gerou até mesmo citação de um rival durante o jogo. Juliano, do Caxias, no duelo entre os times, disse na saída de campo, após o primeiro tempo, que o avanço dos zagueiros do Inter prejudicava o encaixe defensivo de sua equipe, que acabou derrotada por 2 a 0.
Ao contrário do que ocorria com Eduardo Coudet, que também solicitava participação dos zagueiros, mas para procurar a bola longa aos laterais, em diagonal, desta vez os defensores são incentivados a procurar o jogo curto, com deslocamentos e corridas em posse.
Peça-chave: o volante
Neste cenário todo, a peça-chave do início das jogadas do Inter é o volante. O meio-campista que joga centralizado precisa entender todo processo. É ele que irá interpretar a participação do goleiro na "saída de três", quando não precisará recuar para auxiliar os zagueiros, ou quando o camisa 1 não participa e será dele a responsabilidade de voltar.
Além disso, é o volante que terá que interpretar quais jogadores devem participar da jogada e onde o time encontrará a superioridade numérica que facilitará a construção. Reiterando que a vantagem em quantidade de jogadores é base para o modelo de jogo de Ramírez.
Por isso, Dourado, Lindoso e Johnny (disponíveis hoje no elenco do Inter) são tão importantes. Deles é que parte a criação de espaços e o direcionamento para o caminho mais simples de chegar ao ataque.
Neste sentido, Ramírez havia solicitado a chegada de alternativas mais habituadas ao modelo proposto. Mas o entendimento dos disponíveis tem sido positivo até agora e tal ideia está, de pronto, afastada.
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